Capítulo 2

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GRAZIELA


Depois de uma semana viajando, ao chegar a minha cidade, a única certeza que eu tinha é que eu precisava descarregar toda essa adrenalina.

Eu gosto de sair por aí, ver os "seres noturnos" e conhecer gente nova.

Eu saio sozinha sem problema algum e preferencialmente sem rumo.

Mas eu sempre paro no "Los Tacos".

Los Tacos é um local para dançar músicas tipicamente latinas no coração da boêmia carioca onde eu frequento desde a minha adolescência.
Ali eu conheço do guardador de carros ao barman.

Ao entrar já sinto como se respirasse outra atmosfera. Aqui ecoa cultura, alegria e ritmo.

Mesmo eu não sendo presença frequente aqui, vejo que não fui esquecida, ao olhar para a pista vejo os meus parceiros de dança acenando para mim com muita animação, é aqui sempre é assim.

Retribuo o cumprimento e meu corpo já começa involuntariamente a movimentar-se.

Vou ao bar e sou recebida com o mesmo sorriso de quase vinte anos atrás.

― Meu amigo Tito!

Ele estica seu corpo de trás do balcão, segura minha mão e balança meu braço freneticamente.

― A boa "hija" sempre a casa torna! ― ele bate no ombro do Rui que trabalha no bar junto com ele ― Olha quem apareceu?

― Dona Grazi, tá sumida! ― também sou cumprimentada por Rui.

―Muito trabalho... Mas eu já estava em comichões para retornar aqui.

Ambos sorriem com franqueza junto a mim.

Aqui de fato sinto-me verdadeiramente em casa!

― O que vai beber?

― Sabe Tito, eu estou morrendo de saudades do seu Mojito!

Essa bebida tão popular que leva rum, limão e hortelã pode ser preparada em inúmeros lugares mais nenhuma se assemelha ao sabor daqui.

Tomo meu drink nas mãos e agradeço ao querido Tito.

Começa a tocar uma salsa que eu adoro na pista e espontaneamente meu corpo me leva até lá.

Sou abraçada calorosamente por meus colegas de dança e María me puxa pelo braço para começarmos a mexer os quadris.

Quem dera se eu estivesse no nível de dança da María.
María, Yolanda e Luíz são o trio que comanda com maestria essa pista de dança do bar do seu tio.

Sim, apesar de ser um estabelecimento familiar, Tito não encrenca com a paquera das meninas com os frequentadores do bar.

Afinal, nada mais saudável para a idade delas do que paquerar.

Eu me disponho apenas a me divertir.

Já cheguei aos quase trinta e apesar de estar feliz com meu "conjunto da obra", a minha vida não se resume ao flerte.

Talvez se resuma trabalho...
Mais enfim espanto esses pensamentos. Não quero pensar em trabalho pelo menos agora.

Eu quero dançar!

Instantaneamente essa alegria incorpora por meus poros, que eu só sei gargalhar ao lado de María e balançar o esqueleto!

María comanda os passos ligeiros e eu teimo em acompanha-la.

Entre Risos e Lágrimas(EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora