Capítulo 4

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The feelings got lost in my lungs, they're burning, I'd rather be numb and there's no one else to blame so scared I take off and run ♪

Acordei na manhã seguinte com uma perna sobre as minhas, uma mão no meu peito e uma barriga sobre a minha e movimentos nela, as pequenas elevações que existiam ali deixavam o dia de ontem mais real, e deixavam também a minha missão de cuidar deles mais real. Eu coloquei a mão em cima de onde os movimentos estavam mais visíveis e senti outro chute ali e na mesma hora ouvi um ai enquanto a Beatriz se desvencilhava de mim.

-Bom dia Bea. - falei atraindo a atenção dela pra mim.

-O despertador não tocou, ainda não é dia. O que você ainda ta fazendo aqui? Era pra sair durante a madrugada como sempre fez. - eu tenho certeza que se olhar matasse naquele momento eu era um homem morto.

-Eu disse que iria ficar,eu disse que ia cuidar de vocês. - falei com toda a calma possível.

-Você não ficou, você não ficou quando ainda não sabia dele e não tem porque ficar agora, pode sair daqui, deixa seu endereço e telefone, quando ele ou ela nascer eu te mando uma mensagem avisando e você pode vir ver como ele é. - ela respirou fundo levantando da cama e colocando uma mão nas costas. - Agora levanta da minha cama, veste uma roupa, sai do meu quarto, sai da minha casa, sai da minha cidade, sai da minha vida.

-Não, eu não vou sair, você sim vai sair, vai sair desse quarto, vai tomar um banho, colocar uma roupa limpa, nós dois vamos tomar café e ir pro consultório da minha mãe ver como vocês dois estão e vamos fazer isso agora, porque daqui até lá é uma viagem de 4 horas.

-Eu não vou na consulta. - ela pegou a toalha e pegou uma muda de roupas na mala dela e começou a caminhar em direção a saída do quarto. - Quando eu voltar você não vai estar mais aqui.

Eu levantei da cama com toda a calma de monge budista - que eu não era - , me vesti e comecei a recolher minhas coisas, peguei a mala dela e desci as escadas devagar, com todas as minhas coisas e a mala dela, quando cheguei lá em baixo vi que minha moto não estava mais ali e no lugar dela se encontrava meu jeep e a loja da Beatriz já estava aberta com duas pessoas trabalhando nela, eu guardei nossas malas no porta malas do carro e fui pra loja, entrei e pedi pro cara que estava atendendo preparar um café da manhã reforçado porque eu a Beatriz sairíamos em 20 minutos, ele acatou minhas ordens e começou a fazer o que eu havia pedido, e enquanto ele não terminava eu decidi conversar com a senhora que ficaria responsável pela loja enquanto eu e a Bea não voltássemos, ela devia ter por volta de uns 45 anos e aparentava ser uma senhora bem simpática, ela e o moço que estava fazendo o café tinham sido contratados pelo Otávio a pedido meu, e ele mesmo viria ainda hoje para assinar os contratos deles e cuidar de tudo ali pra mim por uns dias, seria coisa rápida, logo eu voltaria com a Beatriz para a cidade, eu iria ficar com eles até a Bea ter o bebê, até ele desmamar e então eu convenceria ela que o melhor seria eu ficar com meu filho, eu daria a ela o direito de ver o bebê e cada um seguiria a sua vida, era simples, era rápido, era fácil.

Eu estava conversando com a senhora quando o sininho da porta tocou e só então a Beatriz notou pessoas ali dentro, a partir dali tudo aconteceu muito rápido. Acho que a Beatriz se assustou pela movimentação das pessoas na loja dela, só vi quando ela colocou a mão no peito, onde devia estar o coração acelerado dela e no instante seguinte ela já estava caindo ao chão, e eu não tive tempo de chegar até ela pra socorrer, mas eu me levantei correndo e fui pro lado dela, eu me ajoelhei ao seu lado enquanto pedia pra alguém trazer um pano com álcool pra Beatriz cheirar.

-Hey baby, não era pra você assustar assim. - comecei a conversar com uma Bea desmaiada, alguém me entregou um pano com álcool e eu agradeci e coloquei perto do nariz dela - Eu não sou médico, mas minha mãe é, e eu acho que desmaios desse tipo não são bons pro bebê...

-Então você não devia encher minha loja de gente antes das sete da manhã - eu olhei pra ela que estava abrindo os olhos e querendo levantar - Quem são eles?

-Meus novos funcionários, que estão emprestados pra você até a gente voltar de viagem, o Otávio já deixou tudo certo.

-Eu nem sei quem é Otávio. - ela disse passando a mal atrás da cabeça, onde devia ter batido. - Eu não vou viajar com você.

-Uma única vez Beatriz, pelo bebê, só vamos na consulta e voltamos, prometo que te trago de volta o quanto antes.

-Se eu não quiser saber o sexo do bebê antes dele nascer? - ela perguntou.

-Não saberemos.

-Se eu quiser saber? - ela perguntou de novo.

-A gente descobre e você me faz o homem mais feliz de todos. - falei tentando acalmar a fera. - E eu vou querer comprar uma roupinha pra ele ou ela, pelo menos uma.

-Tudo bem, vamos na consulta, você vai me trazer de volta o quanto antes, e vai comprar só uma roupa, é isso ou nada.

-Isso. Você fica aqui tomando café enquanto eu faço uma ligação e já volto, só vou confirmar sua consulta.

Sai pra fora da loja e tentei ligar pra minha mãe, liguei três vezes e em nenhuma delas fui atendido, a única outra pessoa que talvez pudesse me ajudar passou pela minha mente, disquei rápido o telefone do meu irmão e esperei até ele atender.

- O que diabos aconteceu que você não pôde esperar até as dez horas pra me ligar? - ele falou com voz de sono.

-Quero falar com a Carol.

-Antes das dez da manhã, puta merda cara, se eu não achasse que você ta de quatro pela gravidinha acharia que você tá paquerando minha mulher. - ouvi barulhos do outro lado da linha e ele falando pra Carol que era eu no telefone. - Fala logo porque minha mulher tá cansada, esse moleque não dormiu essa noite, e vem logo com a minha cunhada, que quero conhecer ela.

-Vai se foder. - ouvi um oi da Carol do outro lado da linha. - Oi linda, tudo bem?

-Oi Nick, tudo sim e ai? Como ela tá e o bebê?

-Não sei, ela parece magra, mas ela tá linda e quanto ao bebê, ela nunca fez um consulta.

-O Vi falou, vocês estão vindo, certo?

-Sim, eu queria saber uma coisa. - ela não falou nada então entendi que devia continuar. - Ela desmaiou hoje, e a viagem até ai é de umas quatro horas, eu ainda posso ir com ela de carro né?

-Pode sim. Avisem quando chegarem. - Eu ouvi um choro do outro lado. - Preciso ir lá ele acordou de novo. Beijo Nick.

-Beijo meu amor, eu amo vocês, da um beijo no meu gordinho por mim.

-Vai se foder cara. - ouvi meu irmão falando e rindo do outro lado.

-Amo você, demais.

Eu desliguei a ligação sorrindo e virei pra voltar pra loja e vi a morena me encarando com uma cara nada boa, certeza de que tinha ouvido só o fim da ligação e tirado conclusões precipitadas e agora estava me odiando ainda mais, eu precisava consertar aquilo.

-Baby...

-Não quero saber Stone, só vamos logo, vamos voltar logo e depois você volta pro seu amor e pro seu gordinho. - ela virou as costas e voltou pra dentro e eu fui igual um cachorrinho atras.

Ela foi pro carro entrou no banco do passageiro, colocou o cinto e ainda teve a audacia de apertar a buzina pra me apressar e eu como bom servo que sou corri pra entrar no carro e dar partida, e nos primeiros minutos de viagem tive certeza que aquela viagem seria um pedaço do inferno na terra.

Patchwork Knots (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora