CAPÍTULO X - Desenhado a mão.

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E minha rotina continuava com a Mariana. Mesmo com as desavenças que tinha entre nossos sentimentos, eu queria estar feliz com ela. E jurava que saberia quando algo estivesse perto de acontecer. Mas um raio não avisa quando vai cair.
- Ei Jorge. Acho que a gente deveria dar um tempo a esse nosso relacionamento. – Disse Mariana por ligação.
- Mas a gente só está junto a uma semana. Por que isso? – Perguntei nervoso e suando frio.
- Eu não sei cara. Apenas estamos se afastando a cada dia. Seu sentimento não é... – Soluçou Mariana.
- Eu não entendo. Você está diferente. O que aconteceu?  – Perguntei preocupado.
- Nada. Talvez sim. Mas não quero te magoar. – Começou a chorar e desligou.
Eu sabia que nunca estava bem as coisas entre a gente. Pois se algo está fácil demais, você está fazendo errado. A cada dia, ela se afastava mais sentimentalmente. Eu estava realmente com medo de perde-la, e vi que estava a perdendo. Liguei para Sidney tentar descobrir alguma coisa. O porquê de ela estar assim, se afastando.
- Ei Sidney. Preciso que você me ajude. – Apelei ajuda por ligação.
- O que estiver ao meu alcance, estou aqui amigo. – Disse Sidney.
- Converse com a Mariana, descubra o porquê ela está se afastando de mim. – Supliquei a Sidney.
- Tudo bem meu amigo. – Disse Sidney.
Eu tentei não me desesperar. Eu não queria perde-la, eu não queria deixa-la ir, eu a amava muito. E eu não tinha ideia do que fazer nessas horas, minha primeira namorada, prestes a ser a minha primeira ex. Depois de tudo isso, eu apenas dormi, mas dormi no sábado, sábado não foi um dia para dormir cedo, foi para curtir, mas eu dormi. E esperei as coisas se acalmarem. Eu fiquei pensando, se aquilo tudo que estava sendo bom, acabasse.
- Ei Sidney, o que aconteceu? – Perguntou Sofia que estava ao seu lado quando liguei para Sidney.
- Nada demais. Apenas Jorge querendo ajuda. Acho que ele e Mariana não estão muito bem. – Disse Sidney jogando o celular de lado.
Enquanto ele não falava sobre o acontecimento a Mariana, ele apenas jogou seu celular de lado. No dia seguinte, encontrei Sidney na escola.
- Amigo, eu acho que ela precisa de um tempo. Deixa-a pensar um pouco. – Aconselhou Sidney.
- Eu imagino que ela não queira mais. – Com uma voz leve, disse eu.
- Relaxa mano. – Disse Sidney pegando em meu ombro.
E foi assim tão rápido que aconteceu. Vi o esforço dela, de tentar se apaixonar por mim, que ela acabou criando uma ilusão dentro dela, assim como eu. Eu sabia que tinha algo de errado, mas não queria aceitar. E mais um dia comum que acordo sem saber o porquê das coisas. Foi um dos dias que me esforcei para fazer coisas comuns, sem fazer nada que me leve a se transbordar diante lagrimas. E lembrar de todas as vezes que por ligação ela chorou dizendo que não conseguia amar alguém, que não conseguia me amar. E como de costume, fui para a escola escutando minhas músicas, e tudo, tudo, me fazia lembrar ela, qualquer música, qualquer coisa que eu via. Foi o dia que cheguei à conclusão de que eu a amava demais. Não fiz nada em sala de aula, quase não sai para o intervalo, nem eu me entendia porque estava daquele jeito, era só uma garota.
- Ei, fiz um desenho e preciso que você entregue a ela. – Disse eu baixo e calmo.
- E eu posso vê-lo? – Disse meu Sidney curioso.
- Sim! Mas ficou na sala de aula. Na saída eu te entrego.
Na sala de aula, pronto para sair, dá o sinal para ir embora. Ele já me esperava com Sofia sentado na calçada da escola.
- E então. Pode entregar o envelope a ela? – Perguntei sabendo que ele iria.
- Sim cara. – Respondeu ele com certeza.
- Ok. Irei para casa. Até logo. E obrigado.  – Disse eu já me despedindo.
Depois de ter dado o envelope a Sidney, me despedi e dei as costas. Sidney desceu até a escola onde ela estudava, enquanto eu ia atrás escondido. Sidney e Sofia, desciam rapidamente, e eu tentando me esconder enquanto os seguia.
- Sidney, abra o envelope. Por favor. Vamos ver o que ele fez. – Disse Sofia ansiosa.
- É apenas um desenho. – Disse Sidney tirando o papel de dentro do envelope.
- Os olhos dela são lindos. – Disse Sofia ao ver o desenho.
- Realmente! Jorge sabe a manha para desenhar bem. – Disse Sidney admirando com um sorriso.
- Quem é essa Mariana? Eu nunca a vi. – Perguntou Sofia muito curiosa.
- É a namorada de Jorge. E estamos indo entregar o desenho a ela agora. – Respondeu Sidney.
E de novo eu fui um covarde, de não encarar aquele olhar. Quando eles chegaram no lugar onde Mariana sempre ficava, se cumprimentaram, eles conversaram por um tempo. E eu sem saber o que fazer além de ficar olhando. E como sempre, ela estava linda, tão linda quanto o banhar da lua sobre a face da terra. Ao ver ela abrindo o envelope que continha o desenho que fiz, ela deixou seus olhos encherem de lagrimas. Eu vendo aquilo de longe, saí de onde eu estava. Nesse momento, Mariana subia no ônibus para ir embora.
- Jorge!!! – Gritou Sidney quando eu tinha virado as costas para ir embora.
Apenas olhei para Sidney, e fiquei parado no meu lugar. Sidney andou até mim. Enquanto isso, tudo aquilo que vivi com a Mariana, estava ofuscando na minha cabeça.
- Amigo. Não fica assim, algumas coisas, o vento trás, mas o vento também leva. – Disse Sidney ao me abraçar.
Eu não pude conter o jarro de lagrimas dentro de mim que havia jorrado. No momento aquele ombro, foi o consolo para minha magoa. 
- Cara, não tente mais. Por que ficar tentando, e se magoando à toa? Agora segue em frente irmão. – Disse Sidney enquanto eu estava em seu ombro.
- Valeu Sidney. – Disse eu realmente me despedindo.
Sidney sempre foi um bom amigo, meu melhor amigo. Ele me ajudou com a Mariana nesses casos, e com o tempo que ele conversava com ela, ele conheceu como era ela. Para mim, ele estaria certo se dissesse algo, e não duvidaria. Mas naquele momento, eu apenas queria que o mundo explodisse, queria que houvesse uma forma de nunca a ter conhecido. Joguei minha mochila, fechei a porta do meu quarto, deitei em minha cama, olhei para o teto. Mas dessa vez não tinha Mozart para escutar, tinha apenas eu, olhando para o teto. Lagrimas são boas, elas te ajudam a dormir mais rápido, então dormi. Meus sonhos sempre se tornavam pesadelos uma hora. Eu sempre lutei para não acordar daquele sonho de um domingo tedioso. É estúpido demais desistir de algo, sem ao menos ter tentado. E eu tentei, de novo. Mas sem sucesso. Dei o tempo que ela precisava.

Ventos MitigantesOnde histórias criam vida. Descubra agora