CAPÍTULO III - Colar da amizade.

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Duas semanas depois, sai para comprar algumas coisas. O dia estava ótimo, e dessa vez, não tinha como fritar bacon no asfalto. Eu estava indo para um parque, onde a grama e o ar, te aconchegam, literalmente. Chegando na loja, comprei os materiais que uso para desenho, e me deparei com um colar, que se dividia em dois. Levei-os comigo. Eu queria saber o porquê levar aquele colar. Pois é, eu comprei porque achei interessante a maneira em que se dividiam.

O silencio dói muito mais, do que o barulho, mas as vezes é bom um silencio, e nesse dia, os carros buzinavam para um motorista que tinha desmaiado no volante. Foi um dia estranho. E como sempre gostei da pacificidade da natureza, sempre ia a esse parque, bem verdejante. Eu amava aquele ar, onde eu levava meu violão e fazia minhas composições, ou pelo menos umas tentativas. Mas nesse dia, eu apenas estava deitado sobre a grama, respirando o ar puro dali para pensar um pouco na vida.

- Ei Jorge, por que está olhando fixamente para esse colar? – Disse Sofia chegando com uma cesta enorme, parecia estar pesada.

Sofia era uma amiga incrível. Eu a conheci numa festa. Olha que incrível, em uma festa. Nessa festam, Sidney também estava, então eles se conheceram, e estão juntos a um ano. É o casal mais louco que conhecia. Quando íamos para as festas, sempre tinha um para dar trabalho, e esse alguém era Sofia. Mas sempre ajudávamos. Ela nunca soube beber, e saía que nem uma barata tonta na rua.

- Eu apenas estava lembrando algo. Nada de mais. – Disse eu calmamente.

- Isso tem a ver com alguém? – Perguntou Sofia olhando para mim e fechando os olhos.

- É, tem sim. – Concordei.

- Esse colar é bem interessante, é um colar da amizade. Eles se separam, um você dá a um amigo, a outra fica com você, para simbolizar um laço de amizade. Aconteceu alguma coisa com algum amigo seu? – Ainda curiosa, Sofia queria saber o porquê eu estar segurando aquele colar.

- Eu comprei para uma pessoa, mas não sei se devo dá-lo. – Disse eu com muitas dúvidas.

- Se essa pessoa for mesmo seu amigo, dê. Essa pessoa vai amar. Vai por mim. – Disse Sofia tentando me ajudar.

- É, faz sentido. Obrigado. Onde está Sidney? – Perguntei.

- Estou esperando ele chegar aqui, vamos esperar as pessoas para fazer um piquenique. Quer participar? – Convidou-me Sofia com um sorriso enquanto sentava na grama.

- Eu estou sem dinheiro para contribuir, comprei alguns materiais para eu desenhar, e não sobrou nada. – Respondi sem graça.

- Que nada, amigos são para isso né? Por isso trouxe muita comida. Vamos só esperar Sidney, e uns colegas da turma chegar com as bebidas. – Disse Sofia rindo.

- Então, vamos arrumar as coisas antes deles chegaram com as bebidas? - Disse eu empolgado me levantando.

Meus amigos sabiam que eu era fraco quando o assunto era comer, e enquanto Sidney não chegava com o pessoal, eu e Sofia arrumávamos um lençol xadrez vermelho e branco sobre a grama macia do parque.

- E então, para quem você iria dar a outra parte do colar? – Olhando de lado, perguntou Sofia.

- Para um amigo. Comprei hoje. – Respondi rapidamente.

- Entendi. Dê logo a ele. – Pressionou-me Sofia.

- Eu irei. – Ri com sarcasmo.

Eu nunca sei o que fazer. Então fiquei calado, porque sempre algo explode com minhas palavras. Que nem o sorveteiro.

Ventos MitigantesOnde histórias criam vida. Descubra agora