Capítulo 19

139 8 0
                                    

– Eu não sei se estou pronta para fazer isso... 

Zayn colocou uma mão sobre a minha, trêmula, fria, assim como o resto de meu corpo. Senti minha mãe passar um braço ao redor de meus ombros e beijar minha têmpora. Serena, sentada aos meus pés perto do sofá, pôs as mãos sobre meus joelhos e os apertou de leve, em mais um sinal de apoio. 

Um envelope branco repousava em meu colo, ainda lacrado. Meu coração batia desesperadamente dentro do peito. O ar parecia relutante a adentrar meus pulmões, como se não quisesse fazer parte do potencial desastre irreparável que sucederia a leitura daquela carta. 

– O que quer que esteja escrito nesse exame, nós estamos com você – Serena murmurou, partilhando do mesmo nervosismo que os outros presentes na sala de estar de minha casa. 

– Você está segura, meu amor – mamãe disse, com a voz nitidamente embargada, e eu quase me rendi às lágrimas ao ver meu medo refletido em seus olhos – Aconteça o que acontecer, ele pagará pelo que fez. 

Assenti devagar, baixando o olhar para o objeto de minha – nossa – angústia. Senti os dedos de Zayn exercerem leve pressão ao redor dos meus; seu polegar deslizou sobre as costas de minha mão, transmitindo força e carinho em silêncio. 

Sem me permitir titubear uma vez sequer, abri o envelope e li o resultado do exame de corpo de delito.

O nó que havia se formado em minha garganta se desfez ao ter minha dúvida sanada, liberando o caminho para que eu soltasse o ar que havia prendido inconscientemente em meus pulmões por sabe-se lá quanto tempo – talvez, desde que acordei numa cama que não era a minha, alguns dias atrás, e me dei conta de que ao invés de despertar de sonhos lindos, mergulhei de cabeça num pesadelo terrível. 

Mesmo que fosse capaz de respirar normalmente outra vez, não consegui emitir qualquer som ou sinal que indicasse o que li no papel timbrado. Fechei os olhos, sentindo algumas lágrimas se formarem sob minhas pupilas, e desmoronei contra o ombro de Zayn, que me abraçou apertado e mais que depressa tomou o documento de minhas mãos, para revelar o mistério que ainda assombrava todos à minha volta. 

Um longo suspiro escapou de seu peito ao enfim descobrir a verdade. 

– Não foram encontradas evidências – ele murmurou, aliviado, beijando o topo de minha cabeça – Não aconteceu nada. 

Ouvi minha mãe e Serena celebrarem o resultado, lançando seus braços ao meu redor como podiam, num abraço grupal desconcertado do qual emergi rindo, com as mãos sobre o rosto, escondendo o choro tímido e exausto após dias de tensão e pavor. 

– Nem acredito que... Que... – gaguejei, encarando o papel já esquecido sobre o sofá, no apertado espaço entre Zayn e eu, e sem conseguir completar a frase, apenas balancei a cabeça e voltei a me esconder (dessa vez, no abraço de minha mãe, que chorava comigo, e distribuía beijinhos por onde pudesse). 

– Amiga, você não imagina como é bom te ver assim outra vez! – Serena exclamou, pronta para me esmagar com seus braços assim que os de mamãe me libertaram – Sorrindo desse jeito, feliz de verdade. Dá licença que eu vou chorar também! 

Às gargalhadas, retribuí seu abraço apertado, sentindo meu coração acelerado dentro do peito, porém agora de alegria e nada mais.

– Obrigada, gente, mesmo – funguei, enxugando o rosto e sentindo minhas bochechas quentes em meio à euforia pulsando em minhas veias – Obrigada por me apoiarem durante essa última semana... Não sei o que seria de mim sem vocês. 

– Tá, tá, já entendemos, você nos ama – Zayn riu, puxando-me para mais um abraço – Nós também te amamos, caso ainda não tenha ficado claro.

Biology II • ZMOnde histórias criam vida. Descubra agora