Orange is the New Black não é tão legal assim quando você está a um passo de vivenciá-lo. Imaginar que existam presas gostosas e apetitosas na prisão deveria ser considerado uma heresia. Com certeza não iria sobrar picadinho de mim e tudo que eu menos queria era estar com indivíduos que podem usufruir da minha miséria.
Passado o efeito da droga meu coração batia de uma forma intensa e dolorosa, e os pensamentos que antes foram atingidos para que parassem, agora me bombardeiam com perguntas inquestionáveis e tudo que eu consigo fazer é ficar no chão fétido gelado encostada esperando pelo pior.
- Na próxima vez Srta. Cabello... Tenha um pouco mais de juízo. – disse o policial ao abrir a cela.
- Vou tentar. – respondi secamente.
Ao encontrar Dinah na sala me esperando senti um misto de alegria e inquietação, pois sabia que a nossa última conversa não tinha sido das melhores.
- Vamos embora Chancho.
Dei de ombros e acenei com a cabeça. Não foi tão ruim quanto pensei.
***
Dinah assobiava uma música estranha, mas que ao mesmo tempo dava tranquilidade, pois quebrava o silêncio. O que eu precisava naquele momento era colocar minhas ideias em ordem, por mais desequilibradas que elas fossem.
- Vamos tomar um sorvete? – Dinah questionou.
- Claro. – assenti com a cabeça.
Me senti uma criança no jardim um, doce é o alimento mais importante da vida, ele pode não tirar sua fome, mas te traz momentos alegres imensuráveis, chocolate deveria sim ser considerado a sétima maravilha do mundo.
- Chanco... – disse Dinah enquanto sentávamos com nossos sorvetes. – Nós precisamos conversar.
- Você sabe que eu não gosto da sua seriedade, ela não combina com você.
- Quero começar pedindo desculpas pelo nosso último encontro, eu não me expressei bem o que acabou gerando toda a confusão.
- Está desculpada, agora podemos falar de como sorvete é bom para um caralho? – sorri desconfortavelmente.
- Eu quero que você saiba que apesar de tudo que aconteceu você é minha melhor amiga e pode contar comigo para tudo.
- Realmente eu não sabia disso. – meus olhos encheram de lágrimas.
- Você se faz de forte, porque te conheço muito bem, mas sei que não é bem assim. No fundo existe uma garota que precisa ser salva e que teve tragédias fortes que aconteceram.
- São todas bobagens, eu já superei.
- Você precisa encarar a verdade e parar de se culpar por isso. Poderia ter acontecido com qualquer um de nós.
- Você sabe que não. – respondi ríspida.
- Isso tudo é por causa da Lauren?
- Ela não significa mais nada para mim.
Comemos o sorvete enquanto o clima continuava tenso, podia sentir a sua mastigação dilacerando meu ouvido e engolia secamente cada pedaço do meu doce, que insistia em estar amargo.
- Não é difícil se encantar por uma mulher como a Lauren.
- Por que temos que conversar sobre ela?
- Eu entendo o porquê ela conseguiu ter você nas mãos.
- Não seja boba, ninguém me tem nas mãos, quem dirá uma cantora de bar barato.
- É exatamente por isso, ela é livre nas convicções dela, não se desdobra para você, o pouco para ela é muito, e Lauren é uma pessoa leal Camila. O que faz com que a ame mais e que ao mesmo tempo seja sua destruição.
- Não consigo entender, ela poderia ter tudo comigo, conseguiríamos uma gravadora fácil, nunca faltaria nada, mas por que Lauren insiste em ficar com aquela mulherzinha?
- Lauren não é interesseira Chanco, ela tem seus princípios e seus valores, não acredito que deva desistir dela, mas você vai precisar muito mais do que dinheiro e de bens materiais.
- Uma mulher com valores é uma mulher sem nada. Ela vai morrer na miséria e tudo que vai me restar é aplaudir.
- A escolha ainda é dela.
- Pois não deveria, se ela me desse a chance eu a faria muito mais feliz em um piscar de olhos, assim perceberia o quanto está sendo burra.
Dinah gargalhou enquanto balançava a cabeça, apenas terminou de comer o seu sorvete enquanto eu me lambuzava no meu, tinha que admitir aquilo me trazia diversão e quase me fazia esquecer a heroína.
- Quando você coloca algo na sua cabeça não tem quem tire. – Dinah disse.
- Ainda bem que sabe, assim podemos parar de tentar por um momento e apenas relaxar enquanto podemos.
- Você não existe Camila Cabello.
- E você e a Normani... – parei um pouco para suspirar. – Como estão?
- Estamos bem. – Dinah olhou firme para mim. – Passamos por momentos muito ruins, você sabe, mas relacionamentos são assim, se você quer que dê certo é importante ser paciente e relevar alguns erros.
- Vocês se amam e isso é maravilhoso, não consigo imaginar uma vida onde Norminah não exista.
- Juntou nossos nomes que isso? – Dinah começou a rir. – Irei torcer para Camren também.
- O shipp do milênio.
- Imagino se tantas outras pessoas torcessem, o quão sofrido seria.
Meu celular começou a tocar no mesmo instante e vi que era Rose, o que me trouxe preocupação.
- Oi Rose, minha mãe está bem?
- Não... – ela estava chorando. – Acabaram de levá-la para o hospital e o estado dela é grave.
Nada poderia ser pior.
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Control (COMPLETA)
FanfictionCamila Cabello é apaixonada por poemas e tragédias, até que sua história resolve virar uma grande peça de Shakespeare. Se o amor costuma intoxicar e ao mesmo tempo causar ardor, pode Camila ser considerada culpada de sua síndrome e obsessão? O álcoo...