Capítulo 9

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        Omar me olhava incrédulo. Como eu poderia ter demitido minha salvadora? Eu nem ao menos me lembrava de te-la demitido, na verdade, não me lembrava de quase nada o que havia dito naquele dia tão angustiante. Quando dei por mim, liguei apressado para a recepção e ela ainda estava na empresa. Ela entrou muito nervosa na minha sala. Ela diz que estava indo pois apesar de ter feito o plano de trabalho, eu a tinha demitido. 

        Eu era mesmo um imbecíl. Fazia uma bobagem atrás da outra. Reconsiderei sua demissão e a mandei para o almoço. Eu beijei a sua mão com doçura, me sentia como se aquelas mãozinhas me tivessem resgatado do inferno. Omar viu a cena e mais uma vez brincou dizendo que aquilo era amor! Que o que eu sentia pela Lety era o mais puro amor. Mal sabia ele que... bom, isso falaremos mais tarde!

        Quando ela retornou de sua salinha, eu tirei mais algumas dúvidas sobre o trabalho. Só aí que eu a deixei falar e soube que para que aquele trabalho estivesse ali, ela havia passado uma noite inteira sem dormir, soube que ao chegar na empresa ela perdeu o CD com o trabalho, pois havia levado um tombo que feriu seus joelhos, lhe quebrou os óculos e por sorte os filhos da Lola tinham encontrado o envelope com seu nome. Ela foi almoçar e analisando aquele material, vi o quão genial aquela mulher era. Sim, a Lety havia se tornado indispensável para mim. 

        Até o Omar reconheceu o que eu não disse: a Lety era vital para a Conceitos. Alice desapareceu e nem nosso almoço ela conseguia pedir. Assim que a Lety retornou, Omar as parabenizou pelo trabalho, pois os erros que nenhum de nós detectou, ela havia encontrado, assinalado e resolvido. Ela se mostrou absolutamente brilhante. 

        Depois de ver aquele trabalho, não havia mais dúvidas: Alice tinha roubado o relatório da Lety no dia da reunião, mais do que isso, minha noiva certamente havia colaborado com isso. A Lety lidou com elas sozinha, ela sabia que Alice não seria capaz de fazer o plano de trabalho. Me orgulhei da minha brilhante e genial guerreira, que venceu mesmo lutando em silêncio. Decidi deixar por isso mesmo, pois repreender Alice podia significar prejudicar a Lety e isso eu definitivamente não queria fazer. 

        Resolvi outras questões com o Luigi e esperava que a Lety finalizasse os ajustes no meu plano de trabalho. Me preocupei com os gastos absurdos da produção de um comercial de tintura para os cabelos. Luigi queria gravar numa locação de difícil acesso, encarecendo muito os custos. Para lucrar mais, eu teria que gastar menos.

        No fim do dia, a Lety não havia terminado os ajustes, mas combinamos que ela o entregaria bem cedinho na manhã seguinte. Além disso ela precisava dormir, estava esgotada. A última má notícia do dia foi saber que o Ariel tinha ido na empresa e confirmado pessoalmente que estaria às 9hs para ver meu plano de trabalho.  A insegurança e o pânico tromavam conta de mim. Olhei nos olhos da minha pequena secretária e suplicante lhe disse:

        - Eu estou nas suas mãos, Lety! 

        Eu passei a ve-la como um trunfo, ela era absolutamente brilhante, indispensável e esperta. Na realidade, eu sentia que aquela mulher era mais importante do que eu poderia explicar a mim mesmo naquele momento...

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