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Eu continuo me perguntando ... Por quê? Mas não escuto nenhuma resposta ás minhas perguntas, só tem silêncio, uma droga de silêncio que não aguento mais. Não sei o que aconteceu nos segundos seguintes, lembro-me de falar... Ou gritar desesperado para que o motorista do carro acelera-se,

Aquilo não podia estar acontecendo.

O motorista do taxi saiu disparado pela estrada, eu tinha contado a ele o que estava acontecendo? Não me lembro, mas meu coração gritava tão desesperadamente no meu peito que abafava os sons que saiam da minha garganta. O que estava acontecendo?! Eu fiquei perdido dentro de mim e o mundo exterior pareceu rodopiar mais que o comum, rápido de mais, quase vomitei diversas vezes, mas minha garganta tinha se fechado para isso também, eu não conseguia mais falar.

Tudo ficou em silêncio, eu não ouvi mais nada.

Passamos como um borrão pela rodovia que daria naquela estrada, ela estava passando por lá, ela estava passando por lá ... Meu Deus, por quê ninguém me responde?

Então eu vi.

Algumas pessoas estavam por perto, mas os policiais tinham isolado o local e era possível ver um carro grande e com a lateral muito danificada, um acidente de carro tinha acontecido ali, entretanto só tinha um carro no local naquele momento; Felizmente não haviam corpos na pista, mas tinha uma ambulância parada, provavelmente fazendo algum atendimento. Havia um pouco de transito devido ao acidente, principalmente por causa dos curiosos que iam parando e ...

Foi então que nos aproximamos e após ver melhor o veiculo e a placa, senti meu corpo quase desfalecendo e tive minhas respostas, ali estava explicado o motivo do silêncio e eu comecei a tentar abrir desesperadamente a porta do carro, comecei a gritar que precisava descer para o motorista. Aquele carro pertencia a Clara.

- É o carro da minha esposa, eu preciso descer! Jesus, ela está grávida! Abre a porta!

O motorista pareceu perturbado e abriu a porta no segundo seguinte, o carro mal tinha estacionado e eu pulei do veiculo o mais rápido que pude e corri até a barreira de proteção feita pela policia. Eu estava atordoado,

Cadê a Clara?

Comecei a gritar seu nome enquanto tentava passar pelas pessoas e então senti mãos segurando meus ombros.

- Senhor, essa área está isolada e ninguém pode passar!

- Eu vou passar, sim! Minha esposa estava nesse carro, Clara, o nome dela é Clara. Pelo amor de Deus, onde ela está? Ela está grávida, ela estava indo pro hospital e ...

O policial pareceu chocado no primeiro momento, mas percebeu que eu não mentia. Ele me conduziu até a ambulância e meu coração já estava a centímetros de atravessar o meu peito, assim que chegamos até o veículo duas faces familiares apareceram.

- Patrick?

- Dri? Cadú? O que aconteceu, vocês estão bem? Onde está a Clara, ela tá bem? Os bebês estão bem?

Dri me abraçou e Cadú acenou com a cabeça em minha direção.

- Patrick, você precisa ir pro hospital agora. Minha mãe foi junto com a Clara, ela estava em trabalho de parto, nós...Nós estávamos falando com você no celular e de repente alguém bateu no nosso carro com muita força, bem do lado da Clara. Mas felizmente ela estava sentada no meio do carro e não absolveu todo o impacto da batida, porém ela bateu a cabeça na confusão e ficou desacordada por alguns minutos, entramos em pânico e ligamos pra emergência, a levaram direto pro hospital.

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