O fim de semana se passou sem muitas novidades, além da visita que a Márcia e eu fizemos aos dois estúdios que a Conceitos pretendia comprar. Assim que chegamos ao escritório contei à Lety sobre a visita e disse o quanto estava animado para compra-los. Ela não demonstrou o mesmo interesse, mas Márcia, Luigi e Omar me esperavam na reunião de produção e eu não podia questioná-la.
Entrei no estúdio onde seria a reunião que trataria da produção de um comercial de tintura para cabelos e Luigi estava irredutível: queria fazer a filmagem em uma locação externa e de difícil acesso. Eu me aproveitei da presença dos clientes para dizer que faríamos toda a filmagem com a modelo no estúdio, usando o recurso do Chroma key, ou seja, iríamos inserir as imagens da locação escolhida por Luigi com efeitos gráficos. Convenci o representante da marca de que ficaria perfeito e ele não se opôs. Luigi é claro ficou furioso e me ameaçou dizendo que eu pagaria por aquilo que ele classificava como uma traição.
Já na sala de reuniões com Omar, Márcia e Lety eu contei maiores detalhes da visita aos estúdios. Eles nos custariam 3 milhões de dólares, mas o investimento valeria a pena. Lety ainda com aquele olhar apreensivo disse assim que terminei de falar:
- Olha Seu Fernando, não acho uma boa ideia comprarmos esses estúdios! É melhor continuarmos alugando quando necessário. Compra-los significa descapitalizar a empresa.
Márcia se remexeu na cadeira e disparou:
- Pela primeira vez terei que concordar com essa mocinha! Vamos deixar tudo como está!
Teimoso como sempre, eu não ouvi nenhuma das duas e perguntei a Lety como faríamos para conseguir esse dinheiro de qualquer jeito. A única forma era aquela que menos me agradava: um empréstimo bancário. Eu não queria colocar a empresa em apuros, mas se assim fosse necessário, pediríamos o empréstimo. Ainda falávamos sobre isso quando Alice entrou na sala dizendo que os formulários do Banco Latino haviam chegado e estavam com o Duarte. Lety havia se adiantado, já me conhecia bem o suficiente para saber que eu não desistiria da ideia da compra e havia ligado para o banco pedindo essa documentação. Fiquei apavorado ao saber que esses papéis estavam nas mãos do Duarte e pedi a Lety que cuidasse pessoalmente disso, então ela se retirou para ir a sala do Duarte busca-los. O presidente do banco estava ao telefone e eu já deixei claro que quem trataria do assunto era a Lety, assim evitava que informações chegassem ao Duarte por todos os lados.
Terminamos a reunião e quando voltava para a presidência recebi um envelope amarelo de Luigi que deixei pra ver mais tarde. A Lety já estava demorando a voltar com os papéis e quando entrou na minha sala, me contou o que havia acontecido:
- Tivemos problemas, Seu Fernando! O Duarte se negava a me entregar os formulários. Ele se irritou porque o senhor me pediu pra tratar do assunto. Ele disse que estava ciente da minha supervisão, não de que eu faria o trabalho dele. Sinto que teremos problemas com ele!
- Eu sei Lety, mas agindo assim ele facilita as coisas pra mim, porque desse jeito, eu vou acabar sendo obrigado a demiti-lo! Mas cuide de tudo pra mim, por favor! Eu confio no seu trabalho e sei que em suas mãos, a informação estará segura!
Omar entrou em seguida e eu já tinha me esquecido do tal envelope quando Márcia entra feito uma bala na minha sala.
- O que significa isso, Fernando?
Em suas mãos uma foto em que eu aparecia muito bem acompanhado, com várias de minhas “amiguinhas”. Abri o meu envelope e o conteúdo era uma cópia desse mesmo retrato. É claro que eu neguei que fosse um retrato verdadeiro, afinal uma ou duas haviam sido colocadas ali por montagem. Ela se acalmou, pois entendeu que essa era a vingança do Luigi. Quando ela saiu Omar e eu ficamos nos divertindo com a situação! Ele dizia que se aquela foto fosse totalmente real, eu seria o herói dele. Éramos dois bobos!
Omar me contou que Alice havia feito questão de conta-lo sobre o encontro com Ariel, pois ainda tinha intenção de fisga-lo. Ele me disse que fingiu ciúmes porque ainda queria algumas noites com ela e além disso, assim como eu, ele queria evitar que ela se aliasse a Ariel. Estávamos manipulando a tonta da Alice, ou pelo menos achávamos que sim, pois não poderíamos ter um único aliado de Ariel entre nós. Seria perigoso demais.
Lety finalmente trouxe os formulários dos empréstimos para eu assinar. Eu sabia que com aquela assinatura, eu começa a colocar tudo o que eu tinha em risco, eu tinha consciência do que estava assumindo. Lety me pediu para conferir os papéis, pois notou a minha insegurança. Olhei no fundo dos olhos dela e disse:
- Tenho certeza de que não há o que conferir! Confio em você e também sei que com essa assinatura, eu darei início a uma aventura que durará cerca de 1 ano. Essa será a maior aventura da minha vida e eu confio em você para estar comigo. Você cuidará das finanças praticamente de forma completa, pois eu não consigo confiar isso a mais ninguém além de você. - Abaixei os olhos e assinei tudo. Era a primeira das muitas vezes em que assinaria qualquer documento sem ler uma única linha, desde que a Lety me dissesse que eu poderia fazê-lo. Eu confiava cegamente nela e sentia dentro de mim que era seguro agir assim. Ela recolheu a documentação em silêncio, me olhou com olhos que me faziam sentir seguro, como se esse magnetismo me pudesse salvar ainda que eu pulasse de um precipício, respirou fundo e finalmente com uma voz firme e decidida me disse:
- Pode confiar, Seu Fernando! Eu estarei ao seu lado para tudo! – ela de repente se empolgou e mais animada do que nunca repetiu sua frase. Quando percebeu o exagero, ficou vermelha e se retirou envergonhada em direção a sua salinha.
Seus gestos, suas palavras me deixaram ali parado, sorrindo como um bobo! Ela era tão forte, me passava tanta segurança e ao mesmo tempo, tinha um jeito de ser quase infantil. Ela era realmente surpreendente.
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Recontando a história
FanfictionUma história amada por todos contada agora por alguém que a viveu ou talvez, foi vitima dela. Fernando Mendiolla revela o que sentiu durante cada segundo dessa história...