Intimação

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- Clara, desde que saímos da casa de Dona Mercedes que você tá assim, calada. - comentou preocupado enquanto dirigia. - Mas é só olhar pro seu rosto que dá pra perceber que tem alguma coisa te deixando ansiosa. Não quer me falar o que aconteceu? – Perguntou de um jeito cauteloso.

O casal estava voltando conversando para casa após um final de tarde muito agradável, Tomaz dormia tranquilamente nos bancos traseiros, o garoto estava muito cansado de ter passado o dia correndo e se divertindo com Cacau.

Patrick cogitou questionar sobre a conversa entre a esposa e Dona Mercedes só quando eles estivessem em casa, mas após ver Clara voltando com o rosto levemente avermelhado e com um brilho que remetia a lágrimas nos olhos, ele ficou curioso e preocupado sobre o teor da conversa entre as duas mulheres. Na primeira vez que perguntou à esposa o que tinha acontecido, enquanto entravam no carro, Clara desconversou e disse que depois contaria, o advogado entendeu que ela queria conversar as sós, sem que Tomaz escutasse, mas agora que o menino dormia profundamente no carro, Patrick não conseguia conter a necessidade de obter respostas de Clara.

Clara, que estava passando toda a viagem olhando pra janela enquanto revezava em mexer no cabelo e morder levemente o dedo, tirou seus olhos da paisagem e os fixou em Patrick. Ela queria tanto contar pra ele, compartilhar toda a alegria que estava contendo dentro dela, mas aquele não era o momento e nem o lugar, ela precisava ter um pouco mais de paciência, apesar de confiar totalmente em Dona Mercedes e sentir dentro de si que tudo era verdade, a mulher queria ter os resultados dos exames do médico para contar ao marido.

- Não se preocupa, não foi nada... Ruim. Fica calmo que é coisa boa. – Disse tentando tranquilizar o marido.

Patrick parou no semáforo, esperando que a luz vermelha voltasse a ficar verde.

- Mas se é bom, então por que você não me conta logo? Esse suspense todo... Não sei não, viu, Clara. O jeito que você chegou com Dona Mercedes na sala, percebi que você chorou, isso não dá pra esconder porque te conheço, consigo notar a distância e o motivo desse teu choro me preocupa.

Clara virou o corpo em direção ao de Patrick e encostou a cabeça no banco do carro, depois passou a mão no rosto do advogado em um gesto carinhoso, Patrick segurou a mão e a levou aos lábios beijando-a com os olhos fechados. Clara puxou o cinto de segurança em busca de espaço suficiente para ficar mais próxima de Patrick, ela queria tocar-lhe os lábios, mas ainda não estava próxima o suficiente. No momento em que abriu os olhos, o homem viu que a esposa estava mais próxima e foi a vez do mesmo curva-se, colando assim os lábios dos dois em um beijo terno.

- Te prometo que não é nada ruim, Patrick. Só tô pedindo pra você ter um pouquinho de paciência, vai valer a pena. – A mulher disse cada palavra enquanto acaricia o braço do marido.

- Se você diz, então confio em você. Só espero não aguardar a revelação desse "segredo" por muito tempo.

- E não vai, aguarda mais um pouquinho só.

- Tudo bem... – Os dois se separam e voltam às posições anteriores, quando pareceu que Patrick tinha se dado por vencido, o advogado tenta uma última vez. – Mas tem certeza que não dá pra adiantar nada agora e ...

Antes de terminar a frase, o casal ouve uma buzina e percebem que o semáforo estava aberto e que estavam segurando um pouco o transito, felizmente não tinha muitos carros no momento e não gerou mais que uma buzina de alerta. Patrick sai com o carro depois do leve susto, Clara deu uma risada.

- Aqui não é o melhor lugar pra conversar sobre isso, tem que ser em um ambiente calma, de preferência em um no qual você não esteja dirigindo. – Diz a mulher de forma animada.

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