Chapter Nine

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Cidade do México, dias atuais

Juliana Point Of View

Hoje estava se fazendo exato quatro meses que minha vida tinha dado um giro de 40 graus. Perder a Valentina foi como me perder no meio do deserto. Sem água, sem vida, sem perspectiva de absolutamente nada.
Por mais que eu não quisesse aceitar, eu tinha perdido a minha menina e por mais que me doa, ela não vai mais voltar. Custou muito colocar isso em minha cabeça, passei praticamente um mês largada na minha cama, trancada no quarto. Chorando, gritando, maldizendo tudo e a todos, pedindo por uma única chance, mas até agora ninguém realizou meu desejo. Se eu pudesse por um único instante concertar, eu tinha mudado aquele dia, eu não tinha entrado naquele carro, eu não tinha aceitado sair de casa aquela noite, eu simplesmente não tinha deixado isso acontecer. Mas infelizmente, por mais duro e ruim que seja, eu não podia fazer isso.

- Sinto sua falta – Digo olhando para aquela lápide a minha frente – A todo instante – Sinto minha voz embargar – Eu ainda não consigo aceitar que lhe perdi pra sempre – Aliso aquela maldita pedra – Dói e muito Val saber que nunca mais vou poder ver seu rosto ou simplesmente ouvir o som da sua respiração pesada enquanto dorme – Respiro fundo, tentando conter o choro – É difícil isso sabe e eu sei que eu nunca vou me recuperar completamente. Você é a minha alma gêmea – Sorriu – E viver sem você aqui vai ser quase impossível. Eu sei que alguns dias vão doer menos, mas terá outros como hoje – Respiro fundo – Que vão me dilacerar por completo – Enxugo uma lágrima que teimou em cair – Eu sei amor, que você não quer me ver assim. Mas eu não consigo ser aquela pessoa cheia de vida sem você – Minha voz começa a ficar trêmula, eu sabia que o choro estava próximo e que eu não ia conseguir controlar – É difícil acordar toda manhã e saber que não vou ver você, que não vou beijar você ou cair nos seus braços pra me sentir segura e amada. Por que Val? Eu só queria saber porque o destino brincou com a gente. Por que me tirarem você assim, de uma forma tão abrupta – Eu já deixava o choro vir com força – Eu não tive tempo nem de me despedir de você meu amor. Eu não pude olhar por seu rosto por uma última vez, tudo que restou aqui comigo dessa tragédia toda foi as nossas alianças – Segurei meu colar com força onde ficava as duas alianças unidas – Foi última coisa que você deixou comigo, foi tudo que restou de toda essa bagunça.

Me abaixei e deixei as lágrimas virem, não tinha força para parar e nem queria. Era horrível estar diante da confirmação da morte de Valentina. Desde que sair daquele quarto foi a quinta vez que pisei nesse cemitério, me doía e doí muito está aqui, diante dessa lápide onde continha o nome da minha menina e da data do maldito acidente. Senti uma mão em meu ombro, não me assustei, eu sabia de quem se tratava.

- Vamos? - Sergio me olhava com um leve sorriso.

Apenas confirmei com a cabeça, olhei novamente para a lápide e levei minha mão a mesma.

- Tchau meu amor – Sussurro – Por favor, não sai do meu lado – Pedi baixinho – Eu preciso sentir você comigo. Sozinha eu não consigo!

Sergio me ajuda a levantar e me abraça de lado, tentava me passar força como sempre. Ele foi quem me encorajou desde que sair do quarto, para vir aqui. Dizia que só me recuperaria quando eu começasse a encarar o que tinha acontecido de frente, quando eu realmente visse com meus próprios olhos que a Valentina não voltaria, que eu não poderia viver esperando por um milagre.
E ele realmente estava certo, eu só comecei a tentar viver novamente depois que eu estive aqui pela primeira vez. Era como se aqui eu pudesse entender que a Val não voltaria e que eu precisava me despedir dela. Como eu não tive essa chance, eu precisava fazer isso e foi por isso que Sergio me encorajou a vir aqui na primeira vez, e agora, sempre que eu precisava me sentir perto dela era aqui que eu me encontrava e todas as vezes era ele quem me acompanhava.
Encarei novamente aquela pedra, suspirei pesadamente.

Beyond Life - Juliantina Onde histórias criam vida. Descubra agora