Sangue Puro: A última Labonair ( Livro 1) - FINALIZADO

Capítulo 34

Hayley Blake

Fechei o livro que estava aberto em minhas mãos e o coloquei ao meu lado na cama, observando o céu estrelado pela janela aberta do quarto. Toquei o travesseiro ao lado do meu, sentindo o cheiro suave de Jack impregnado no tecido, assim como em toda a cama.

Quase podia ouvir a voz de Aiden soando em meus ouvidos:

-Seja forte, Hayley.

Durante minha vida, sempre que o medo me dominou, meu irmão repetia aquelas mesmas três palavras para mim, nosso lema, a canção de ânimo que me deu forças para continuar lutando, mesmo quando já tinha perdido as esperanças.

Sorri ao segurar o colar em meu pescoço, a lembrança afetiva de casa, de quem eu era. O coração que batia em meu peito era o coração de uma Labonair, uma Sangue Puro. Eu não podia ter medo, me acovardar.

-Seja forte-sussurrei para mim mesma ao me levantar da cama. -E tenha coragem-finalizei ao abrir a porta, sendo atingida pelo cheiro de Jack.

Apertei mais o colar em minha mão ao caminhar pelo corredor, seguindo o rastro do cheiro de Jackson. Desci as escadas com o coração acelerado e o encontrei sentado diante a lareira da sala, com uma taça de vinho em uma mão e um lírio branco na outra. Avistei um ramo de lírios brancos ao lado dele, engoli em seco.

Abracei-me ao andar lentamente em sua direção, a sala estava escura, iluminada apenas pela luz natural da lua e pelo fogo que queimava a madeira da lareira. Se Jackson já havia sentido minha presença, não demonstrou, apenas continuou com os olhos fixos no fogo crepitando. Puxei o ar para meus pulmões.

-Jack?

Ele não me respondeu. Me aproximei mais dele e me sentei ao seu lado, o observando com cuidado. Havia um vazio nos olhos de Jack, uma dor tão profunda que fez meu coração apertar em meu peito. Ele parecia desolado, meu pulso acelerou ao imaginar que algo havia acontecido.

-Jack?-o chamei novamente, tentando chamar sua atenção.

Demorou alguns segundos, mas lentamente, ele virou o rosto e seus olhos angustiados encontraram os meus.

-O que houve?-perguntei baixinho, me aproximando mais dele.

Jack apertou os lábios em uma linha dura e voltou seus olhos para a lareira, como se não suportasse me olhar. Continuei ao seu lado e lhe concedi espaço, até que ele se sentisse confortável para conversar.

O silêncio pairou entre nós dois por longos minutos, até Jack sussurrar:

-Seu nome era Lydia.

Pisquei, surpresa. Tentei ignorar a pontada de ciúmes ao ouvi-lo citar outra mulher, mas apenas esperei que ele continuasse, não era o momento de permitir que a possessividade da minha loba interferisse.

-Ela era minha irmã mais nova, um doce de garota, gentil e alegre.

Minha garganta fechou, Jack nunca havia mencionado que tinha uma irmã mais nova, me senti uma idiota pelo meu ciúmes besta, mas uma palavra em especial chamou minha atenção.

-Era?-minha voz oscilou ao perguntar.

Ao ver a dor amarga que refletiu em seus olhos foi resposta o suficiente, ela estava morta e aquilo ainda o machucava profundamente.

-O que aconteceu com ela?

Jack fechou os olhos com força, como se expulsasse algo de sua mente. Esfregou o rosto algumas vezes antes de continuar:

-Lydia foi uma das primeiras lobas a ser raptada, tinha apenas quinze anos quando desapareceu, sequestrada por desgarrados que queriam me destruir, depois que eu assumi a supremacia do meu pai.