Sangue Puro: A última Labonair ( Livro 1) - FINALIZADO

Capítulo 35

Hayley Blake



Victoria estava morta!

O mundo parou ao meu redor quando aquelas três palavras escaparam dos lábios de Ayla. A dor que se alastrou pelo meu peito foi avassaladora, o aperto que surgiu em minha garganta me impediu de dizer algo.

Ela estava morta. A loba que tinha sobrevivido ao rapto e as torturas dos desgarrados, todos os abusos e violações, havia mergulhado no rio da cidade de madrugada e não voltou à superfície, se afogou. Seu corpo sem vida foi encontrado boiando nas águas naquela manhã.

Apertei meus olhos com força, sentindo a primeira lágrima escorrer pelo meu rosto, sufoquei um grito de raiva e ódio que subiu pela minha garganta por mais aquela morte que não fui capaz de impedir. A culpa recaia sobre meus ombros mais uma vez.

Victoria não aguentou, e por isso tirou sua própria vida, se afogando no rio e deixando que as águas levassem sua vida e suas dores de uma vez. Eu não a conhecia, conversei com ela apenas uma vez, mas sua história sofrida despertou compaixão dentro de mim, empatia por ela ter lutado para sobreviver, mesmo quando não tinha esperanças.

Jack fechou a porta da sala após pedir para Mark e Ayla irem embora após darem a notícia da morte da fêmea. Afundei meu rosto nas mãos, não conseguindo segurar o soluço que sacudiu meu corpo, o som esganiçado quebrou o silêncio que pairou na sala. Lágrimas molharam minhas mãos e escorreram pelo meu rosto.

-Lobinha-Jack me chamou com sua voz calma, sentou-se ao meu lado e passou seu braço por meus ombros, afundei meu rosto em seu pescoço e chorei mais uma vez pela morte de Victoria. A loba que viveu um inferno nos últimos meses e sobreviveu até aquele dia.

-Ela está morte-soluçei.

-Eu sinto muito-Jack sussurrou contra meus cabelos, me apertando mais em seus braços, tentando aliviar a dor em meu peito. -Eu sinto muito, meu amor.

Apertei os lábios, tentando acalmar meu choro. O sepultamento de Victoria aconteceria à noite, próximo ao nascer do sol. Seu corpo seria cremado, seguindo as tradições do nosso povo e suas cinzas jogadas nas águas do rio que tirou sua vida. Ela merecia um sepultamento digno de sua coragem e bravura por revelar que tinha um desgarrado entre nós. Eu não sabia se ele tinha algo a ver com sua morte, mas jurei a Lua que se ele tivesse, seria mais um motivo para fazer seu corpo em pedaços quando encontrasse-o.

-Venha, vou te levar para o quarto, você precisa descansar.

Não protestei quando Jack me pegou no colo e me tirou do sofá da sala, caminhando em direção às escadas que nos levaria ao segundo andar, apenas o abracei com força e inalei seu cheiro, fechei meus olhos ao encostar minha cabeça em seu peito, ouvindo as calmas batidas do seu coração. Deixei que Jackson me levasse até meu quarto e me deitasse na cama, segurei sua mão quando ele ameaçou se afastar.

O encarei com lágrimas nos olhos.

-Não vai embora-pedi baixinho, não queria ficar sozinha.

Jack segurou minha mão e a beijou.

-Eu não vou a lugar nenhum, só irei fechar a porta, está bem?-Acenei, soltando sua mão e o deixando levantar para fechar a porta.

Me deitei na cama, enquanto Jack fechava a porta do quarto e as janelas, puxando as cortinas para que eu não visse o alvoroço na alcateia com a repentina morte de Victoria. Ele tirou os sapatos antes de se deitar ao meu lado na cama e me puxou para deitar sobre seu peito, Jack me envolveu com seus braços e me apertou, tentando me passar conforto. Sua mão começou a acariciar meus cabelos e minhas pálpebras pesaram.

-Vou fazê-los pagar por isso, Hayley-prometeu baixinho. -Vamos matar todos eles, não terei piedade.

Apenas o abracei em resposta, me agarrei a promessa que tinha feito a Victoria de vingá-la, caçaria e encontraria quem tinha feito mal a ela e por fim, daria a cada um deles uma morte lenta e dolorosa. Segurei com força aquela promessa para não sucumbir ao luto, não ceder a dor da perda. E principalmente, me agarrei ao que sentia por Jackson para não me perder mais uma vez ou nunca mais encontrarei meu caminho.