YOU ARE THE REASON

This is not paradise.

- Melanie on -

- Zach eu tenho que ir, foi uma ideia um pouco ruim sair de casa agora, me desculpa o problema não é você, sou eu - levantei -me da cadeira sem nem olhar para trás e sentia o olhar pesado de Dempsey me acompanhar até a porta da saída, assim que atravessei a grande porta automática de vidro, corri o mais rápido que pude enxugando cada lágrima que escorria em meu rosto, não sabia mais o que fazer e que rumo as coisas tinham tomado, eu estava perdida, eu não queria abandonar meus sonhos por conta de um desgraçado como meu padrasto, era óbvio que minha mãe precisava do meu apoio, então não desviei o caminho, fui direto pra casa.
Quando cheguei na rua de casa de longe vi o carro do meu padrasto com a porta aberta e a janela da sala com um buraco enorme, foi isso que me fez acelerar o passo, quando cheguei na porta de casa percebi que ela estava trancada, e no desespero maior ainda ao ouvir o choro de minha mãe, eu precisava entrar, então peguei o vaso de flores e joguei no vidro grande da porta, na tentativa de pelo menos conseguir colocar meu braço pra dentro e girar a chave na intenção de abrir, intenção bem sucedida.
Assim que entrei vi meu padrasto apontando o dedo na cara da minha mãe.
- Sua imbecil, você não serve pra absolutamente nada, você só estraga as coisas, seus filhos são uns merdas sem futuro, sua filha é horrível e ela me dá nojo, você é a pior coisa que me aconteceu. - Junior dizia na cara da minha mãe.
- CALA A SUA BOCA JUNIOR! PARA  DE  FALAR ASSIM DA MINHA MÃE! - gritei fazendo ele virar rapidamente pra traz.
- Você acha que tá falando com quem sua merdinha? - Junior veio andando de um jeito totalmente brutal pra perto de mim. - Eu não ligo para o que você  pensa e pra quem você é, cala a porra da boca - Assim que ele completou a frase me empurrou muito forte, fui praticamente lançada, batendo as costas na parede, ficando de uma certa forma sem ar, com a respiração falha, comecei a chorar sem conseguir fazer nada pra defender minha mãe.
- QUE PORRA É  ESSA? -Jimmy chegou iniciando imediatamente uma briga com meu padrasto, socando a cara dele com força, enquanto eu tentava tatear o chão na busca do meu celular, assim que o encontrei vi que era Zach me ligando, mas eu não precisava dele, não agora, nesse exato momento, eu tinha que tentar ligar pra polícia, peguei e comecei a digitar os números "911" , assim que fui atendida falei um tanto ofegante.
- Tenho uma emer... emer... emergência - Assim que terminei a frase meu celular foi lançado pra longe, aquele filho da mãe conseguiu chutar meu celular enquanto meu irmão o agarrava pelo pescoço, minha mãe estava anestesiada, não se mexia, não falava, só tremia e chorava de nervosismo.
- Melanie! eu acho que eu matei ele. - Jimmy disse enquanto Junior com o corpo mole caia no chão.
- Melanie! fala comigo Mel! por favor! - Jimmy continuou dizendo enquanto acariciava minhas costas e eu apenas consegui apontar para meu celular. Jimmy entendendo o que queria dizer foi correndo pegar meu celular, aparentemente a ligação não tinha sido desligada.
- POR FAVOR MANDEM UMA VIATURA NA BLEECKER STREET, NÚMERO 313, tivemos um problema seríssimo, é grave! preciso de uma ambulância também... - depois daquilo senti meus olhos se fechando involuntariamente e não me lembro de mais nada.

A parede branca, os barulhos de aparelhos de batimento cardíaco, meu braço furado e leves pontadas em minha coluna, o que era aquilo? como eu consegui apagar dessa forma e parar em um... EM UM LEITO DE HOSPITAL!
- Srta. Williams, você se sente  bem? - o moço de olhos azuis aparentemente o médico perguntou.
- Eu, eu me sinto bem, mas um pouco confusa. - disse passando a mão na testa, e piscando várias e várias vezes.
- Se estiver se sentindo bem pode ir pra casa, eu analisei seus exames e por muita sorte você está totalmente cem porcento, nenhum indício de problema físico devido a forte batida na coluna. - Ele disse enquanto eu concordava rapidamente com a cabeça como se implorasse pra receber alta e sair daquele lugar o mais rápido possível, entendendo o meu recado apenas em gestos o médico chamou meu irmão para que entrasse  e assinasse os papéis, vou poupar vocês de todos os detalhes dessas assinaturas e papéis.

- Mel, a mamãe foi resolver alguns problemas referente ao caso do Junior, sim ele foi preso, e sim a mamãe está na delegacia resolvendo tudo. - disse Jimmy abrindo a porta quebrada de nossa casa me carregando no colo. - Vou te levar pra cama minha flor, você pode faltar na faculdade se preferir tá bem?
- Tudo... tudo bem Jim! O-obrigada. - Sorri e
Jimmy subiu as escadas comigo nos braços, entrou no quarto e me colocou na cama, sentando-se ao meu lado.
- Ele nunca mais irá machucar  a mamãe e nenhum de nós outra vez Mel, acabou, tudo! - Jim completou beijando minha testa. - Eu te amo mais do que tudo.
- Eu te amo. - Sorri e o segui com o olhar até ele abrir a porta.
Quando a porta se fechou olhei para o criado mudo e peguei meu celular, eu precisava do Dempsey, mais do que tudo agora, precisava me abrir com ele. Digitei seu número, liguei, chamou e nada, caixa postal, isso se repetiu por muitas vezes  e então eu percebi, eu fui um tanto idiota com ele hoje no Starbucks ele não merecia isso, nem algo do tipo, eu fiquei brava por ele me considerar  amiga, mas eu queria o que? nos conhecemos faz muito pouco tempo, questão de horas até, eu não podia exigir muito dele, mas isso me doia. Quando a ficha caiu era tarde demais, me virei pro outro lado da cama abraçando meu celular e comecei a chorar, todas as memórias de sofrimento vieram a tona, eu não estava sozinha, mas me sentia só.