"Seremos felizes, todos nós, apenas quando fazermos com outros se libertem."
(Koquito96)
Era tempo de verão...
Os ventos sopravam a favor das folhas castanhas e vermelhas das acácias e elas caiam a favor da lei gravitacional.
Era tempo de trégua entre as espécies. Os pássaros cantavam e o resto das criaturas apreciavam o timbre natural e dançavam danças sem igual.
Havia um templo gigantesco num Maiombe qualquer. Robusto e muito peculiar.
Um templo distanciado do toque profano, do putrefacto tocar dos torpes que vagueavam ao longe, sem puder passar as fronteiras das miragens e os muros invisíveis da paz que fazia trincheira.
Um templo daqueles antigos, erguidos pedra por pedra. Erguidos no terreno desafiado das areias movediças – em que o movimento de cada ser o condena. Esculpido a mão do homem no seu grande êxtase do conforto, da criatividade e do espantoso em comunhão de bem.
Neste mesmo templo habitavam homens da paz. Maridos do enigma e amantes do silêncio. Fiéis amigos da solidão, intérpretes da vida e fazedores do raciocínio lógico.
Numa manhã amena, em que a calada tinha acabado de dar o trono a alvorada, em que o sol tinha acabado de beijar o mar e a sua imensa complexidade gerando um horizonte parindo arco-íris ou em que os pássaros, representantes da música por excelência, já haviam afinado seus timbres e doado umas cordas deles aos galos sai um monge do templo para dar um passeio a volta do tão espantoso templo que tinha a explorar.
Ele passava lentamente e apreciava cada coisa que encontrava pelo caminho com uma atenção muito especial.
Apreciava e achava muito peculiar e significativo a forma e a velocidade com que as folhas velhas desertavam dos ramos, para dar lugar a novos ramos e posteriormente novas folhas – folhas da nova geração e do futuro.
Achava ato mundialmente esquecido o facto de o pássaro se deslocar de um ponto para o outro para transportar o alimento para a sua cria que mal sabia o assobiar da canção que sua geração tanto canta de milénio a milénio.
O monge sentia-se realizado só de saber que o equilíbrio estava a fazer sentido no templo e em volta dele.
Caminhando, passava por um lago onde se deparou com um episódio que não conseguiu ignorar; uma serpente, do tipo venenosa, estava a beira com um tronco por cima da mesma impedindo a sua locomoção.
O monge, dobrando as mangas da túnica de neve que trazia vestida, decide ir a socorro da venenosa.
Quando ele ia removendo o tronco sofre uma mordida da venenosa e larga rapidamente o tronco fazendo com que ela continue presa.
O monge, na sua vigésima tentativa, consegue por fim libertá-la apesar de ter sido mordido vinte vezes pela venenosa.
O monge continuou sua jornada, pois ainda não havia alcançado seu objectivo.
No mesmo lago, havia um jovem leopardo agarrado a um tronco suspenso na água sendo arrastado pela lenta corrente do lago que daria a uma cascata.
O monge mergulhou em auxílio do leopardo que, com suas garras afiadas feito espadas de um guerreiro troiano, arranhara a cara do monge fazendo com que ele quase se afoga-se de tanta dor que causara.
O monge, na sua vigésima primeira tentativa, finalmente obtém êxito e consegue trazer de volta a terra o jovem leopardo deixando-se ser marcado inúmeras vezes, vinte e uma, para ser exacto, pelo jovem leopardo e pela sua teimosia.
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Apenas Palavras Não Bastam
Storie d'amore"...Penso, por vezes, que se tivesse sabido que ela não sobreviveria à sua doença, teria escrito um livro diferente - menos uma meditação sobre a figura paterna ausente e mais uma celebração daquela que era a única constante na minha vida. Não tenta...