Às vezes, durante os segundos que passo admirando Johann, me pergunto se ele realmente é real, pois não é possível alguém ser tão atraente assim. A forma como o desenho do seu rosto combina perfeitamente com todo o resto, ainda é uma incógnita na minha cabeça, que apenas continua olhando fixamente para aqueles olhos vibrantes, que sorriem de volta para mim.Estaria o destino armando para me pegar?
Aquela velha reação começou a se agitar em meu estômago. A constante sensação de que meu coração martelava em um ritmo muito mais rápido que o normal. Batimentos acelerados devido àquela presença masculina, que cada vez mais incitava-me a comenter uma loucura.
Johann estava adorando isso. Sua expressão denunciava o prazer recém descoberto em me desconcertar. E mais uma vez, me vi em uma perda de palavras. O que poderia dizer ao ruivo para consentar todo o embaraço vivido naquela manhã?
“Eu sei o que está tentando fazer.” Foi assim que ele começou a conversa. Apenas disse em voz alta, fitando meus olhos a procura de respostas. Por que era tão insistente?
“Não sei do que está falando…” Respondi ao ruivo, negando o óbvio. Continue assim Gabriela, faça a sua jogada. Desconversei tentando parecer mesmo perdida em sua linha de raciocínio.
A porta do elevador se abriu, fazendo com que o ruivo e eu não tivéssemos outra escolha, a não ser entrar. O botão era o mesmo. Nono andar. Nove andares onde estaria lutando contra todas as minhas forças para ficar longe dele.
“Muito conveniente essa resposta… Está apenas tentando ganhar tempo…” Johann mantinha a postura reta, olhando fixamente para a frente, cruzando os braços parecendo irritado. E devo admitir que ele tinha todo o direito. Eu mesma no lugar dele estaria possessa.
Sabia que estava o irritando. E talvez seja melhor assim. Quem sabe se o ruivo me odiar, desiste da ideia de tentar algo comigo? Essa paixão por ele era algo impossível de acontecer. Mas mesmo contra todas as evidências, aquele ruivo teimoso não parecia querer dar o braço a torcer.
“Talvez.” Fiz pouco caso, como se fosse possível fazer pouco caso deste homem. Com essa resposta, verifiquei que aquela pessoa ao meu lado ficou ainda mais inquieta, passando as mãos por seus cabelos em completa frustração. Estava atingindo meu objetivo? Ou as coisas ficariam mais complicadas do que esperava?
Logo estas respostas foram respondidas. Johann virou-se em minha direção, mordendo os lábios em completo nervosismo, balançando a cabeça em negação. E em questão de segundos, seus braços me encurralaram contra a parede do elevador. Por um momento fiquei com medo. O jeito como me olhava não me deixou outra escolha a não ser encará-lo de volta.
“Estou perdendo toda a minha sanidade por sua causa…” Sussurrou, sem desfazer o contato visual comigo. Poderia morrer agora, pois minhas pernas falharam, ficando moles demais para uma réplica.
Não sabia como agir, nem o que deveria dizer. Seu corpo me afetava de tal maneira que não conseguia fazer outra coisa além de fitar sua boca, como uma mariposa em direção à luz.
“Ruivo...por favor, não faça isso.” Implorava sinceramente por clemência. Era tudo tão torturante, o que me deixava cada vez mais envolvida, sem chances de negar qualquer coisa àquele ruivo. E Johann parecia não ter a menor ideia de como me segurava para não ceder.
“Sua boca diz que não me quer...mas seus olhos dizem o contrário. Em que devo acreditar?” Ouvir a verdade não foi nada do que esperava para esse fim de noite. Ele sabia. Sentia. Podia perceber todas as mentiras que dizia simplesmente com um olhar. Um olhar intenso e profundo, capaz de despertar em mim todas as coisas mais proibidas.
“Acredite no que digo. Não vai acontecer.” Usei meu tom mais sério desta vez, buscando no fundo daquelas órbitas uma aceitação da minha ilusão. Será que ele poderia concordar com a minha razão? Tinha um pingo de esperança que o ruivo concordasse em manter distancia. Mas era uma coisa mínima mesmo, mais um fio pequeno, onde me agarrava como uma pessoa que estava se afogando sem saber nadar.
“É isso mesmo que você quer?” Johann estava cada vez mais perto, diminuindo a distância entre nós, até não restar nada além de nossos corpos em contato. Engoli em seco com sua visão tão perto. Se ao menos ele não fosse tão bonito, e não cheirasse tão bem, eu teria forças para parar essa sandice.
Sua respiração estava ofegante. Visualizava seu peitoral subindo e descendo, e cada vez mais me deixava envolver pela emoção. O que estávamos prestes a fazer era totalmente errado. Errar uma vez é engano, mas duas vezes… seria burrice.
Quando não tinha mais argumentos contra o ruivo, as portas do elevador se abriram, e com ela, a minha chance de fugir. Estou virando uma especialista de primeira em fugas. Aproveitei aquele momento de distração, e saí rapidamente do elevador, praticamente correndo em direção ao meu apartamento.
Quando pensei que eu, uma pequena mulher de um metro e sessenta seria mais rápida que um ruivo de um metro e oitenta, no auge do seu porte atlético? Logicamente Johann me alcançou com uma grande facilidade, prensando-me contra a porta de meu apartamento.
“Dessa vez, você não vai fugir…” Seus lábios invadiram os meus sem permissão, em um beijo roubado. Johann pressionava sua boca na minha, encontrando uma relutância repentina. Não queria ceder. Não podia ceder. O ruivo continuava me beijando, não se dando por vencido, enquanto eu permanecia imóvel, não respondendo aos seus comandos. Posso afirmar que foram os cinco segundos mais difíceis da minha vida. Quando senti seu abraço me puxar para mais perto, encaixando nossos corpos naquele abraço quente, perdi todas as forças que tinha para tentar impedi-lo, e finalmente cedi. Envolvi minhas mãos em suas costas largas, deixando sua língua abrir caminho em minha boca, sentindo aquele gosto maravilhoso mais uma vez. A sensação de ser totalmente possuída por ele é inexplicável. O jeito como me toca, faz com que meu corpo todo queira mais, e isso é extremamente perigoso. O ruivo beijava meu pescoço, sugando minha pele, causando-me todos os arrepios possíveis. Nossas respirações ofegantes não deixavam mais dúvidas de que ambos queríamos aquilo.
Era recíproco todo o desejo latente entre nós. Pude constatar isso mais profundamente quando senti sua ereção encostar em minha virilha. Soltei um gemido, arrancando uma pequena risada abafada do ruivo, que animado por minha reação, voltou a me beijar com toda a intensidade. Estava perdida naquele momento, saboreando a boca gostosa de Johann, deixando todas as minhas emoções à flor da pele.
Não sei quanto tempo ficamos no maior amasso em frente à minha porta, mas a uma certa altura, acabamos entrando em meu apartamento, continuando nossos beijos no sofá da sala. O ruivo estava em cima de mim, depositando todo o seu peso em meu corpo. Não reclamava, pois aquela sensação de prazer me deixou ainda mais excitada. Não queria parar tão cedo. Agora que já tinha jogado tudo para o alto, chutaria o balde mesmo. Já que tinha o ruivo gostoso aqui, me beijando como se não houvesse amanhã, aproveitaria o máximo. Sentir suas mãos percorrendo toda a extensão do meu corpo era uma coisa de outro mundo. E logicamente retribuía na mesma moeda, apalpando com vontade aqueles braços fortes. Estávamos completamente encaixados, dentro de nossa própria bolha, que nem percebemos quando alguém entrou na sala e começou a forçar uma tosse.
Mais do que depressa, meus olhos se arregalaram em choque com a intromissão indesejada. Empurrei o ruivo, que caiu do sofá atordoado. Mesmo com os cabelos completamente bagunçados, aquela era a visão mais sexy que eu já tinha visto.
"Que bonito hein?"
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A garota dos fones de ouvido
RomanceGabriela Mentger vive perdida em seus pensamentos. Cercada de amigas falsas, uma família que vê uma vez por semana em um almoço e vários amores platonicos. Gabriela possui somente seus fones de ouvido como refúgio do estresse. Tudo parecia estar and...