Quedas acontecem

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Aubrey se sentiu tonta, com a cabeça fora do lugar. Seu coração parecia bater tão rápido, que não tinha mais espaço em seu peito para nenhuma outra sensação. Algo tinha acontecido a ele e ela sabia disso. A porta se abriu lentamente, revelando o rosto preocupado de Ayana.
- Me chamou? - Ela arregalou os olhos ao ver que Audrey se esforçava para levantar. - Não é necessário tamanho esforço!
- Eu estou bem... - Aubrey a empurrou gentilmente para o lado. Seu corpo todo se recusava a levantar mas estava bem. Ela queria se levantar. - Preciso que me leve até Ifar.
- Ifar está em reunião com alguns solares. - Ayana cerrou os olhos para a amiga, pensando seriamente no que acontecia à ela. - Algo à preocupa?
- Pensamentos maternos... Só isso. - Quando Aubrey se apoiou em Ayana para se levantar, ouviu um barulho distante. Como uma saraivada de alguma coisa. Um barulho parecido com...
- Abaixa! - Aubrey gritou, caindo por cima de Ayana no chão, bem a tempo que o teto acima delas explodiu para cima.
O som foi tão ensurdecedor que Aubrey sentiu um líquido vermelho lhe escapar dos ouvidos. Sangue. Sangue escarlate misturado à fuligem.
- Você está bem? - Aubrey cutucou Ayana, que ficou em silêncio. - Não. Não. Não...
Morta. Totalmente e simplesmente. Como se antes estivesse ali e agora não passava de um corpo sem vida.
- Aubrey! Aubrey! - Uma voz conhecida se aproximou dela entre os escombros, a puxando para fora de algumas vigas de pedra, que não a acertaram por pouco. - Se apoie em mim. Vamos!
- Ifar... - Aubrey começou a andar com ele mas parou e apontou para o corpo de Ayana lá atrás. - Ayana...
- Não há tempo de mais resgates. - Ifar, apesar da idade avançada, lançada pedaços de concreto pesados para longe com apenas alguns acenos das mãos. - Você é a mais valiosa.
- O que está acontecendo? - Aubrey não conseguia enxergar além da fumaça. Ela só sentia que eles estavam andando por mais túneis debaixo da terra.
- Estamos sendo atacados. - Ifar a empurrou para mais algumas entradas para dentro da terra. O calor que fazia ali se juntou a uma dor forte na barriga de Aubrey. - Nunca vi nada como isso. Explosões da terra... Como demônios vivos.
- Temos de ajudar os outros! - Aubrey se soltou do senhor e tentou andar para o outro caminho, mas estava fraca demais.
- Não há mais outros, lunar! - Ifar gritou. Não havia raiva em sua voz. Dor. Mais pura dor de um velho que dele foi tirado tudo. - Não há sobreviventes! As explosões mataram todos da resistência!
- Não... - Aubrey sentiu o corpo ficar mais mole, mais fraco ainda do que estivera. Um líquido começou a escorrer de suas pernas. A pior hora de todas para virem ao mundo. - Eu...
- Está a ponto de dar a luz! Aguente mais um pouco precisamos de um lugar seguro. Solaria! - Com a mão apontada para uma parede de pedra, Ifar fez o pedregulho se derreter até mostrar uma passagem clara. Estavam do lado de fora.
- Onde...
- Não olhe para trás. - Ifar disse em tom de ordem, mas Aubrey nunca jamais seguiu nenhuma delas. Ela queria ter seguido essa.
Eles estavam próximos à uma floresta, que de lá, dava para ver o que a resistência de tornou. Pilhas de corpos estavam amontoados em cada buraco que o chão fez. Fumaça subia aos céus como se o cumprimentasse. O cheiro era insuportável, mas os soldados de armadura preta que estavam lá não pareceram se importar.
- Explodiram de dentro. - Ifar abraçou Aubrey e a levou floresta adentro. Ela não lutou. Não tinha forças para lutar ou fazer qualquer coisa. Tudo foi destruído. A esperança de dias melhores e todo o resto.
- Ela ganhou. - Aubrey chorou enquanto disse, andando mas não sabendo para onde ir, sendo guiada por ele. - Não há mais nada para fazer.
- Ela destruiu nossa casa mas não destruiu nossa esperança. - Ifar fez um sinal com a mão e sua palma se iluminou, como uma lamparina. - A noite vai chegar e não há lugar melhor para ficarmos por enquanto.
Aubrey levantou o olhar e viu a entrada de uma caverna escura e repleta de estalagmites.
- Eu... argh! - Sua voz falhou com o grito seguinte que ela deu. Seu abdômen parecia que explodiria a qualquer momento. Ifar tampou sua boca com a mão livre e iluminou o caminho para os dois atravessarem.
- Eu sei o que está passando mas... terá que sentir dor em silêncio. - Ifar a deitou no chão. - Os soldados não estão tão longe, senhora.
- Eu ainda consigo nos proteger. - Aubrey apoiou as pernas no chão e segurando a barriga, olhou para a entrada da caverna. Seus olhos brilharam em fogo vivo. - Feche!
Uma parede de pedra subiu do chão da caverna e Ifar deu um salto para trás com medo de ser atingido. A pedra os selou ali dentro e Aubrey caiu no chão, sentindo o frio da caverna nas costas. Ifar lançou uma bola de luz no ar e a ajudou e ficar posicionada contra a parede.
- Aubrey. - Ifar disse com calma, movendo a mão pra uma fissura no chão e a enchendo de água. - Seus filhos estão chegando.

(Peço desculpas pelo tempo sem postar mas agora continuarei a história, assim como um novo livro está para sair. Obrigado pelo apoio! <3)

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