CAPÍTULO IX - A beirada do abismo.

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E como eu imaginei, acordei quase na hora do almoço. Ainda muito cansado, mas de tanto dormir. Depois que almocei, chamei Mariana para sair, para qualquer lugar onde poderíamos conversar.


- Ei, pode me encontrar na lanchonete as 16:00h? - Perguntei a Mariana.


- Tudo bem. - Disse Mariana.


Enquanto o horário de ir não chegava, fiquei diante do computador, meu celular tinha desligado por completo. Eu fiquei pensando profundamente se eu dava uma parte corrente a ela, eu apenas enrolava, mas queria que ela tivesse um lado da corrente também. Coloquei elas em meu pescoço. E fui para a lanchonete no horário certo. Chegando lá, ela já estava me esperando, tomando um Milk Shake de morango, com batatas-fritas.


- A fome de sempre né. - Disse eu rindo.


- Oi cara. Você demorou cinco minutos. - Disse Mariana rindo com a boca cheia.


- Não Mariana. Não faz isso. - Cai na gargalhada dizendo estar com nojo daquela cena.


- O que o senhor desejas? - Disse o garçom.


- Vou querer uma porção de fritas, e um Milk Shake de chocolate. - Dessa vez eu não enrolei como enrolei com o sorveteiro.


Aquele foi o segundo encontro, e logo numa terça-feira. Eu queria aproveitar cada dia. Pois toda as vezes que eu olhava nos seus olhos, eu me apaixonava mais. Mas dessa vez, minha boca podia matar a vontade de beija-la toda vez que quisesse.


- Jorge. Eu te amo. - Disse ela sem saber mais o que falar.


- Assim, de repente? Mas eu te amo mais. - Disse eu levantando de meu lugar, indo a beijar.


E assim foi quase todos os dias, por uma semana. Era a melhor rotina que alguém poderia ter.


- Eu vou querer aquele Milk Shake de morango, e um hambúrguer. - Disse Mariana ao garçom.


- Eu vou querer um Milk Shake de Chocolate, e as fritas de sempre, mas dessa vez com queijo Cheddar por cima. - Disse eu ao garçom.


Eu percebi que muitas coisas estavam mudando nela, e em mim também. Nós estávamos nos afastando, mesmo estando juntos quase todos os dias.


- Por que dessa vez você pediu hambúrguer. Você nunca pede hambúrguer. - Perguntei a Mariana fechando os olhos.


- Algumas coisas precisam mudar né. - Com a boca cheia, Mariana responde rindo.


- E você, por que pediu Cheddar em cima das fritas? Você também nunca fez isso. - Disse Mariana apontando para mim.


- Não mesmo. - Disse eu caindo na risada. - Mas algumas coisas precisam mudar. - Debochei.


- Você é estranho cara. - Riu alto Mariana. - Mas eu te amo. - Completou.


- Com certeza, você é mais. E eu te amo muito mais. - Gargalhei.


Eu a olhava, via os olhos por qual me apaixonei. Aprendi a ler olhares, e vi o que ela quis dizer com o dela. Mesmo que sua boca dissesse algo, seu coração dizia outra coisa. Eu a levei na mesma esquina de sempre, a beijei, e fui embora. Eu sabia que tinha mais coisas que estavam nos afastando um do outro. Mas eu não quis acreditar. Na sexta-feira, ela estava tão diferente. Seu beijo não era o mesmo, parece que faltava uma pitada de vontade, nem mesmo o abraço tinha o aperto de antes, não tinha a vontade de querer estar perto um do outro.


Quando cheguei em casa, liguei para ela, como sempre fazia. Sim, sou um covarde, nunca falo quando posso.


- Você está tão... diferente ultimamente. O que está acontecendo? - Perguntei pausadamente por ligação.


- Eu? Diferente? Não cara. - Disse ela sarcasticamente.


- Tudo bem. Irei dormir. Apenas liguei para saber se estava tudo bem mesmo. - Breve novamente, eu tentei ficar calmo.


- Está sim Jorge. Obrigado por se preocupar. Eu te amo. - Disse Mariana se despedindo.


Eu juro que tentei que acreditar que estava tudo bem. Eu juro! Mas qualquer um saberia que não estava, então agi naturalmente. Eu tentei dormir numa boa, mas a mente ficou perturbada com isso. E tudo o que eu queria, era que não fosse um vento forte querendo leva-la de volta quando a trouxe para mim. Eu só queria saber até quando aguentaria, e até quando duraria toda essa tempestade.


Ventos MitigantesOnde histórias criam vida. Descubra agora