"BRUCE"... Além Das Lembranças...

CAPÍTULO 13-

Acordo com alguns tapinhas no rosto, abro os olhos e grito desesperado ao ver dois homens na minha frente, seus cabelos são Armados como arbustos que passaram anos sem ser cortados, seus rostos são pintados com um tipo de pó branco, um deles sorri e posso dizer que faltam praticamente todos os dentes em sua boca. Suas roupas... Bom.. Eles não estão usando roupas...

___ Deus, todo poderoso, me leve para junto de vós! - choramingo, e um deles me dá um tapa no rosto.

__ Ei, porque você bateu em mim? - em resposta recebo outro tapa.

__ Para de me bater, Espírito feio! - grito e recebo o terceiro tapa.

Tudo está rodando, agora enxergo quatro deles, acho que engoli um dos meus dentes.

__ Você tá bem? - me viro e vejo Matt, pendurado de cabeça para baixo em uma árvore... Mas eu estou enxergando duas árvores, dois Matts.

__ yo.. Toe bienhe! - digo atropelando as palavras, com meu espanhol "perfeito". Começo a rir como um louco, rolo no chão e não consigo parar por um segundo.

__ Você está mais idiota que o normal! - Matt diz e eu o encaro, ele está ficando roxo pela posição.

__ Você vai morrer aí! - digo e começo uma crise de risos novamente.

Não sei o que está acontecendo comigo.

Eles devem ter me dado algo para beber, sei lá, ou foi os tapas. Eu não estou normal.

__ Só se for depois de você! - ele diz, e eu o encaro confuso.

__ Quê? - pergunto, e sinto outro tapa no meu rosto.

__ Vociê ten mãos dielicadas! - digo e caio com a cara no chão, minha visão se apaga pela segunda vez nesse dia.

___:*:___

__ Yah?

__Yah!

E essas são as primeiras "palavras" que escuto, sinto meu rosto doer e gosto de sangue na minha boca. A comunicação deles é bem variada...

__ Yah, yeh ahí! - um deles, o sem dentes diz.

__ Yah! - o outro responde com uma risada tão escandalosa, que me deu até medo.

Estamos em uma cabana, que dá uma visão para um lago azul cristalino que enche os olhos, e deixa qualquer um, sem palavras.

São duas camas feitas de cipós e folhas grandes. A cabana também é feita com o mesmo material. É um lugar aconchegante, se não fosse pelos mosquitos que perturbam meus ouvidos em uma orquestra terrível.

Matt, está deitado no outro leito, dormindo. Seu rosto está coberto por folhas de alguma planta vermelha. Olho tudo em volta e vejo que agora os dois estão  sentados no chão, cada um segura uma cordinha, e no fim delas tem um tipo de inseto com asas amarrados.

__ Vocês são os espíritos dessa ilha? - pergunto e eles nem olham em minha direção.

__ Ei, vocês são...

__ Yah Ohio! - Um diz apontado para algo no lago que está com uma cor diferente, um azul mais vivo, brilhante, hipnotizante.

__ O que é isso? - pergunto me levantando e indo em direção ao mesmo, estou encantado com o lago, tão bonito.

__ YAHHHH SHU! - Um deles pula em minha frente e me empurra.

__ Yah, Yah, vocês estão me irritando com isso! - digo impaciente enquanto tento limpar a terra em minhas roupas.

__ Acho que eles não querem que você chegue até lá! - Matt diz apontando para o lago, seu rosto agora sem as folhas estão com marcas de uma mão, pelo menos eu não fui o único à apanhar aqui.

__ Você está péssimo! - digo com um sorriso satisfeito.

__ Devia ver seu rosto, você está parecendo um fantasma deformado! - diz e o sorriso em meu rosto se apaga.

__ Quem são eles? - pergunto apontando para os dois que agora estão preparando algo em cima de uma folha enorme.

__ Eles não parecem espíritos... Estão mais vivos do que nós! - diz e penso que realmente eles não parecem fantasmas.

__ Você acha que estamos correndo perigo aqui?

__ Eles não parecem perigosos, vejo bondade neles, ingenuidade, talvez eles sejam realmente os espíritos bons, mas vivos... - olhamos em direção aos dois.

Eles estão conversando animadamente, parecem felizes em seu mundo isolado, com o pouco que tem, que a natureza os proporciona...

Parece que eles não tem família, são sozinhos, como eu. Eu também consigo enxergar bondade nos dois, eles não foram envenenados pela sociedade lá fora, não são orgulhosos e nem sabem o que é o mal.

E isso é uma virtude, que todos nós deveríamos ter.