Capítulo 2 - Nathalie

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Idiota, grosso, estúpido, quem esse cara pensa que é pra falar comigo daquele jeito? Jake dessa vez passou de todos os limites, eu sabia que ele não gostava de mim – e o sentimento era recíproco – mas aquilo foi demais, me senti humilhada, exposta, saí bufando de raiva deixando ele no meio da pista de dança, eu precisava respirar, me acalmar.

Eu sei que errei no passado, que não deveria ter caído na lábia de um conquistador, ele me contou as maiores mentiras e eu, ingênua, acreditei e acabei grávida e sozinha. Se não fosse por Ash não saberia onde estaria hoje, além de assumir Brian e se tornar um verdadeiro pai, ele virou um grande amigo, depois do canalha do Olin me despachar – foi realmente o que aconteceu – para Londres, passei a morar com Ash e ele deu tudo de bom e do melhor para o meu filho. Eu não poderia ser mais grata.

Mas nada era motivo para ser tratada assim, Jake exagerou e agora estou me sentindo a pior pessoa que possa existir. Ele não podia e não tinha o direito ter falado assim comigo.

Já tinha me afastado bastante da tenda onde estava acontecendo a festa, tirei as sandálias e fui em direção ao mar, as lágrimas que eu tinha segurado até agora começaram a rolar sem parar, soluços tomaram conta de mim, aquilo para mim era insuportável, eu não poderia continuar a trabalhar com um cara como ele, apesar de estar diretamente ligada a Emy, eu o via todos os malditos dias, ele me ignorava ao máximo, nos falávamos o estritamente  necessário e isso não me afetava, até agora.

Eu não o entendia, Emy que foi a maior prejudicada nessa história toda e não teve essa reação toda que Jake tem. Ela entendeu que o ex-marido não era o que ela sempre achou que fosse. Depois que descobriu a traição e tudo de errado que ele fez nós nos tornamos amigas. Eu já estava uma verdadeira bagunça quando ouvi chamarem meu nome, merda.

– Nathalie! – Era Jake que corria na minha direção, eu não precisava dessa merda agora, muito menos que ele me visse nesse estado deplorável. – Nathalie! Espera! Eu... – Ele passava as mãos nos cabelos, parecia frustrado. – Me desculpe, ok? Eu fui um idiota. Sinto muito.

Minha raiva não poderia aumentar mais, eu ainda estava virada de costas para ele, estava olhando o mar, quando virei para encará-lo vi o espanto nos olhos dele, minha cara deveria estar um horror.

– Me perdoe. – Ele disse quando se aproximava, sua mão tocando meu rosto, seu toque era gentil, não pensei duas vezes reuni toda força que eu tinha e sem perceber minha mão foi parar bem no lado esquerdo do seu rosto, um forte tapa que ecoou pela praia, ele alisou o local e me deu um meio sorriso.

– Certo, eu mereci essa, eu admito. – Ele já estava sorrindo, o tapa não fez com que ele se afastasse, pelo contrário, ele foi se aproximando cada vez mais, deixando minha respiração ofegante.

– Você realmente mereceu e merece muitos outros. Você foi um completo idiota. Você não sabe nada da minha vida, ouviu? NADA! Não me chame de vadia! Eu não admito isso. – Minha raiva não tinha diminuído, minhas lágrimas caíram novamente e eu me afastei dele, virando as costas para ele e indo em direção ao mar, precisava pelo menos sentir o mar nos meus pés.

Ele chegou atrás de mim e me segurou pelos ombros e me virou, o corpo dele estava tão próximo ao meu, meu peito subia e descia com força, ele segurou meu rosto com as duas mãos me forçando a encará-lo.

Era difícil de desviar os olhos dele, ao lado dele eu me sentia pequena – meus 1,65m não eram nada comparados aos quase 1,90m dele – ele era lindo, olhos azuis e cabelos negros, mas nada adiantava ser lindo por fora e por dentro ser uma pessoa horrível.

– Nunca nenhuma mulher fez isso comigo antes. – Seu olhar era intenso, fazia muito tempo que nenhum homem me olhava desse jeito, a última vez não tinha acabado muito bem.

Outro Olhar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora