Capítulo 6

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Graziela

Hoje faz sete dias.

Sete dias que minha vida parece está congelada.
Cancelei minha agenda de trabalho e me mantive reclusa em meu lar.
Não quero levantar da cama imagine receber visitas.
Eu estou de luto.
E não é aquele luto que você muda a sua foto das redes sociais. Não. A minha alma no momento encontra-se silenciada.

Eu preciso descobrir como será meus dias daqui pra frente sem a minha avó.
Desde quando nasci não me recordo de maior referencial em minha vida do que a Dona Eleonora. Por isso organizar os pensamentos a meu ver é extremamente necessário.

Levanto finalmente da cama e ligo meu celular. Ele só é ligado uma vez ao dia, para verificar se tenho algum assunto sério a ser colocado como prioridade no momento.
Verifico os e-mails. Pela primeira vez a minha caixa de mensagens está sem nenhuma atualização. Acredito que após os primeiros dias de insistência meus superiores começaram a tratar o meu afastamento com seriedade.
Fico feliz que meu posicionamento tenha sido entendido.

Por último verifico as mensagens instantâneas. E uma delas me chama atenção. É minha mãe.

― Filha, a missa da sua avó será hoje as dezoito horas na igreja Nossa Senhora da Paz.

Olhos relógio. Faltam duas horas.
Levanto e decido me aprontar. Pela vovó não poderia faltar.

***

Quando meus pés tocam a calçada em frente Igreja da Nossa Senhora da Paz, após a longa missa, a única coisa que penso é que nunca me imaginaria sair desta igreja sem segurar o braço da Dona Eleonora.

Desde pequena minha avó nos obrigava a ir a missa aos domingos e depois de crescidas ela ligava e dizia: "Hoje tem missa". Como se não lembrássemos... Vovó nunca nos fez levantar bandeiras religiosas, mas de fato não posso negar que ela me "preencheu" com os melhores valores.

Você está bem?

Roberta me olha espantada.

Acredito que seja de se espantar uma pessoa parada na porta da igreja olhando para o céu.

Eu te levo pra casa. ― Nádia logo se prontificou.

― Que isso gente! ― olho para as minhas primas ― Daqui a pouco vocês estão em colocando em uma camisa de força!

― Se a Barbara tivesse aqui ela te colocaria em duas camisas de força!

Minha irmã é de extremos. Por isso não posso discordar: Nádia tinha toda razão.

― É sério, eu estou bem.

― Eu tenho que ir para casa por causa de Gael. ― Roberta nos abraçou.

― Tchau prima.

Enquanto os mais velhos da nossa família ainda estavam dentro da igreja, eu e Nádia permanecíamos ali na calçada.

― O que você acha da gente ir para o meu Hotel? Tem um bar ótimo próximo de lá.

― Convite aceito. Eu estou precisando de "álcool".

― Eu dirijo. ― Nádia esticou a mão para que eu lhe entregar minhas chaves.

― Por quê?

Quem me conhece sabe que a única regra é não dizer que eu não posso fazer algo. Só que Nádia, como minha prima mais velha, sempre quebrou essa regra.

Ela era o nosso general.

Por isso nem discuti. Dei a chave na mão dela e entrei no banco do carona.

Entre Risos e Lágrimas(EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora