Capítulo 11

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O resto da tarde passou como um borrão. Me recordo apenas de chegar em casa com mil pensamentos colidindo em minha mente, subir as escadas depressa e me atirar na cama, para somente me levantar de novo dali a algumas horas. Em meio a todo o choque e a todas as perguntas ainda não respondidas, das quais somente uma possuía resposta possível, fui capaz de reunir forças para ficar de pé e rastejar até o banheiro. Um longo banho ajudaria a clarear minha mente, a relaxar, e principalmente, a me fazer sentir limpa após toda a sujeira que Matthew havia despejado sobre mim ao revelar suas mentiras do passado.

Tudo ainda era demais para assimilar.

Se ele realmente estava dizendo a verdade, se ele realmente é pai de Ben, então... Eu havia sido culpada pelo que Zayn estava enfrentando ao decidir lidar com a suposta paternidade e teria que enfrentar ao descobrir que tudo aquilo era uma farsa, tramada pela própria prima e atestada como verdade pelo melhor amigo.

Por mais que eu soubesse que também havia sido enganada, assim como todo o resto da família, e não tinha como sequer imaginar que tamanho absurdo poderia ter acontecido, por mais que soubesse que em momento algum agi de má fé, que apenas segui o que acreditava ser certo... A culpa ainda pesava sobre meus ombros.

E se Matthew estivesse falando sério? E se fosse mesmo verdade? Como contar a Zayn?

Ele perderia o controle, eu sabia que sim. Se eu ainda o conhecia tão bem quanto imaginava, seria difícil conseguir contê-lo, impossível impedi-lo de atacar os responsáveis por tamanha traição e pelos anos de culpa reprimida. Ele ficaria arrasado.

Talvez me odiasse por tê-lo feito repensar suas decisões...

Outro fator preocupante era que, sem dúvida, ele havia se apegado a Ben, pelo menos um pouco, e o menino, a ele, também. Ainda que meu coração doesse por Zayn, minha maior preocupação era o estado em que aquela criança ficaria diante de tamanha confusão. E a culpa era toda de Emily e Matthew.

E, em parte, minha.

Já havia anoitecido quando enfim saí do chuveiro, ainda pior do que quando havia entrado. Ao menos, uma certeza agora eu tinha: eu precisava saber a verdade, e tomar a decisão certa dessa vez, qualquer que fosse o preço a pagar por isso.

Estava enrolada na toalha, procurando por um pijama em meu guarda-roupa, sem energia nem para acender as luzes, apesar da relativa escuridão, quando a campainha tocou. Meu coração quase parou ao imaginar quem poderia ser àquela hora, e imediatamente pensei em Matthew. O medo que agora acompanhava sua presença se instaurou em meu peito com força total, ainda que eu tivesse plena noção de que precisava dele para comprovar a veracidade de sua história; me esgueirei até a janela, tentando ver quem estava parado à porta sem ser vista, e meus joelhos quase cederam ao identificar o visitante inesperado.

Sem qualquer outro sentimento a não ser o alívio e a surpresa imensos que corriam em minhas veias, desci correndo os degraus, e com a mesma pressa, abri a porta, deparando-me com o principal assunto de minhas preocupações parado sobre meu tapete de boas-vindas.

Nossos olhares se encontraram de imediato, e permaneceram conectados até o instante em que ambos nos demos conta de que um de nós estava parcialmente nu. Engoli em seco, morrendo de vergonha por ter me esquecido completamente daquele detalhe assim que o reconheci da janela do quarto. Zayn, por sua vez, apenas deixou seus olhos viajarem por minhas pernas expostas, e rapidamente pigarreou, voltando seu foco para meu rosto, agora furiosamente vermelho.

– Oi – ele murmurou, claramente distraído com a recepção indecente.

– Oi – ofeguei de volta quando consegui encontrar minha voz. Alguns segundos de silêncio caíram sobre nós, durante os quais nos encaramos intensamente, com incontáveis emoções ardendo em nossos olhos, até que consegui retomar o controle e agir.

Biology II • ZMOnde histórias criam vida. Descubra agora