Capítulo 8

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Nickolas

Jantar na casa dos meus pais sempre era divertido, excitante, emocionante e acima de tudo isso cansativo. Meu pai era o melhor do mundo, mas era mais curioso do que qualquer um poderia ser. Eu e meu irmão sempre irritávamos falando que ele era a mulher da casa e minha mãe o homem. Meu pai apesar de toda a casca grossa é todo romântico, do tipo que compra flores, ele adora shopping e ele quer saber de tudo, enquanto minha mãe é mais observadora e o total contrario de papai. E é claro que o velho fifi não ia deixar de questionar tudo o que podia e o que não podia a Beatriz, e era exatamente isso o que ele fazia ali na mesa do jantar.

-Beatriz, me conta como vocês se conheceram, me conta a sua história, a história de vocês. - O velho queria saber tudo. 

-Eu não tenho muito o que falar sobre mim, só que eu nasci em uma cidade pequena e litorânea, meus pais morreram eu ainda tinha uns doze anos e não herdei nada, eles não tinham nada, nossa casa era alugada, não tínhamos carro, nada.  O conselho tutelar me levou embora no dia que enterrou eles, e então morei com uma tia solteirona e reclamona que eu tinha, até os 17 anos, e ai ela morreu também, eu peguei minhas coisas e fugi até completar os dezoito, faltavam só dois meses então me virei como pude lavando pratos e me alimentando no restaurante, quando terminei voltei a estudar, eu consegui bolsa do governo e sou formada, em pedagogia. Trabalhava no bar até conhecer seu filho, eu juntava algumas economias pra um dia comprar algo meu, minha casa era alugada. Seu filho me conheceu no bar, ele chegou lá e disse que queria "beber até cair", bom ele bebeu e não caiu, ele foi embora, mas ele sempre voltava,ai a gente foi conversando aos poucos e bom ai o Henrique tá aqui. 

-Isso e nós estamos noivos. - falei olhando pro meu pai que ainda nos questionava com ar de dúvida, um busquei a mão dela e deixei um beijo no dorso. 

-Ta. Seus pais morreram do que? - ele perguntou - Desculpa se estou me intrometendo demais. 

-Não tem problema seu Luis, eles morreram de um acidente de carro, o mecânico deixou uma peça solta, eles estavam indo me buscar na escola depois de pegar o carro na oficina e capotaram antes de chegar na minha escola. Foi isso. - ela disse soltando um suspiro pesado, e eu puxei ela pra mais perto e abracei pelos ombros. 

-Tudo bem filha, não precisa falar mais nada. 

O resto do jantar foi silencioso, só o João quem acordou do seu cochilo e começou a gritar e fazer bagunça na mesa aliviando toda a tensão do ambiente. Quando terminamos de jantar minha mãe nos chamou até a sala onde nos sentamos e ficamos vendo o noticiário enquanto o João brincava aos nossos pés. Beatriz bocejou ao meu lado e encostou a cabeça no meu ombro.

-Cansada? - perguntei e ela acenou que sim. - Vamos embora então? Mãe?

-Oi Nick. - ela falou quando atrai a atenção pra toda pra gente.

-A gente vai embora, a Bea está cansada. - dei um beijo no topo de sua cabeça e notei um sorriso vindo do meu pai.

-Foi muito bom conhecer vocês. - ela disse se levantando com minha ajuda.

-Volta logo. - minha cunhada chamou atenção dela - Tem um monte de coisas sobre o seu noivo que quero te contar.

-Claro, volto sim.

Nos despedimos de todos e fomos pro carro, logo no início da viagem da Beatriz pra minha casa ela dormiu, quando estacionei o carro na garagem da minha casa meu celular vibrou com uma mensagem do Otávio avisando que o relatório sobre a Beatriz estava no meu email, respondi a mensagem agradecendo ele e desci do carro, abri a porta do lado da Beatriz e acordei ela. 

-Onde estamos? - ela perguntou coçando os olhos. 

-Na minha casa, ainda ta chovendo forte, achei melhor não pegar estrada hoje.

-Tudo bem. 

Ela desceu do carro e eu pedi pra me esperar na entrada de casa, eu peguei nossas malas no porta malas e fui até ela. 

-Eu entro primeiro pra desativar o alarme, pode me seguir. - falei pra ela. 

Digito o código no painel e falo no reconhecimento de voz "desativar" e o alarme desliga, chamo a Bea e começo. 

-Meu trabalho exige de mim algumas medidas sérias de segurança, quem pode desativar esse alarme somos só eu, meus pais, meu irmão e minha cunhada. Vou cadastrar sua voz agora e você também vai poder. Estamos num condomínio fechado, já deixei seu nome na portaria, você tá sempre autorizada a entrar,e Beatriz você vai ter uma chave da casa. 

-Não entendo porque tudo isso. - ela falou passando as mãos pela barriga. 

-Por ele, e por você. Enquanto estiverem perto de mim é o melhor. - ela ficou em silêncio e eu interpretei isso como um tudo bem. - A senha do alarme é 97166, você vai falar agora pro alarme desativar e depois digitar a senha, vamos cadastrar você. 

Ela repetiu três vezes pro alarme desativar e depois mais três pra ele poder ativar, digitou a senha e pronto estava tudo certo. Andei com ela pela casa apresentando os cômodos e indiquei a porta do meu quarto pra ela. 

-Esse é meu quarto. Vocês vão dormir ai. Eu tenho quarto de visitas mas ele está desarrumado e sem roupa de cama, então vocês ficam aqui e eu no sofá. - falei entrando e abrindo o closet - Ali em cima tem toalhas e roupões, use, tome um banho, o banheiro é ali. Quer mais alguma coisa? 

-Pode deixar um copo de água na cabeceira da cama? Eu tenho muita sede a noite. - ela pediu e já começou a se justificar. 

-Tudo bem, vou buscar e já trago.

-Stone? - ela me chamou quando já estava saindo do quarto. 

-Pode me chamar de Nick morena, aqui sou mais Nick que Stone. - falei querendo ser pelo menos um pouco mais intimo dela. 

-Nick. - ela testou meu nome ali, não que ela já não tivesse usado ele outras vezes, não que ela já não tivesse gemido ele. - Nick, dorme aqui, dorme com a gente? 

-É o que você quer? - perguntei vendo o quanto ela estava desarmada perto de mim. 

-É, é o que ele quer também. 

-Tudo bem, vou tomar banho no outro banheiro, vou trazer seu copo e a gente dorme. - ela acenou que sim. 

-Obrigada Nick. - eu devia estar alucinando. 

Fiz exatamente o que tinha avisado a ela que faria, voltei pro quarto e encontrei ela com uma camiseta minha que estava a tempos sumida sentada na cama. 

-Acho que essa camiseta é minha. - falei chamando a atenção dela. 

-Não mais, você esqueceu em casa faz tempo. 

-Tudo bem. - sentei do outro lado da cama. 

-Posso fazer uma pergunta? - ela questionou e eu acenei que sim - Eu estou segura aqui? 

-Mais do que em qualquer outro lugar longe de mim, é piegas mas eu te protejo. - falei colocando minha mão na barriga e recebendo um chute do Henrique. - Isso mesmo filho. 

-Eu me sinto protegida aqui mesmo. - ela olhou pra mim. - Você não é mau Nickolas Stone, você é bom. 

-Acho que sou o perfeito Yin Yang, mas juro pra você que erro tentando acertar, meu lado mau quer ser bom ele só não aprendeu a ser ainda. - falei confessando mais coisas pra ela do que deveria numa simples conversa.

-Eu e o Henrique vamos te ensinar a ser totalmente bom. - ela me encarou com aqueles olhos verdes expressivos - Se eu ficar aqui, até o Henrique nascer, minha loja e minha casa estão bem e em segurança? 

-Claro que sim. - falei estranhando o rumo daquela conversa. 

-Então talvez eu fique. - ela deitou no seu lugar e virou de costas pra mim. - Boa noite Nickolas. 

-Boa noite Bea, boa noite filho. - eu me deitei ao seu lado, mas duvidava muito que dormiria aquela hora.  

Patchwork Knots (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora