Capítulo 9

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- Conheço algumas formas. Você me sugere alguma? - Eu disse.

- Podemos começar com... - ele foi interrompido pelo som do celular tocando.

Ele olhou e franziu o cenho. Porém, quando olhou a tela logo tratou de atender.

- Hendeston - disse ao levar o celular a orelha - Sim senhor Patterson. Sim ela está bem. Claro.

Ouvi um murmúrio vindo do aparelho e olhei Klaus tentando ler suas expressões.

Logo ele desligou e se virou para mim.

- Vamos ter que deixar para próxima vez.

- O que houve? Falou com o meu pai?

- Sim, ele quer que eu te leve para o Centro médico.

O olhei interrogativa.

- Seu pai tem um centro médico para casos como esse, de ataque ou caso haja algum ferido em recebimento de carga ou em qualquer coisa do tipo.

- Entendo, voce tem razão. Vamos.

Ele tratou de dirigir até o local e fomos até lá em silêncio.

Chegando lá fui recebida por olhares indecentes e Klaus logo tratou de me emprestar seu terno.
Encontramos todos espalhados pelo local e tivemos que esperar em torno de 4h para poder voltar.

Eu estive refletindo sobre tudo isso. É complicado demais pra mim. Mas eu quero. Preciso fazer por onde.
Não posso exigir um segurança para todo lugar que eu for.
Klaus está me distraindo do meu foco, mesmo eu querendo muito ele.

Andei a procura do meu pai. Mas não o encontrava. Klaus se aproximou e eu fingi que não o vi.

- Seu pai não está aqui Amanda.

- Ah - deixei escapar - É que eu precisava muito falar com ele. Sei que parece burrice mais ainda não tenho o número dele... você poderia...?

- Sim, aqui - me estendeu o celular e eu salvei o número dele no meu celular.

- Obrigado.

Me afastei discando o número dele.

LIGAÇÃO ON

- Filha, o que houve? Tudo bem?

- Sim pai, eu preciso falar com você... onde você está?

Ignorei o fato de eu não ter o número dele mas ele ter o meu.

- Vim conferir se já podemos voltar pra casa. Sobre o que quer conversar?

- Podemos falar pessoalmente?

- Sim querida. Só um instante - Ouvi murmúrios como se ele estivesse conversando com alguém - pode avisar todos que podem voltar? Quando você chegar conversaremos.

LIGAÇÃO OFF

Logo após ele desligar eu avisei a Klaus que todos poderiam voltar.

Ao chegarmos em casa fui para o escritório de Julius. Já era tarde da noite mas eu precisava falar com meu pai.

Entrei no mesmo e meu pai me recebeu com um olhar curioso me fazendo perceber a minha roupa.

Merda.

- Pai não é nada disso que...

- Tudo bem, não precisa me explicar nada, você já é crescida. Mas de quem é esse terno?

- Não pai, você não entendeu - ele parecia segurar o riso - Não tem graça - acabei rindo também.

Ouvimos duas batidas na porta e meu pai sibilou um entre rapidamente.
Um Hendeston sério entrou e meu pai olhou surpreso para ambos. Talvez seja o fato dele estar sem terno e eu estar usando um.

- Me desculpe eu não sabia que estaria aqui, eu volto depois - Klaus disse.

- Não, entre. Sente-se aqui - apontou para a poltrona do meu lado - Talvez agora eu queira uma explicação - nos olhou divertido e Klaus pareceu não perceber porque ficou branco igual papel.

- Senhor Patterson... - O interrompi.

- Pai, não é nada disso, eu estava dormindo e senti sede. Desci para beber água e Klaus desceu também e me disse que tínhamos que sair e não deu tempo de trocar de roupa. Chegando lá no hospital ele me emprestou o terno por que os outros seguranças estavam me olhando indecentemente - Disse revirando os olhos.

Klaus respirou aliviado e meu pai parecia prender o riso.
Não se aguentou. Desatou a rir da nossa cara.

Eu logicamente não achei graça nenhuma e Klaus parecia não entender nada.

- Klaus é meu soldado de confiança. Sei que está apenas cuidando de você. Confio nele a vida da minha filha. Sei que ele não faria esse tipo de coisa. Quis apenas descontrair. Vocês precisam relaxar.

O clima ficou pesado entre Klaus e eu e meu pai graças aos céus não percebeu. Ou pelo menos fingiu muito bem.

- Eu vim só avisar que todos já chegaram e já ocuparam seus postos. - Klaus disse.

Meu pai acenou com a cabeça e Klaus se levantou.

- Senhorita Patterson - disse e acenou com a cabeça também.

Ele saiu e meu pai olhou para mim curioso.

- O que está te aflingindo?

Respirei fundo. Precisava ficar calma.

- Tudo. Eu ainda não me acostumei com essa vida. Com todos e não sei; parece cedo para tudo. Mas eu estive pensando. Eu deveria começar com o básico sabe? Sobre isso tudo. Me sinto indefesa como se a minha vida dependesse da de outra pessoa. E se alguém tentasse me sequestrar e atirasse no segurança que estiver comigo? Sei que eles são pagos para isso e é o trabalho deles mas eu não sei se poderia me perdoar se alguém precisasse dar a vida por mim. - Ele escutava tudo atentamente e em silêncio e apenas me olhava. 

Eu disse tudo. Tudo que estava sentindo. Medo, pânico, sofrimento, saudades, tudo. Eu me senti leve mas ao mesmo tempo me senti ir ao fundo do poço. Eu estava mudando e não conseguia acompanhar a mim mesma. Senti falta, da minha mãe, da Sofia, da minha vida. Dentro do carro, no caminho pra cá, eu vi que realmente haviam pessoas das quais a vida deles estava custando o salário que recebiam no fim do mês. Não conseguia entender. Sim, eu sei que eles precisam sustentar a família, que os outros simplesmente estão ali porque gostam ou por qualquer outro motivo forte o suficiente para fazê-los arriscar a vida por tão pouco. Mas a própria vida? Por uma pessoa que apenas paga o salário? Senti meu rosto formar diversas expressões. Senti meu corpo voar e ao mesmo tempo não conseguir sair do lugar. Senti tudo que alguém na minha posição poderia e não poderia sentir. Eu joguei a minha vida no fundo do armário para guardar numa caixinha como lembrança e não poderia mais pegar ela de volta. 

Já estava decidido. Aprenderia a atirar, iria adquirir hábitos saudáveis, me manteria em forma e seria excelente no que eu futuramente irei fazer. Estudarei cada buraco dessa cidade e aprenderei tudo que for necessário para poder assumir os negócios dos Patterson. 

Se será necessário uma mulher madura, calculista e fria; será exatamente isso que terão. 

Hoje eu me despeço de mim mesma. Essa menina sentimental, amável e animada, será vista assim somente pela família e amigos. 

Hoje eu morri.


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Me perdoem a demora, me deu um bloqueio e juntou vários outros assuntos pessoais em cima massssssssss sábado tem atualização e vai ser uma coisa de louco!



Uma Dose de Desejo [PAUSADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora