"Penso, por vezes, que se tivesse sabido que ela não sobreviveria à sua doença, teria escrito um livro diferente – menos uma meditação sobre a figura paterna ausente e mais uma celebração daquela que era a única constante na minha vida. Não tentarei descrever quão profundamente ainda sinto o seu falecimento. Sei que era o espírito mais bondoso e generoso que conheci, e que lhe devo o melhor que existe em mim."
Barack Obama, Minha herança.
Seguindo os passos, os trilhos e chorando o luto eterno em conjunto, embora distanciados, com camarada, com o grande e pequeno-grande líder e ícone mundial: Senhor Barack Obama decidi escrever um livro. Dedicando-o à minha pintora, à minha criadora, progenitora e "projetora", à minha herança, meu alfa e meu ómega, minha mãe...
Primeiramente, gostaria de dedicar uma passagem de uma música "a todas as pessoas que me amam e nunca tiveram a oportunidade de o dizer ou demonstrar porque não me compreende e a todas cujo sentimento é recíproco mas ainda magoou" – Para ti, Brisa do grande poeta (Keita Mayanda):
"
...Eu sou um quase-poeta,
Com o sonho de revolução sem dor.
Não sou apenas o homem,
Sou também a mulher,
Que a minha mãe soube ser.
Tudo que na infância procurei saber,
Ouvi-o dos lábios daquela mulher.
Senti o cheiro das rosas,
Do perfume e dos espinhos,
Aprendi que a busca do amor se faz por diversos caminhos...
"
Nascida ao 29 de Julho de 19XX numa das localidades de Angola.
Terceira filha de dez filhos da dona Engrácia Adão Pedro Van-Dúnem, "Ngalaxi" – como era carinhosamente chamada, e do velho Eduardo Manuel, Eduardinho – como era carinhosamente insultado por nós, minha mãe é uma senhora que vale por mil e que merece todo o meu respeito - merece escolta e vénia de rainha-mãe.
Durante os tempos da guerra de "kwata-kwata" não tinham muitas oportunidades de serem educados ao rigor, eu sei, mas ainda assim foram educados como foram.
Alguns dizem que era rebelde na adolescência - faz-me lembrar a minha irmã, Clemilda Van-Dúnem Francisco, Meid, que era tal e qual – tal mãe tal filha. E quem não o era? Tu também o foste, caro leitor, admita!
Bem, apesar de não ser ao rigor, eles foram educados, especialmente ela - de quem esta obra retrata com particularidade.
Teve sempre que se virar (trabalhar muito) para que pudéssemos calar o descontentamento do estômago e de seus agregados.
Dependente de um baixo salário, ainda assim, "apesar de nada, ela ainda tinha fé" – como escreveu o cantor Projota, no grande clássico da maior terapia já inventada pelo homem, a música – "O Homem Que Não Tinha Nada" do álbum 3Fs (Força, Foco e Fé) lançado em 2016 no Brasil:
"
O homem que não tinha nada,
Tinha de tudo,
Atrosatite,
Diabete e o que mais tiver,
Mas tinha dentro da sua alma muito conteúdo,
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Apenas Palavras Não Bastam
Romance"...Penso, por vezes, que se tivesse sabido que ela não sobreviveria à sua doença, teria escrito um livro diferente - menos uma meditação sobre a figura paterna ausente e mais uma celebração daquela que era a única constante na minha vida. Não tenta...