OITO

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"No exato momento em que te vi pela primeira vez...eu sabia. Eu sentia...que era você. Mesmo que minha razão quisesse negar fervorosamente essa verdade, o meu coração não podia."

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Analisava seus movimentos com cautela, esperando uma reação. Mas somente o que vi em seu rosto foi dor, mágoa e confusão. Isso me quebrou em tantos sentidos... 

Não sabia quanto tempo mais poderia resistir.

“Sua boca diz não...mas seu corpo todo diz o contrário… No que devo acreditar?” Agora ele me pegou.

“Nós não devemos fazer isso…” Meu corpo tomava vida própria, andando em direção à ele, que fazia o mesmo.

“Nós já fizemos...já está feito…” Seu próximo passo foi rápido, e urgente demais para ser contido.

Senti o gosto dos seus lábios nos meus no mesmo instante em que tocaram minha boca. Seu beijo era lento, quente, e cheio de desejo, o que fez com que meu corpo todo reagisse aos seus comandos. Johann me puxou para mais perto, se isso fosse humanamente possível, e tratei de enroscar meus braços em seus ombros, literalmente estragando todo o penteado que havia feito. Seus cabelos ruivos eram macios, e minhas mãos sentiam a necessidade de tocá-lo. Seu abraço foi forte e protetor ao mesmo tempo, envolvendo todos os meus sentidos. Tinha urgência naquela boca, e permiti que sua língua abrisse caminho na minha, fazendo com que nossos gostos se misturassem no calor daquele beijo.

Naquele momento, esqueci de tudo. Todas as coisas que me faziam fugir de Johann. Todos os problemas pareciam não existir naqueles minutos em que nossas bocas se encontraram. Que nossos lábios se fundiram, viciados um no outro. Eu não queria parar. Não queria mesmo. Mas o desejo pelo ruivo estava me consumindo por dentro. E então, veio a culpa. E enfim, voltei à razão, empurrando seu peitoral com minhas mãos, o que fez com que o ruivo me olhasse com uma expressão confusa.  

“Não deveríamos ter feito isso…” Disse, totalmente ciente do efeito que ele tinha sobre mim.

Minha respiração descompassada e o batom borrado podiam provar isso.

“Eu não me arrependo… Na verdade, eu quero mais…” Johann era a tentação em pessoa. Mesmo com os lábios visivelmente inchados e cobertos com o meu batom vermelho, o ruivo ainda parecia a coisa mais linda que eu já vi em muito tempo. Seu sorriso me desarmava por completo, mas nada que ele pudesse dizer mudaria o que fizemos.

“Não...fique aí onde está...não se aproxime de mim…” Adverti, fazendo sinal com as mãos para que ele se mantivesse afastado. “Preciso ir embora…Agora.” A última frase saiu mais grave, exatamente como queria.

“Mas Gabriela...vamos conversar! Você não pode me deixar aqui assim! Sem uma explicação plausível!” Johann me fitava, e podia visualizar seu peito subindo e descendo, demonstrado toda a indignação pelo meu comportamento.

“Eu posso… E eu vou. Nós não temos nada ruivo! E isso que aconteceu aqui...foi um grande erro…” Virei-me dando-lhe as costas, deixando-o sozinho.

“Isso é o que você diz...mas eu sei que não é verdade!” Gritou, com certeza esperando que eu ouvisse. O que deu certo.

Mas isso não me parou. Continuei correndo, apavorada demais para raciocinar. Com o coração na mão, quebrado e sangrando, as lágrimas simplesmente começaram a descer sem que pudesse parar. E então senti mais uma vez alguém me puxar.

Tábata.

“O que houve Gabs? Você está...chorando?” Sua expressão divertida logo deu lugar à preocupação.

“Não foi nada…” Foi só o que pude responder.

“Mas como nada? Ninguém chora por nada Gabriela!” Disso eu sabia.

“Eu não quero estragar a sua noite…” Isso era verdade. Comecei a limpar minhas lágrimas, tentando me recompor. “E onde está Martin?” Perguntei, tentando desviar a conversa.

“Foi procurar o irmão. Eu sei o que está fazendo...e não vai dar certo. Você sabe que vou acabar descobrindo.” Conhecendo Tábata Mentger, sabia que aquele era um fato.

Apenas concordei com a cabeça antes de ligar para a única pessoa que poderia me salvar. Hugo. Em meio aos protestos de minha irmã, enfim consegui convence-la a ficar com Martin, já que Hugo me buscaria. Despedi-me rapidamente dela antes de avistar a saída. Meus passos pareciam pequenos para a imensa vontade que tinha de correr daquele lugar.

Deixei a boate ainda impactada com aquela cena, que por mais que quisesse, não saía da minha cabeça. Foi o beijo mais gostoso que experimentei em anos… O primeiro e último.

Em menos de quinze minutos meu melhor amigo chegou para me resgatar. Apenas coloquei o cinto de segurança e pedi que dirigisse até meu apartamento. O trajeto foi feito em silêncio. O único som era o rádio que tocava uma música ambiente. Sabia que Hugo pediria explicações. Mas ele entendeu que agora não era o momento certo. Estava com os nervos à flor da pele, voltando e voltando, como um disco quebrado, a cena do beijo em minha cabeça.

Fechei meus olhos e pude ver o ruivo claramente, como se à minha frente estivesse. Sorrindo torto. Seus braços fortes me apertando contra ele, tomando meus lábios…

Infelizmente não foi um sonho. E já estava feito. Voltar atrás era impossível. Havia beijado Johann. E dentro de mim, o inevitável me dizia que a partir de agora, nada mais seria o mesmo...

Você está mesmo encrencada até os ossos senhorita Gabriela Mentger... Quem diria? Apaixonada por aquele ruivo gostoso, justo o namorado da Simone? Mas é uma sorte sem tamanho!  E agora mocinha? Como vai sair dessa?

Aguardem os próximos capítulos...

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Como o ruivo vai reagir?

A garota dos fones de ouvidoOnde histórias criam vida. Descubra agora