Graziela
Hoje faz sete dias.
Sete dias que minha vida parece está congelada.
Cancelei minha agenda de trabalho e me mantive reclusa em meu lar.
Não quero levantar da cama imagine receber visitas.
Eu estou de luto.
E não é aquele luto que você muda a sua foto das redes sociais. Não. A minha alma no momento encontra-se silenciada.Eu preciso descobrir como será meus dias daqui pra frente sem a minha avó.
Desde quando nasci não me recordo de maior referencial em minha vida do que a Dona Eleonora. Por isso organizar os pensamentos a meu ver é extremamente necessário.Levanto finalmente da cama e ligo meu celular. Ele só é ligado uma vez ao dia, para verificar se tenho algum assunto sério a ser colocado como prioridade no momento.
Verifico os e-mails. Pela primeira vez a minha caixa de mensagens está sem nenhuma atualização. Acredito que após os primeiros dias de insistência meus superiores começaram a tratar o meu afastamento com seriedade.
Fico feliz que meu posicionamento tenha sido entendido.Por último verifico as mensagens instantâneas. E uma delas me chama atenção. É minha mãe.
― Filha, a missa da sua avó será hoje as dezoito horas na igreja Nossa Senhora da Paz.
Olhos relógio. Faltam duas horas.
Levanto e decido me aprontar. Pela vovó não poderia faltar.***
Quando meus pés tocam a calçada em frente Igreja da Nossa Senhora da Paz, após a longa missa, a única coisa que penso é que nunca me imaginaria sair desta igreja sem segurar o braço da Dona Eleonora.
Desde pequena minha avó nos obrigava a ir a missa aos domingos e depois de crescidas ela ligava e dizia: "Hoje tem missa". Como se não lembrássemos... Vovó nunca nos fez levantar bandeiras religiosas, mas de fato não posso negar que ela me "preencheu" com os melhores valores.
― Você está bem?
Roberta me olha espantada.
Acredito que seja de se espantar uma pessoa parada na porta da igreja olhando para o céu.
― Eu te levo pra casa. ― Nádia logo se prontificou.
― Que isso gente! ― olho para as minhas primas ― Daqui a pouco vocês estão em colocando em uma camisa de força!
― Se a Barbara tivesse aqui ela te colocaria em duas camisas de força!
Minha irmã é de extremos. Por isso não posso discordar: Nádia tinha toda razão.
― É sério, eu estou bem.
― Eu tenho que ir para casa por causa de Gael. ― Roberta nos abraçou.
― Tchau prima.
Enquanto os mais velhos da nossa família ainda estavam dentro da igreja, eu e Nádia permanecíamos ali na calçada.
― O que você acha da gente ir para o meu Hotel? Tem um bar ótimo próximo de lá.
― Convite aceito. Eu estou precisando de "álcool".
― Eu dirijo. ― Nádia esticou a mão para que eu lhe entregar minhas chaves.
― Por quê?
Quem me conhece sabe que a única regra é não dizer que eu não posso fazer algo. Só que Nádia, como minha prima mais velha, sempre quebrou essa regra.
Ela era o nosso general.
Por isso nem discuti. Dei a chave na mão dela e entrei no banco do carona.

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Entre Risos e Lágrimas(EM PAUSA)
Romance(Série - Encontros) Graziela Mascarenhas tinha tudo que qualquer mulher na idade dela poderia sonhar uma carreira bem sucedida e estabilizada. Para tudo ser realmente perfeito só faltava o cara certo. Os trinta anos chegaram e ela não conseguia se...