REVERBERATE

Eu estou num pesadelo?

• Capa | Trailler •

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POV. Anne Nercessian

Meus pensamentos fluíam como água de uma torneira aberta enquanto eu olhava o céu pela janela do jato particular. Estávamos nos mudando para outra cidade, mas dessa vez não era por negócios. Estávamos a caminho de Los Angeles, e eu estava tentando manter a calma, como sempre. Esta era a segunda vez este ano que mudávamos de estado. A primeira, foi por causa dos negócios, agora, era por causa dos homens de preto... o FBI.

Mas qual era o problema com o FBI? Minha mãe descobriu que havia uma infiltrada entre as garotas de programa que ela gerenciava. Foi no início da infiltração, e minha mãe a interrogou, descobrindo que eles sabiam nosso endereço. Pouco depois disso, fizemos a mudança, com um tiro na vadia do FBI.

Ser parte do império da máfia não era tão fácil quanto parecia. As pessoas viam apenas dinheiro e poder, mas eu via mentiras e problemas. Sempre tínhamos que ser discretos, não podíamos nos envolver emocionalmente com "colegas de trabalho". Demonstrar compaixão estava fora de questão, claro.

Acabamos de aterrissar, então me levantei do assento e me estiquei. Fora algumas horas de voo. Observei meus pais saírem do jato, imediatamente pegando seus telefones. Eles estavam sempre trabalhando. É massivo.

Caminhei até a saída e parei na escada, olhando para baixo, meus pés cobertos por botas de camurça de salto alto. O vento balançava meus cabelos, e eu removi os fones de ouvido que não estavam tocando música, deixando a brisa me envolver e me aquecer.

Quando finalmente desci a escada, uma mão se estendeu para me ajudar. Não que eu precisasse de ajuda, mas examinei a pessoa e vi que era o Nolan.

— Desde quando você decidiu se fazer de cavalheiro? - Olhei nos olhos verdes dele e ele deu um sorriso leve.

— Desde que quando precisamos fingir que somos pessoas normais, lembra? - Ele respondeu com humor. Nunca tínhamos problemas em sermos nós mesmos, até que nos tornamos alvos do FBI. Nosso plano agora era agir como uma família normal, e meu melhor amigo, bem, meio que ele era isso. — Vamos, Necerssian! - Ele disse um pouco alto e eu ri. — Não deve ser tão difícil bancar uma mundana qualquer. - Então segurei sua mão com brutalidade e caminhamos até o carro, blindado. Quanta normalidade queridos pais.

— Não é tão fácil, porra. - Engoli em seco antes de colocar meus óculos escuros.

— Relaxa, você foi treinada para isso, pelo que sei. - Ele zombou de mim, relembrando meu tempo no internato na França. Em resposta, dei uma cotovelada nele. — Ai, foi só um comentário, caralho. - Ele parou em frente ao carro. — Bom, aqui é minha deixa. Não surte no caminho, as pessoas precisam chegar vivas à nova casa. - Ele brincou, e eu sorri.

— Vou tentar, mas não prometo nada. - Levantei meus óculos e dei uma piscadela antes de ele sair e se dirigir ao outro carro com os seguranças. Eu entrei no meu carro e esperei o motorista dar partida.

Sentia que o trajeto ia demorar uma eternidade. Passamos por vários cenários diferentes, e eu decorei cada detalhe enquanto a música pulsava nos meus fones de ouvido. Depois, a paisagem começou a ficar mais verde, indicando que estávamos nos aproximando de um bairro menor, com poucas casas e menos urbanização. No entanto, logo saímos desse cenário, e ouvi meu pai dizer que estávamos chegando.

Levou mais de uma hora até chegarmos a um condomínio com um número reduzido de mansões. Meu pai não sabia como passar despercebido, embora estivéssemos tentando manter a fachada de uma família normal.