REVERBERATE

Doente

Com quantas mortes se monta um império?

Anne Nercessian tinha essa pergunta ecoando em sua cabeça várias e várias vezes.

Esta foi uma pergunta que sua irmã fez ao Robert Nercessian alguns dias antes de morrer.

Alguns dias se passaram depois do suicídio de Vanessa, mas Anne permanecia trancada no quarto enquanto Blake resolvia tudo, ela estava em choque, pois sua irmã quando morreu também tinha sido suicídio...

Anne estava em baixo do chuveiro, deixando a água quente bater contra seu corpo sentado no chão frio enquanto memórias da morte da sua irmã invadiam sua mente, o suicídio de Vanessa tinha desencadeado algo que ela sempre preferiu esquecer, mas depois do acontecimento era quase impossível.

Seus devaneios foram interrompidos por batidas fortes na porta fazendo ela virar a cabeça para olhar para a mesma.

- Anne! – Esbravejou Blake do outro lado e continuando a bater na porta com força. – Sai desse banheiro, você está ai há mais de duas horas, caralho! – Tinha mais preocupação na sua voz do que raiva, depois dele ter resolvido tudo da Vanessa, pago propina para a polícia e legistas, ele contou para o Bieber, que ele havia mantido preso  desde o dia do bar, ele ficou em choque e Blake o deixou ir para casa, mesmo com receio dos problemas piorarem, mas ele estava mais preocupado com a situação de Anne, ele nunca a viu daquela forma.

Só se ouvia as batidas fortes e a voz de Blake a chamando e o silêncio dela do outro lado da porta.

Então as coisas foram se misturando na cabeça dela, memórias e memórias invadiam como flechas em sua mente, ela colocou suas mãos sobre a cabeça em uma forma de tentar evitar aquilo, mas não conseguia, então involuntariamente soltou um grito de ódio que fez Blake se assustar do outro lado da porta.

- Que se foda! – Ele disse para ele mesmo se afastando da porta e deu um chute na mesma e não conseguiu arrombar, então tentou mais uma vez e a porta caiu fazendo um barulho alto dando a visão do banheiro claro e cheio de vapor quente que bateu contra ele.

Ele entrou no banheiro sem hesitar e pegou o roupão preto pendurado próximo ao chuveiro e encarou a moça sentada ao chão abraçada aos seu joelhos de baixo do chuveiro.

- Anne sai daí. – Ele a fitou por um tempo, ignorando a situação. – Toma. – Ele esticou o roupão, mas não houve reação da parte dela.

E por alguns segundos ele ficou naquela posição, e então um sentimento ascendeu nele, uma coisa que ele nunca havia sentido sobre ela, compaixão.

Ele jogou o roupão para o lado, e agachou a sua frente, ignorando o fato de suas vestimentas estarem sendo molhadas.

- Levanta daí, você não é assim! – Ele a puxou pelo braço e se pôs em pé junto a ela, ignorando o fato do seu corpo nu. – Olha para mim. – Ele disse baixo e segurou seu rosto fazendo seus olhares nivelarem. – A merda já foi feita, você precisa superar, eu sei que é mais difícil para você, mas esse é nosso mundo, caralho! – Ele segurou com mais força o rosto dela e seus corpos estavam grudados e os olhos de Anne estava vermelhos e arregalados. – Você é a porra de uma Nercessian! Vocês são sangue frios, então seja a megera que todos falam, porque precisamos dela. – Ele ficou um tempo encarando os olhos dela e lambeu os lábios. – Eu preciso dela. – Disse um pouco mais baixo, sem sentir o peso daquelas palavras.