Aurora

Silêncio

-- Meses Depois --

- Já falei, Patrick. Eu vou ficar bem.

-Argh, não gosto dessa ideia de me afastar de você, mesmo que sejam por dois dias, principalmente nessa fase da gravidez, Clara.

- Amor, eu estou com sete meses ainda...

- Faltam apenas 3 dias pra fazer oito!

O sol aparecia timidamente no céu e apesar de muito cedo, o casal já estava acordado e conversava enquanto estavam deitados na cama.

- Não está na hora dos nossos filhos nascerem, eles podem esperar pelo menos dois dias até você voltar, não precisa ficar angustiado, Patrick. – Clara tentava consola-lo.

- Clara, prometi que ficaria trabalhando de casa durante toda a sua gestação, prometi ficar aqui e cuidar de vocês, não queria quebrar essa promessa.

- E não vai, você ficou todos esses meses resolvendo tudo por aqui, sempre estará cuidando de nós, mesmo que esteja longe. Amor, sou uma das que mais quer que você fique em casa, dormindo comigo, me dando beijo...

- Te fazendo massagem, dirigindo até a casa da Dona Mercedes pra pegar os bolinhos de chuva que ela faz, já que só os dela são gostosos e matam o seu desejo. – Patrick ri, Clara não estava sendo o tipo de grávida com desejos impossíveis, mas ele nunca vai esquecer de ter que dirigir quase de pijamas pela manhã pra buscar esses benditos bolinhos de chuva.

- Foi só uma vez, seu bobo! – Ela ri.

Os dois se beijam.

- Eu sei, mas se fosse necessário dirigiria de madrugada todos os dias por vocês quatro.

Patrick encosta a cabeça no peito de Clara e acaricia sua barriga; Clara distribui cafunés no cabelo do advogado.

- Queria muito viajar com você, mas estou enorme! Não vejo a hora dos nossos filhos nascerem, segurar eles nos meus braços e conseguir ver meus pés novamente. – Brincou Clara – Eu estava pensando em fazermos uma coisa antes de você viajar...

Patrick a encara e levanta uma sobrancelha.

- E o que seria?

- Escolher os nomes dos nossos filhos! Não conseguimos chegar a um acordo.

- Conseguimos escolher um nome.

- Sim, mas esse nome é uma homenagem obrigatória, até uma honra, sem essa pessoa não estaríamos aqui, era o minimo que podíamos fazer.

- Beatriz... Minha amada tia-avó. Às vezes fico pensando como seria se eu tivesse conseguido tirar ela de lá, sabe, antes do Re... Daquele maldito ter a matado, eu poderia ter salvo vocês duas, sei que minha tia não sairia de lá sem você, poderia ter poupado vocês de alguns anos daquele lugar terrível, eu tinha que ter arrancado ela de lá!

- Ei, Patrick, olhe pra mim. – Clara levantou o rosto do marido com a mão, era possível ver algumas lágrimas tímidas escondendo-se nos cantos dos olhos do advogado. – Você fez o possível e o impossível pra tirar a Beatriz de lá, você realizou as últimas vontades dela, você colocou a culpada de tudo isso na cadeia e você devolveu minha vida. Não fique se atormentando por coisas que não estavam ao seu alcance, como por exemplo, prever que aquele desgraçado mataria a Beatriz. Ela sempre soube que estava lutando por ela, que a amava, por isso ela me enviou até você... Porque também te amava e confiava em você.

Patrick beijou as mãos de Clara.

- Você tem razão, é que essa sensação de impotência e "não ter feito o suficiente" as vezes ronda a minha cabeça, principalmente quando sinto falta dela e fico imaginando como ela reagiria com a nossa relação, ela era uma mãe pra mim, queria que ela tivesse visto esse momento da minha vida com você, nossos filhos...