Lar doce Lar

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Finalmente aqueles cômodos podiam ser chamados de lar.

Clara lutou bravamente para conseguir recuperar tudo aquilo que lhe foi usurpado, agora estava recebendo tudo o que a vida tinha a oferecer de bom e ela não podia estar mais feliz.

Recentemente voltou de uma viagem incrível que vez com o filho e o marido para o Jalapão. Tomaz e Patrick, os grandes amores de sua vida, Clara pegou-se refletindo sobre a própria história e conclui que nunca teria sido capaz de imaginar um terço das coisas que aconteceram e nem como a vida dela tratou de tecer esse grande enredo de altos e baixos que foram pautados em suas escolhas e pelas pessoas que a cercavam. Nesse tear do destino, inúmeros foram os duros golpes que levou e que ficarão eternizados como cicatrizes em seu coração, como ter sido trancafiada por anos e não ter visto o filho crescer, mas existem poucos, porém bons momentos que advinham as infelicidades, momentos que ajudaram para que ela não deixasse sua alma morrer e que lhe deram forças, como conhecer Beatriz, se aproximar da mãe e encontrar o grande amor de sua vida, Patrick.

- Oh, dona Clara, a senhora está melhor?

- Estou sim, Janete. Era só uma gripe, tomei uma injeção e estou muito melhor, obrigada

- Bom, a senhora vai querer comer alguma coisa agora? Ou vai esperar o Sr.Patrick chegar?

- Ah, não estou com muita fome agora, estou um pouco enjoada na verdade, mas daqui a pouco desço pra beliscar alguma coisa se precisar. Pode deixar que quando o Patrick chegar nos viramos sozinhos, pode ir descansar, Janete.

- Está certo, boa noite.

- Boa noite.

Janete continuou na casa mesmo que Patrick (e confesso que não só ele) ainda sentisse um incomodo pelo fato da "língua grande" dela ter nos colocado em situações ruins no passado, mas levando em conta que não corríamos mais riscos, não achei justo a despedir da noite para o dia. Finalmente não tínhamos o que temer e dizer isso era muito bom.

Não costumo desejar a morte de ninguém - mesmo das pessoas que me fizeram mal - ou comemorar esse tipo de coisa, mas não posso mentir sobre o alivio de saber que Renato não é mais uma preocupação em nossas vidas, durante a troca de tiros na casa de Juvenal, o médico foi atingido e levado ao hospital, porém não resistiu e morreu pouco tempo depois. Fabiana estava presa por ser cumprisse de sequestro e logo mais também estaria respondendo pelos crimes que cometeu contra Beatriz, essa era o tipo de justiça que Patrick faria, foi o único jeito de honrar a memória de sua tia-avó e mostrar a todos que a pessoa com algum tipo de problema, era de fato, Fabiana. E para completar a lista, Sophia também estava presa no hospital psiquiátrico.

A casa estava mais silenciosa naquela noite, hoje Tomaz passaria o dia com Lívia e dormiria lá, não posso dizer que é o cenário que imaginei quando pensei em ter meu filho de volta, mas os sentimentos de Tomaz são o que mais importam. A Lívia foi uma das pessoas que me apunhalou pelas costas, doeu, mas não posso excluí-la da vida do meu filho, ela pode ter sido um monstro comigo, mas foi uma boa mãe para ele. Espero do fundo do coração, que ela tenha aprendido alguma coisa com os erros do passado e que de alguma maneira tenha se tornado um pouco melhor, é só isso que me resta a fazer.

- Já são quase 22h00min ... Patrick já devia estar em casa, não imaginei que seu voo fosse atrasar tanto. Ele não responde as minhas mensagens, espero que esteja aterissando ou chegando em casa.

Clara foi até a cozinha, pegou um pedaço de pudim e sentou-se no sofá enquanto zapeava a TV em busca de algum conforto para aliviar sua cabeça, ela não encontrou nada que conseguisse prender sua atenção e optou por mexer no celular. A galeria de fotos do celular estava cheia de lembranças felizes, desde o casamento de seu avô com Dona Mercedes, o desfile de moda da mãe, a viagem ao Jalapão e até fotos do casamento de Juvenal com Desiree... quer dizer, Cândida - agora que estava casada a mulher pediu a todos para que a chamassem pelo seu nome de batismo. Foi uma cerimônia humilde, mas muito bonita, não havia dúvidas que Cândida estava realizando o grande sonho de sua vida, ela não conseguia parar de chorar de felicidade enquanto caminhava até o altar e Juvenal também não conseguia esconder o grande sorriso que tinha, mesmo que tentasse bancar o durão, foi possível ver uma lágrima escorrer pelo olho do lapidador.

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