Capítulo 05 - Riscos

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Jeremias

Valerie atende à ligação e instantaneamente seu rosto fica lívido.

— Benjamin está bem? — Faz uma pausa. — Estou indo.

Desliga, coloca rapidamente a camiseta que está jogada no chão e tenta sair desnorteada. Seguro seu braço com delicadeza.

— O que houve?

— Colocaram fogo no meu apartamento, Remi...

— Quem faria isso? — questiono surpreso.

— Não sei. — Esfrega as mãos na calça. — E se meu filho e a Dasha...eles... — Seu lábio treme.

— Ei, eles estão bem. — Puxo-a para os meus braços. — Vamos lá ver o que aconteceu. Só espere um minuto, ok? — Concorda.

Corro até meu escritório para pegar a carteira e a chave do carro, volto e a encontro no mesmo lugar. Entrelaço sua mão na minha e saímos apressados. Durante todo o caminho, Valerie se mantém quieta, às vezes eu escuto algo como "não pode ser" ou "eles me encontraram", o que me deixa bem confuso, mas resolvo deixar as perguntas para depois. Agora, temos algo mais sério para resolver.

A loucura de momentos atrás não era para ter acontecido, eu estava trancado na minha sala, me segurando para não ir atrás dela e exigir saber o porquê daquela intimidade com o Logan, saber qual era a razão para não matarmos a vontade que sentimos, mas, assim que ouvi a música ecoar pelo ambiente, ficou impossível de me segurar. Se o telefone não tivesse tocado, ela teria dito o que tanto anseio ouvir.

Valerie nem espera o carro parar direito para abrir a porta e sair. O lugar está um caos. Bombeiros tentando controlar o fogo para que não se espalhe, pessoas gritando e muitos curiosos na rua.

— Como vocês estão? — pergunto assim que me aproximo.

— Estamos bem — responde Dasha. — Saí para ir ao mercado e, quando voltei, o apartamento estava em chamas. Os vizinhos chamaram os bombeiros. — Ela está nervosa e não tenta esconder o choro. — Acho que foi proposital. Algumas pessoas ouviram um barulho alto e me disseram que a porta foi arrombada. Estou com medo, Lee...

Valerie está agarrada ao Benjamin.

— Ninguém vai machucar vocês, Dasha. Eu prometo.

Tão pequena, frágil, guerreira...

Por incrível que pareça, no meio daquela bagunça, eu acabo por amá-la ainda mais.

Deixo os três encostados no meu carro e vou atrás de notícias.

O comandante dos bombeiros não me diz muita coisa. Para não atrapalhar o trabalho deles, afasto-me. Fico ao lado da Valerie, acariciando seu braço para tentar lhe passar um pouco de conforto. Benjamin está inquieto. Ora chora, ora quer descer no chão.

— Dê-me ele, querida. Você está nervosa e está passando isso para o seu filho. — Ela me olha relutante. — Vamos lá, só quero ajudar.

Chamo o pequeno que, sem receio, estica os braços para mim. Assim que o pego, deita a cabeça no meu ombro e logo dorme.

Ficamos ali, esperando. Valerie pensativa, Dasha chorosa e eu tentando entender porque alguém iria querer fazer algum mal para eles. Minha cabeça dispara perguntas que a minha boca não faz. Vou esperar o momento certo.

Algum tempo depois, nos liberam para subir. Chegamos ao terceiro andar e adentramos o apartamento. A maioria dos cômodos estão intactos, o único lugar realmente afetado é o quarto da Valerie.

MEU PRESENTE É VOCÊ - LIVRO III (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora