Era raro acordar e não sentir vontade de tomar whisky, mas naquela manhã eu decidi que queria um café forte, que te preparam para mais um dia deplorável e que faz você se sentir mais viva do que um pássaro em bando.
- Estou muito feliz que a senhora finalmente vai tomar meu café! – disse Rose.
- Não poderia morrer sem sentir o gosto. – respondi.
- Você saiu à noite?
- Sim, fiz barulho?
- Um pouco, acordei assustada, pois é como se eu fosse à guardiã dessa casa.
- Pois saiba que faz seu papel muito bem. – tomei mais um gole da xícara, sentindo o café permear meu ser.
Sinu adentrou a cozinha e sorriu copiosamente ao nos ver na mesa, conversando e se deliciando nessa manhã.
- Parece que a mocinha acordou de bom humor. – Sinu disse.
- Digamos que um pouco mais feliz do que a minha vida inteira. – respondi.
- Não seja má consigo mesma, até os mais pobres de espirito merecem um pouco de felicidade.
- Assim você me ofende.
Nós rimos, em momentos como esse eu esquecia que para ela eu não existia mais e quase enxergava possuir uma família, porém isso sempre se dissipava assim que ela falava meu nome.
- Sofi, estou muito feliz que esteja aqui.
- Também estou mãe. – respondi engolindo seco.
- Sei que sua vida é difícil, mas gostaria muito que você voltasse mais vezes.
- Virei assim que puder, obrigada pela conversa de ontem e por tudo.
- Eu que te agradeço minha filha, por iluminar a vida dessa pobre velha.
Assenti e assim que terminei o café me despedi delas. Não via a hora de estar em casa e ficar em segurança protegida pelas paredes gélidas da mesma. Visitar a minha mãe era de fato agradável, porém abria todas as feridas que não queriam de nenhuma forma cicatrizar. Por isso eu precisava de um bom banho e me rodear por todos aqueles produtos inúteis que compramos por ser da polishop.
Mas as ruas de Nova York naquele dia estavam diferentes, porque eu comecei a reparar nas lojas, nas árvores e até nos cachorros desabrigados. Meus olhos de águia sempre buscavam alguma vítima que andasse de salto alto, mas hoje não. Hoje eu gostei de olhar a paisagem tal como ela é e adentrar aquelas ruas que respiravam consumismo e pessoas desesperadas, como a Times Square.
Resolvi dar uma rápida parada no Walmart para comprar besteiras, como chocolates e salgadinhos, pois sabia que nesse dia de domingo não iria sair. Como sempre muitos clientes e poucos caixas, não culpava os donos, era realmente difícil trabalhar naquele local, na verdade é difícil trabalhar em qualquer local, se trabalho fosse bom ele não derivaria do latim tripalium que significa tortura.
Para a minha falta de sorte acabei avistando a única pessoa que eu menos queria ver no mundo, depois da minha mãe, Normani Jane. O pior é que ela percebeu minha presença e veio em minha direção.
- Oi Camila. – Normani me cumprimentou.
- Camila? Quem? – tentei fazer uma brincadeira ao olhar para trás.
Seu olhar ficou mais rígido e sua expressão que antes era delicada, transformou-se em uma seriedade que quase defequei em minhas próprias vestes.
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Control (COMPLETA)
FanfictionCamila Cabello é apaixonada por poemas e tragédias, até que sua história resolve virar uma grande peça de Shakespeare. Se o amor costuma intoxicar e ao mesmo tempo causar ardor, pode Camila ser considerada culpada de sua síndrome e obsessão? O álcoo...