Thomas Reymond

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Ainda parada, me tremendo de medo, e sabendo que se não fizer alguma coisa irei ser atropelada, escuto uma voz.
-Sai dai! -grito.
O motorista estava no celular e não percebeu minha presença.Então senti uma mão me puxando para fora da rua.
E senti um corpo amortecendo minha queda no chão.
- Você está bem?
Quando me recompus, vi Thomas, ele me olha esperando uma resposta.
-Estou bem, obrigado!
-Porque não se mexeu?
-Nao sei, porque não consegui.
Ele se levanta, e me oferece sua mão para me ajudar a levantar.
- Te conheço!
- É? -pergunto.
-Sim! Você é a garota da sala de música.
-É, sim, sou eu.
- Você toca algum instrumento?
- Não - respondo evitando o olhar.
- Porque estava lá então?
-Ah, porque eu estava procurando uma pessoa.
- Você tem medo de mim?
O olho surpresa com a pergunta.
- Não, porque?
- Seila, você correu de mim na sala de musica com uma cara assustada, e agora você nao consegui nem me olhar nos olhos.
- Talvez porque eu te atrapalhei na sala de música, e, eu quase fui atropelada, ainda estou processando tudo.
- Você é a garota que ajudou o cara...
-Théo! O nome dele é Théo.
-Sim, então foi você que o ajudou?
- É, foi.
- Você poderia ter se machucado.
- Mas, não me machuquei, aqueles caras são babacas.
-Não, não estava falando disso, estava falando do carro.
-Ahhh...
-Mas você foi corajosa.
-Eu nem me movi, poderia ter sido atropelada.
-Não, agora estou me referindo aos babacas da escola.
Eu o olho confusa e percebo um sorriso de lado. Ele pareceu estar brincando comigo. E eu fico só o olhando sem falar mais nada.
-Você estava indo pra onde? -Thomas me pergunta.
-Para a biblioteca.
- Gosta de livros?
-Amo.
- Você por acaso sabe onde fica a biblioteca?
-Eu sei que eu estou perto.
-Se você continuar andando para frente, você vai ficar muito longe da biblioteca.
- Como assim?
-Você tinha que ter virado a duas ruas antes daqui.
-Ta brincando?
-Não, você parece perdida.
-Agora estou, eu jurava que era mais pra frente.
-Mas não é.
-Bom, obrigado mais uma vez.
Eu me viro para voltar para trás, e sinto uma mão em meu braço que me segura.
-Você está bem mesmo?
-Estou, estou sim.
-Quer que eu vá com você?
- Não vai te atrapalhar?
-Não, até porque, eu não estava fazendo nada importante.
Acho uma ótima oportunidade para fazer algumas perguntas para ele.
-Tá. Então eu vou aceitar.
-OK.
Começamos a caminhar em silêncio,e percebi que ele não é muito de falar. A suas perguntas são curtas, e suas respostas são ainda mais.
-Você fica sozinho né?
-Oi?
-Na escola!
-Ah, sim!
Ele caminha olhando para baixo, e faz um esforço para se encaixar no meu ritmo.
-Porque?! -Pergunto.
-Preferência.
-Você prefere ficar sozinho?
-As vezes as pessoas te atrasam, atrapalham.
-Atrapalham em que?
-Nos meus,objetivos.
- Você não se sente solitário?
-As vezes, mas, a gente se acostuma.
- Eu não me acostumaria!
Ele deu um belo sorriso de lado e continuou a falar.
- Porque você veio pra Chrisdale?
-Meu pai foi promovido -Falei.
- Gosta da cidade?
-Sim, um tanto... Misteriosa.
- Gosta de mistério?
Ele me olha, curioso.
- As vezes é bom.
Thomas volta a sorrir, e depois volta a caminhar com a cabeça baixa, pareceu satisfeito com minha resposta.
-Você tem cara de misterioso. -falo.
-Tenho?
-Sim. Tem cara que tem muitos segredos, e não quer compartilhar nenhum.
- Tem interesse nos meus segredos? -ele me olha novamente com uma das sombrancelhas erguidas.
-Agora, tenho!
O seu olhar frio desaparece, e vira um olhar encantador iluminado.
-Bom, chegamos-ele fala olhando para a biblioteca.
-Sim, chegamos, aqui é lindo.
-É, é lindo sim, você vai gostar.
-Obrigado.
-Não precisa agradecer.-Ele me olha e sorri de lado.
- Vou entrar então.
-Ta. Ok. É... Tchau.
-Tchau!
-Tchau!
Eu mostro o meu mais belo sorriso.
Tchau -falei e me virei.
Quando chego na porta olho para trás e ele já estava indo embora.
Entro na biblioteca, que é bem bonita, tem umas 5 pessoas sentadas com livros. E mais 3 escolhendo outros livros. Eu escolho um também, e me sento. Depois de mais algum tempo, eu volto para casa, estudo um pouco, assisto minha série preferida.E principal, me lembro de Thomas Reymond, nunca pensei que ele poderia ser tão lindo sorrindo. Não foi um mega sorriso de orelha a orelha, mas, valeu. Também não fiz todas as perguntas que eu queria, outra hora quem sabe.
Flutuando na minha imaginação,meu celular começa a tocar e me tira de lá.
Lydia: - Oi Ohara, oque você ta fazendo?
Eu: - Bom, estava pensando, e você?
Lydia: -Acabei de chegar da minha tia, você estava pensando em que?
Eu: - Em como eu quase fui atropelada.
Lydia: -Oque? Você ta bem?Como foi isso?
Eu: - Eu estou bem, eu só não percebi o carro vindo, foi por pouco.
Lydia : Ai meu Deus, esses motoristas não prestam atenção.
Eu: - Mas, graças a Thomas, eu estou bem.
Lydia: - Oi? Eu escutei bem? Thomas? Thomas Reymond?
Eu : - Sim, Thomas Reymond!
Lydia : - Nossa, eu não acredito, então foi tipo aquelas cenas bem fofas, onde o mocinho salva a mocinha?
É percebi que não é só eu que tenho a imaginação fértil. Eu meio dou um pequeno sorriso ouvindo isso.
Eu: - Não, não, nada disso - sorriso.
Lydia : - E depois, oque aconteceu?
Eu: - Bom, ele me acompanhou até a biblioteca da cidade, na verdade ele se ofereceu.
Lydia : -Nossa, nem to acreditando, o misterioso e solitário Thomas Reymond te salvou, e logo em seguida se ofereceu para te acompanhar.
Eu: - É, isso mesmo.
Lydia : - Garota, você é muito sortuda.
Eu: - E ainda por cima, fiz ele sorrir um pouquinho.
Lydia: - Não brinca, daria tudo pra ver a cena.
Eu: -E você? Fez oque?
Lydia: - Ao contrário de você, eu não fui salva por um gato, eu simplesmente fiquei horas e horas ouvindo minha tia falar o quanto eu tinha crescido.
Eu: (Sorriso).
Lydia: - Então, a gente se ve amanhã na escola né?
Eu: - Ah, com certeza!
Lydia: - Então, beijinhos, e tenha uma ótima noite de sonos com Thomas Reymond - gargalhada.
Eu: - Ahhh, vou ter, obrigada - sorriso.
Depois desligo meu celular, meu pai já deve estar chegando.
Ouço a porta bater, deve ser ele.
Eu: - Boa noite senhor Vinícius!
Vinicius : - Ah, boa noite senhorita minha filha.
Eu: - Como foi o trabalho? - puxo uma cadeira da mesa e me sento.
Vinicius: - Cansativo, mas, vendemos bem hoje - e você fez oque hoje?
Eu: - Fui a biblioteca!
Vinicius: Nenhuma novidade da mais nova super heroína?
Eu: - Bom, hoje a " Super heroína " foi quem precisou ser salva.
Vinicius : - Como assim?
Eu: - Eu estava atravessando a rua, e não percebi um carro vindo na minha direção.
Meu pai me olha assustado. Eu logo falo tudo para ele nao ficar preocupado.
Eu: -Mas, esta tudo bem, o Thomas me "salvou"! - Falo rapidamente.
Vejo sua expressão assustada se transformar em um sorriso irônico.
Vinicius : - Quem é Thomas?
Eu : - Apenas uma pessoa que me ajudou porque estava passando no momento em que isso aconteceu.
Vinicius: (Sorriso) OK, OK, mas, não precisa ficar vermelha quando fala dele.
Eu: - Eu não estou vermelha!
Vinicius: - Ah não? Então porque esta da cor desse tomate?
Ele me mostra o tomate que estava perto dele, ele sorri quanto eu tentei esconder meu rosto, e depois gargalhou quando revirei meus olhos.
Então eu saiu,  o deixando na cozinha sozinho, e ainda o ouço sorrir. Resolvo ir para a cama mais cedo.

ChrisdaleOnde histórias criam vida. Descubra agora