Em algum lugar de Azeroth...
O lugar escuro e úmido era perfeito para seus experimentos. Havia dado início à sua vingança anos atrás e escolhera aquele lugar à dedo. Nunca seria encontrado, ao menos era isso o que pensava nos seus muitos momentos de devaneio. Nenhum ser vivo em Azeroth se atrevia a andar por aquele lugar e os muitos rumores de que ali era um local mal assombrado foram disseminados por ele mesmo. Tudo foi arquitetado com muito cuidado para não deixar rastros e ele conseguiu despistar até mesmo os dragões mais inteligentes de seu mundo. Sentia-se poderoso e invencível.
Ele acreditava que depois de lançar a maldição em Arviny teria seu espírito acalmado, saciado, mas não foi bem isso o que aconteceu. Queria fazê-la sofrer muito mais e por causa dessa sede desenfreada de vingança, intensificou ainda mais seus estudos, trocando a magia elemental pela demoníaca. Assinando um contrato com um demônio, entregou sua alma em troca de poder e conhecimento. Os anos escondido na caverna, serviram para estudar a arte da demonologia e colocar em prática todos os ensinamentos de seu mentor.
O sadismo do ex-mago atingiu níveis inimagináveis. A escuridão na sala é uma aliada para os olhos mais sensíveis não enxergarem os horrores que acontecem ali e a única fonte de luz do local vem da enorme runa no meio do laboratório. Um círculo azul neon pulsante, desenhado bem no meio da sala, provoca arrepios em todos que adentram ao local. Os desenhos redondos, traçados e pontilhados que se interligam e se sobrepõem dentro dela, formam a runa mágica que exala poder demoníaco e uma sensação de terror assombra todas as "cobaias" do sádico.
O odor fétido e nauseabundo dentro daquele laboratório é tão intenso que até mesmo ratos (e todos os animais que vivem no submundo) não suportam permanecer por muito tempo ali. Nos quatro cantos da sala, encostado às paredes frias e molhadas, cinco jaulas de ferro decoram o ambiente e as criaturas que definham dentro delas, arrematam o cenário macabro. O sádico tem um gosto muito peculiar... suas cobaias são na grande maioria crianças. "Vocês são do tamanho daquela maldita e é por isso que as escolhi com muito carinho.", ele repete essa frase todos os dias, antes de dar início às sessões de tortura.
Crianças de todas as raças já passaram por ali no decorrer dos anos, mas no momento, apenas humanos e draeneis compõem o quadro infantil e a única adulta é uma gnomida. Os cinco estão muito magros e debilitados, sendo alimentados apenas com sangue de demônio e as próprias fezes, além de presos dentro de uma jaula, foram acorrentados à parede pelos pulsos e pescoço, restringindo os movimentos. A runa no meio da sala drena vitalidade e intensifica o sofrimento dos pequenos, que não tem forças sequer para levantar a cabeça ou impedir as muitas mordidas dos ratos por seus corpinhos. Sujos, feridos, torturados diariamente... Gemidos e choro ecoam por toda a caverna. É uma verdadeira cacofonia de terror.
O sádico tenta prolongar o máximo que pode a vida de suas cinco cobaias, mas a maioria não tem forças para resistir mais que quatro meses de torturas diárias. A cada ciclo ele precisa "renovar o estoque" e para isso, conta com alguns seguidores que fazem o trabalho sujo, enquanto ele fica com a "doce incubência" de matar de forma dolorosa aqueles que perderam a "validade". Como consequência dessas mortes traumáticas, o lugar ficou repleto de espíritos vingativos que assombram o ambiente e obedecem cegamente ao seu mestre, afugentando qualquer desavisado que se atreva a pisar ali. Inocentes são aqueles que acreditam que a tortura acabaria após suas mortes...
Sentado na pequena cadeira de frente à sua escrivaninha, no canto direito da sala escura, o bruxo observa uma orbe verde muito atentamente. Ao lado de sua escrivaninha tem uma jaula especial. Essa jaula é reservada para as cobaias gnomidas sequestradas por ele próprio e todas são batizadas de Arviny. As "Arvinys" recebem tratamento "especial" e o Sádico aplica métodos diferentes nelas para prolongar suas vidas o máximo que conseguir e assim, evitar se expor muitas vezes em caçadas. Além de ser difícil encontrar gnomidas que se pareçam fisicamente com a original, ele precisa ficar escondido e todas as vezes que sai para capturar sua presa, é um risco grande de ser encontrado.
A obsessão pela maga é tão grande que as paredes da caverna ganharam desenhos da gnomida. Desenhos que retratam vários tipos de mortes dolorosas que ele deseja dar a ela; palavras depreciativas e expressões de ódio foram escritas também, ao lado das imagens.
Na parede onde a escrivaninha foi posicionada, uma prateleira exibe diversos troféus macabros e bem no centro dela, o Frasco das Areias ganha destaque. Olhar para o frasco o faz sorrir, recordando os doces momentos em que manteve naquela mesma jaula ao seu lado, Arviny, a criatura que mais odeia nessa vida. Naquele tempo ele ainda era tão amador...
- Ora ora... O que temos aqui, pequena Arviny13? - Fala com a cobaia 13 sem tirar os olhos da orbe verde que brilha intensamente deixando uma aura assustadora naquele rosto marcado, coberto por uma grande barba azul. - A elfinha foi se divertir com o detestável dragão no Oásis de Vir'naal? Acho que ela está muito feliz, não é mesmo?
Estendendo o braço em direção à gnomida presa, atira um raio roxo com a mão. O raio liga-se ao pescoço da pequena e fechando um pouco os dedos, faz a gnomida se debater sufocada, estrangulando-a com sua magia horrenda. Ele gargalha e quando percebeu que a vítima desfalecia, desfez a ligação, concentrando-se novamente na orbe.
- Acho que chegou a hora de fazer algo para tirar esse sorrisinho convencido do rosto dessa maldita. Se ela pensa que irá se safar assim tão fácil do que fez comigo, está muito enganada.
Coçando a longa barba, apoiou o cotovelo na mesa pensativo. Usando de magia, fez a orbe flutuar em sua frente, deixando-a na altura de seus olhos para não perder um movimento de Trinahh. A arquimaga não tem a menor ideia de que no momento que foi capturada e torturada por seu agressor, ele lançou uma magia em sua mente que não só a fez perder a memória daqueles momentos dolorosos, como permite que ele a vigie e veja tudo o que acontece com ela através da orbe. A orbe é parecida com uma bola de cristal que fornece uma imagem bem nítida de Trinahh e tudo ao seu redor em um raio de cinco metros. A única coisa que ele não consegue com isso é ouvir os sons.
O Sádico sabe que a magia lançada oito anos atrás tem enfraquecido diariamente e também sabe (por dedução) que Trinahh tem trabalhado incansavelmente para quebrar a maldição. Ele precisa fazer algo para atrapalhar os planos dela o mais rápido possível e é nisso que vem pensando nos últimos dias. Sem tirar os olhos da bola, nota a mudança de atitude da arquimaga e seus sentidos entram em alerta. Alguma coisa importante aconteceu. Chegou o momento de agir e colocar mais um de seus planos em prática. Olhando novamente para a gnomida semi-morta ao seu lado, ele sorri diabolicamente. Seu sorriso mudo transforma-se numa gargalhada enlouquecida que ecoa por toda a caverna assustando os pequenos morcegos que voam atordoados para fora, em busca de refúgio.
- Vamos ver por quanto tempo ela vai sustentar esse sorrisinho cretino na cara. Chegou o momento de ressurgir dos mortos e fazer uma visitinha para um velho amigo lá em Dun Morogh. E vocês minhas preciosas cobaias, alegrem-se! Ficarei uns dias longe, tempo suficiente para sentirem saudades de mim. - Gargalhadas sinistras ecoaram pelo salão. - Mas não fiquem tristinhos assim. Preparei uma surpresinha para vocês.
O bruxo andou pela sala e parou bem no centro da runa. De olhos fechados e com as mãos espalmadas uma na outra, recita uma magia antiga, numa linguagem desconhecida de todos. Cada palavra dita tem um peso enorme e assustador que faz o azul neon brilhar intensamente, quase cegando os prisioneiros. O dialeto demoníaco proferido pelo demonologista ativa a runa, criando enormes tentáculos que envolvem cada uma das jaulas. Esses tentáculos pulsam no mesmo ritmo das batidas de um coração saudável e a ponta dele perfura o crânio das cobaias e se acopla aos seus cérebros. A dor é insuportável e uma cacofonia de gritos pode ser ouvida há quilômetros de distância.
- Pronto minhas crianças, assim vocês serão alimentados e poderei continuar minhas pesquisas mesmo à distância. Deixarei um diabrete monitorando vocês. Agora com licença que tenho um amigo para visitar.
O bruxo colocou dentro de sua mochila a orbe, alguns pergaminhos e poucas roupas. Dando ordens para que seu diabrete nutrisse e torturasse moderadamente suas cobaias, se teletransportou para Altaforja. Todos terão uma grande surpresa.
---------------------------------------------------------
Oi gente! E aí, o que será que esse louco vai aprontar?
Deixe seus comentários e não esquece de votar.
Beijokas
YOU ARE READING
A Maldição do Sádico
FanficHistória criada dentro do universo do game World of Warcraft. Arviny Fogogélido é uma gnomida muito inteligente e alegre, que se orgulha de sua raça e de fazer parte da Aliança. Ao lado de seus amigos, estampando no peito o emblema da guilda Pereg...