SEIS

192 28 48
                                    


"Oi...Johann..." Não pude formular uma frase maior que esta.

Estavamos a poucos metros um do outro, esperando quem daria o próximo passo. Felizmente o ruivo quebrou o silêncio.

“O que faz aqui?” Seus olhos brilhavam, mesmo na escuridão da boate. Podia vê-los perfeitamente, e essa constatação fez meu peito se encher de um sentimento maravilhoso.

“Vim dançar, assim como todos aqui…” respondi divertindo-me com nosso encontro inesperado.

“Disso eu sei…  só não esperava te ver aqui.” Notei o tom de surpresa genuína de Johann, enquanto me analisava, como fez das outras vezes também.

“Mas aqui estou, e se me der licença, preciso encontrar minha irmã…” Fiz menção em despedir-me, mas antes ele puxou-me novamente pelo braço.

“É impressão minha, ou você está me evitando?” Bom, o rapaz era mais esperto do que eu imaginava.

“Não estou te evitando... É que realmente preciso encontrar minha irmã Johann…” Rezava para que ele acreditasse nessa mentira.

Não posso contar a verdade à ele. Sob nenhuma hipótese. Estou te evitando sim ruivo, talvez seja devido a enorme queda que tenho por você, ou porque é namorado da Simone talvez?

“Ok senhorita...vou fingir que acredito no que me disse, mas não pense que esquecerei. Ainda vou descobrir o real motivo do seu comportamento estranho…” Mas de onde veio este cara? Ele não pode ser de verdade. Não existe essa possibilidade.

“Estranho? Não tem nada estranho no meu comportamento! E se me der licença…” Comecei a dar meia volta, indo em direção onde deixei Tábata. Mas não estava sozinha. Johann me seguia.

“Está me seguindo?” Perguntei, parando abruptamente em sua frente, encarando-o. Não tenha medo Gabriela. É só o namorado da sua vizinha, não é um serial killer.

“Eu? Te seguindo? Mas é claro que não! Estou procurando meu irmão…” Disse, com um ar divertido.

“Mas que coincidência, não é mesmo? Nós dois aqui, atrás de nossos irmãos! Que coisa…” Se ele pensa que vou acreditar nisso, está redondamente enganado.

Continuei andando, ignorando completamente a existência de Johann atrás de mim, como se isso fosse mesmo possível. Quando cheguei onde havia deixado Tábata, presenciei algo que fez meu estômago se revirar. Não que nunca tivesse a visto beijando um cara, mas daquele jeito, era a primeira vez. Tábata estava sendo praticamente sugada pela boca do rapaz de suspensórios. Aquele mesmo que ela tanto encarava mais cedo. A deixei sozinha por alguns minutos e quando volto dou de cara com os dois no maior amasso.

Johann estava parado bem ao meu lado. Mas não parecia estar se importando em ver aquela cena. Na verdade, ele estava rindo. Parecia uma risada espontânea. Parecia que ele conhecia aquele cara… Espere. Johann disse que estava procurando o irmão…

“Não me diga que aquele é o seu irmão…” Negava aceitar que essa situação estava realmente acontecendo.

“E aquela moça deve ser a sua irmã então. Acertei em cheio não é?” Johann me olhou e sorriu amplamente, o que só serviu para me deixar ainda mais desconcertada.

“Por mais que eu queira negar esse fato… Você está certo. É ela sim. Minha irmã. Ali, beijando o seu irmão. Que situação…” A vontade era de sumir, mas isso seria covardia demais.

“Martin!” Gritou o ruivo, conseguindo chamar a atenção do casal, que parou o beijo para virar-se e dar de cara conosco.

“Gabs?” Tábata disse, não sabendo bem ao certo o que fazer. Bem, se servir de consolo, também não sei como agir nesta situação.

A garota dos fones de ouvidoOnde histórias criam vida. Descubra agora