Capítulo 20

131 11 0
                                    

Zayn sorriu ao me receber em seu sofá depois do almoço. Ele foi me buscar na faculdade e me levou até seu apartamento, como de costume às sextas. 

– Você está tensa hoje – ele comentou, deslizando as mãos sobre meus ombros devagar – Aconteceu alguma coisa? 

Aproveitei-me de minha posição, de costas para ele, e fechei os olhos, odiando aquela situação cada vez mais. Neguei com a cabeça antes que ele pudesse notar meu desconforto. 

– Não – disse apenas, omitindo a segunda e mais importante parte da resposta. 

Mas vai acontecer. 

Dali a algumas horas, eu descobriria se Matthew estava falando a verdade. 

– Como não? Suas costas estão rígidas – ele insistiu, nem um pouco satisfeito com minha resposta monossilabica – Algum problema na faculdade? 

Aproveitei a deixa e inventei a primeira desculpa em que pude pensar. 

– Não é bem um problema... Tenho um trabalho em grupo para terminar até semana que vem, e você sabe que sou péssima em lidar com pessoas. 

– Ah, sim – Zayn riu, massageando minhas clavículas, ao que eu não pude deixar de reagir, relaxando pelo menos os músculos sob seu toque – Entendo perfeitamente seu estresse. 

Não, você não entende. 

– Pois é. 

Eu sinto muito. 

– No que eu puder ajudar, por favor, peça – ele sussurrou em meu ouvido, beijando meu pescoço – E não se preocupe. Pode abusar. 

Por favor, não me odeie pelo que estou fazendo. 

Virei-me de frente para ele com um sorriso fraco. Antes que ele abrisse a boca e perguntasse se realmente estava tudo bem fora o suposto trabalho em grupo, beijei sua boca, segurando a gola de sua camiseta como se uma força invisível o puxasse para longe de mim. 

– Eu tenho que ir – murmurei contra seus lábios, ao que ele franziu a testa – Daqui a pouco o pessoal do grupo vai lá para casa. 

Engoli a angústia que mentir para ele causava, e mantive minha expressão neutra. Zayn suspirou, tristonho, porém conformado. 

– Tudo bem, eu te levo – ele disse, levantando-se do sofá junto comigo e se dirigindo à bancada, onde a chave da moto repousava – Mas vou logo avisando que cobrarei um beijo bem dado de despedida. 

Incapaz de não me deixar contagiar por seu bom humor, dei um sorriso derretido antes de segui-lo até o elevador. 

– Justo. 



– Lá vamos nós – Elliot suspirou, quando entrei em seu carro, mais tarde naquele dia – Está preparada? 

– Eu nunca estou – respondi, passando as mãos pelo rosto na tentativa de me manter focada – Mas alguém precisa resolver esse assunto, e já estamos alguns anos atrasados. 

Ele assentiu prontamente, mais do que concordando com minhas palavras, e arrancou rumo ao laboratório de exames. Matthew já estava lá quando estacionamos, e parecia levemente desgrenhado, com olheiras suaves sob os olhos, como se não tivesse conseguido fecha-los durante a noite anterior. Antes de deixarmos o veículo, eu e Elliot nos entreolharmos, ponderando o que tamanha ansiedade poderia significar. Em vão, claro; só havia um jeito de descobrir. 

– Eu já estava quase te ligando – ele disse ao nos ver, caminhando energicamente em nossa direção mesmo sabendo que teria que dar meia volta e seguir conosco prédio adentro. 

Biology II • ZMOnde histórias criam vida. Descubra agora