CAPITULO I - E aí, meu nome é Jorge.

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 Parece que estou pronto. Eu sei, sou meio indeciso mesmo. Mas era a primeira vez que eu tinha que me apresentar em um baile de formatura. Descendo do carro, e olhando para a faixada, com a guitarra nas costas, já me impressionei com a decoração. A festa está totalmente incrível até do lado de fora. O grêmio estudantil fez um excelente trabalho. Eu particularmente estou impressionado com tudo. E ao passar pela porta da quadra do colégio me impressiono novamente com a iluminação azul, com jogo de luz calmo, que reflete um ar de pacificidade do local. Um baile com músicas estilos anos oitenta, realmente é para mostrar que não se tem mais aquela alegria de antes hoje em dia. E diante de tantas pessoas naquela festa, eu precisava fazer alguma coisa que fizesse eu me sentir melhor ainda, e que todos imaginassem, o que eu estava sentindo naquele momento. E lá estou eu, esperando minha vez para subir ao palco.

- Ei Jorge, está preparado? Você é o próximo a se apresentar cara. – Perguntou Matheus me dando um leve soco no braço esquerdo, querendo me animar.

- É, eu estou pronto. – Me levantando rapidamente, tirando minha guitarra do pedestal, e subindo ao palco. Meu nervosismo era totalmente notável por todos, mas não me rendi tão fácil.

- Primeiramente boa noite a todos, hoje está sendo o melhor dia da minha vida até agora. E hoje estou com ela, sim, ela mesmo, minha linda guitarra. E vou tocar a música que compus, que diz sobre alguém que conheci, e que está nessa festa hoje. – Disse eu ao microfone com um sorriso estampado no rosto.

Calma, calma, calma! Vamos devagar. Acho que eu deveria voltar um pouco, antes de contar essa parte. Então, eu queria saber o motivo de tantas pessoas insistirem que eu sou bom em alguma coisa. E lá estava eu, num concurso de desenho que eu nunca me imaginaria. Aos oito anos de idade, eu tinha um sonho de ser jogador de futebol, e desde criança eu fui podemos dizer que, péssimo em esportes. E mesmo que eu tentasse, o fracasso era meu sobrenome. Mas era algo que eu gostava, e ninguém precisa ser bom em algo para gostar não é mesmo!? E por mais que fosse difícil eu conseguir algo, eu tentava, as vezes nem porque eu gostava de algumas coisas, mas sim, porque eu era orgulhoso, e queria ser o melhor.

- Parabéns Jorge, você ganhou em primeiro lugar no concurso. Divida o prêmio comigo. – Gritou alegre Sidney da plateia.

Para alguma coisa eu tinha que servir, não é!? Poderia ser uma coisa que eu me identificasse bem, algo que as pessoas me conhecessem. Me esforcei para ter as coisas que eu tenho hoje, minhas habilidades, minhas idiotices, minhas manhas, mas nunca deixei de ser ruim em esportes é claro.

E aí meu nome é Jorge, e minha história começa aqui, e verá que, sou apenas um cara comum no meio de um monte de pessoas loucas no mundo. E como um cara comum, estou voltando para casa depois do concurso muito tedioso que por livre e espontânea pressão, me fizeram participar. Numa rua pouco movimentada, apenas calor, e nesse dia, eu estava sozinho, e sai um pouco depois dos outros alunos. Eu sempre tive uma lentidão para decidir as coisas, para raciocinar. E minhas indecisões com as coisas, sempre fez parte de mim, sozinho, com os pais, com as pessoas, com todos.

- Qual sabor você vai querer? – Disse o sorveteiro se escorando no carrinho de sorvete.

- Morango por favor. – Respondi com um breve sorriso, enquanto o sorveteiro se preparava para atender meu pedido.

- Não, chocolate. – Respondi mais rápido mudando de ideia.

Enquanto isso o sorveteiro tentava me entender com um sorriso disfarçado e ainda se preparando para pegar o meu sorvete.

- Não! Chocolate não. Desculpa. Eu vou querer creme. – Respondi com um ar de decisão, e totalmente sem graça coçando a cabeça.

- Você não quer o sorvete de napolitano? Possui os três sabores. – Disse o sorveteiro tentando me ajudar com um sorriso.

Ventos MitigantesOnde histórias criam vida. Descubra agora