Capítulo 3: Encontro

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Suzan Quill

Fiquei com muito medo durante a minha luta com o homem aranha. Faltava muita ação da minha parte e, sinceramente, errei nos movimentos muitas vezes. Quando se é treinada por muito tempo, é natural pensar que vai dar tudo certo, porém, na prática, acontece tudo ao contrário. Admito que não estou tão frustrada, pois o resultado foi basicamente unânime.

Desejei muito tirar a sua máscara, mas, a partir do momento em que tive de impedi-lo de saber minha identidade, também fui impedida. Esse é um dos benefícios (que nem sempre é bom) dos descendentes da Hidra. Era como se eu estivesse jogando fogo em um lugar para matar o meu inimigo, ou seja, eu sairia queimada também. É exatamente assim que funciona quando impeço ele de remover a minha máscara, onde aquilo também se aplica a mim, como se existisse uma regra ali em que ninguém pudesse tirar nada de ninguém.

Preciso saber controlar isso urgente.

Sai com ferimentos leves e, infelizmente, com um sangramento. Coloquei a bolsa de gelo sob o machucado e deitei em minha cama, esticando minhas pernas e aquecendo meus pés com meias. Sinto saudades do clima do Brasil.

Depois que saio do banho, checo as mensagens e percebo que há uma de Peter, meu colega de trabalho e de classe. Ele deve ter pego meu número de celular no grupo em que eu e alguns alunos participamos, pois eu e minha amiga fomos as únicas que falamos sobre querer um trio. Respondo e, sobre sua pergunta em fazermos as atividades juntos, concordo sem exitar. É uma ótima oportunidade de conquistar sua confiança, levando em conta que ele é meu chefe. Eu gosto dele. Me parece ser um cara legal, apesar de ter sido rude hoje de tarde, vejo através das aulas que ele é educado. Às vezes esse foi apenas um dia estressante para ele, então não posso o julgar pela resposta seca. Eu também tinha merecido, afinal tinha zombado com seu nome.

Quando terminamos o trabalho em grupo e Sarah Anny foi embora para dormir, eu o convidei para sair. Não sei ao certo se deveria ter feito isso, mas sinto que não devo me arrepender, e é isso que faço. Quanto mais experiências, melhor.

Durmo ansiosa para o dia seguinte e, ao contrário do que pensariam, tento criar muitas expectativas. As coisas, por incrível que pareça, só funcionam comigo quando coloco muita expectativa, a ponto de sonhar com aquilo.

Logo que acordo, após fazer as coisas que geralmente faço de manhã, decido mudar o café e fazer um mais forte, para despertar melhor e não dormir nas primeiras aulas. Morar sozinha é um pouco estranho, mas não é algo que me faça desistir. Além de gostar dos desafios, sei o quanto criei independência desde o dia que descobri o segredo dos meus pais. Até então eles vieram me preparando para isso e sinto que fizeram certo.

Vou para faculdade e, confesso, fiquei um pouco tímida. Não contei para Anny que sairei com Peter hoje, mas acho que deixei claro meu constrangimento diante dele. Quando fomos apresentar o trabalho na frente da turma, tentei contar até dez para me controlar na hora de ler, sem gaguejar ou pular partes, afinal é apenas o segundo dia de aula e não quero ser lembrada por um vexame.

No final deu tudo certo. Nossa apresentação foi um sucesso e todos gostaram do tema que abordavamos. Só precisávamos fingir estar em um jornal, com o objetivo de nos soltar diante das pessoas desconhecidas, saber em que área nos damos bem, etc. A faculdade de jornalismo é ótima.

Troquei poucas palavras diretamente com o Peter e acho melhor assim. Pelo menos na faculdade.

Quando as aulas infelizmente acabam, vou até minha casa para almoçar, que, por sinal, vejo o quão meu macarrão é muito bom, e, em seguida, vou para o Clarim Diário.

Dessa vez eu fui um pouco mais bonita.

Trabalhar na área de comunicação social é um pouco difícil por termos que lidar com pessoas e ambientes.

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