Uma transformação gloriosa

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Mudanças no geral, nem sempre são boas. Mesmo que muitos tentem lhe convencer do contrário. Não se engane, quando a mudança é para melhor, sim, é muito bom. Porém, nada é pior do que ter que fazer mudanças ruins, ainda mais, quando estamos de olhos vendados. Sem poder saber o que estará esperando do outro lado da porta. Ginny sabia que iria ter que atravessar aquela porta. Ela teria que mudar sua vida radicalmente, pelo menos, por um tempo indeterminado.

Desta forma, para ela, mudanças não eram boas naquele momento. Sobretudo quando elas significavam ter que deixar tudo que ela conhecia e todos aqueles que ela gostava para trás.

Ser transferida para outro lugar não era bom, concluiu apreensiva.

Ao optar por essa escolha Ginny entendia e compreendia que teria que deixar tudo para trás. Sua casa, cidade, sua vida. Deixar de ir nos costumeiros lugares de sempre, deixar de conviver com aqueles habituou-se a ver todos os dias. E principalmente, ela deixaria de ver seus amigos. Mudando não somente um detalhe, mas a vida inteira.

Ginny sabia de tudo isso.

Seria um exagero pensar assim? Talvez.

Mas depois de atravessar aquela porta, não terá mais como voltar atrás.

Aquele era o sacrifício que ela teria que se submeter. Pelo menos, para provar a si mesma que não era somente audaciosa. Mas determinada o suficiente para provar à todos que era capaz de realizar e, ser a melhor naquilo que muitos já estavam convencidos que Ginny era incapaz, apenas por ser mulher. Principalmente, é claro, para o idiota do seu ex-namorado.

Depois que seu irmão fugira - para algum lugar na América - com a banda dele, Ginny resolvera fazer duas coisas; a primeira delas seria o que dizer aos seus pais. Afinal, não poderia contar a eles que Geofrey resolvera fugir indo para algum outro país seguir com a sua carreira de astro do rock. Não, nem pensar. Sua mãe iria ter um colapso nervoso e seu pai provavelmente chamaria a Interpol para trazer seu filho de volta para casa sã e salvo. Por isso, o plano seria contar exatamente aquilo que eles queriam ouvir:

- Geff arrumou as malas ontem mesmo mãe. Já deve estar chegando em Devonshire - dissera para si mesma em frente ao espelho na manhã seguinte, numa espécie de ensaio para analisar se soara convincente o suficiente. Sempre fora uma boa atriz, visto que participara das aulas de teatro que sua mãe insistia para que ela fizesse - uma das poucas coisas que elas concordavam -, e depois de atuar em várias peças escolares, concluirá que levava algum jeito para a representação teatral.

Por fim, depois repetir aquela frase algumas vezes até conseguir soar o mais natural possível, compreendeu que aquilo iria ser convincente.

Sim, vai dar certo.

Afinal, sua mãe nunca fora de fazer muitas perguntas, pois estava sempre ocupada demais indo ao Spa, festas, e compromissos com suas amigas. Não que ela não fosse uma mãe preocupada, mas, Ginny sabia que nunca passara pela cabeça de Madeleine que um dos seus filhos fosse um fugitivo em potencial.

Por isso, se tivesse sorte ela poderia não desconfiar de nada.

O problema era que o anjinho-do-ditado e a sua consciência auto defensiva estavam travando uma batalha interna, deixando-a maluca.

Mentir não é nada bonito, Ginny...

Mas você está ajudando seu irmão...

Mentira tem perna curta...

Se você não fizer isso, não vai mais poder jogar futebol...

A corda da mentira é muito curta, é arrebenta fácil...

Ela é o CaraOnde histórias criam vida. Descubra agora