(Zayn’s POV)
– Boa noite.
Minhas palavras vieram acompanhadas de um sorriso, em parte grato, em parte pesaroso. Meus olhos seguiram o caminho que ela fez, do sofá até as escadas, e dali até sumir de vista, e no instante em que não pude mais vê-la, meu peito ardeu de saudade. Não sei por quanto tempo fiquei observando os degraus, talvez rezando para que ela reaparecesse, talvez rezando para que ela nunca o fizesse.
Algumas horas haviam se passado desde minha chegada, preenchidas por algumas conversas tímidas, porém revigorantes. A tensão havia se dissipado consideravelmente, permitindo que nos comportassemos como velhos amigos, o que não era de todo inédito entre nós, mas foi uma boa surpresa, considerando o contexto em que nos encontrávamos.
Blair sempre conseguia me surpreender da melhor forma possível. Isso eu aprendi a jamais subestimar.
Quando enfim pude desgrudar os olhos das escadas, eles caíram sobre o canto do sofá no qual ela havia se encolhido por boa parte da noite, e de onde ela conversou comigo, riu comigo, existiu comigo. O nível de saudade que eu sentia era insuportável, beirando o patológico. E não era apenas no aspecto amoroso.Sim, eu a amava. Ao posicionar meu travesseiro sobre o local antes ocupado por ela e então repousar minha cabeça sobre ele, nenhum outro pensamento restava em minha mente a não ser esse: eu a amava. Demais, até demais. E era exatamente por ama-la tanto que eu não me importei com o fato de não poder toca-la, como sempre adorei fazer. Era estranho demais poder conversar com ela de uma forma tão tranquila e não poder puxa-la para mim, acomoda-la em meu colo (onde ela já admitiu, mais de uma vez, que prefere ficar, ao invés de simplesmente ao meu lado), ou então deitar minha cabeça sobre o dela e deixar que seus dedos fizessem uma bagunça nos meus cabelos... Tudo era muito estranho quando havia uma barreira invisível entre nós.
E eu era o único responsável pela existência dela.
Respirei fundo, tentando lutar contra os sentimentos ruins que já começavam a se aglomerar em meu peito. Ela mal havia me deixado sozinho e eu já estava estragando tudo.
Forcei meus olhos a se fecharem, e com algum esforço, consegui relaxar um pouco. Dormir seria impossível, estando tão próximo dela num lugar onde não havia absolutamente ninguém a não ser nós dois.
Assim que meu cérebro chegou a essa conclusão, meus olhos se abriram repentinamente, e meu coração deu um salto, quase me escapando pela boca.
A situação era familiar demais.
Flashback – cerca de um ano atrás
– Blair?
Franzi a testa, sem tirar os olhos do trânsito quase inexistente. Estávamos nos afastando cada vez mais da casa de Kelly, e ela ainda não havia me dado seu endereço. Eu podia ter sido um canalha de marca maior e o descoberto por meios nem um pouco éticos há muito tempo, mas eu sabia que quando soubesse onde ela morava, acabaria cometendo uma loucura (por exemplo, encheria a cara uma noite qualquer e acabaria soltando o verbo para a primeira pessoa que aparecesse à porta depois que eu tocasse a campainha).
Já estava começando a me arrepender de ter contido minha curiosidade; decidi tentar novamente.
– Woldorf?
Parei em um semáforo fechado, e aproveitei a oportunidade para me utilizar de métodos mais incisivos para fazê-la responder. Virei seu rosto em minha direção, com todo o cuidado do mundo (ela bem que seria capaz de arrancar minha mão com os dentes se percebesse que eu a estava tocando), e confirmei minhas suspeitas.
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Biology II • ZM
FanfictionA continuação de Biology segundo minha versão. Essa história não é minha.