Sangue Puro: A última Labonair ( Livro 1) - FINALIZADO

Epílogo

JACKSON LABONAIR

Alguns anos depois...

Observei em silêncio a luta que se desdobrava entre Megan e um dos filhos de um Alfa vizinho. Estreitei meus olhos ao ver minha filha se defendendo dos ataques do garoto com uma combinação de agilidade e brutalidade que era quase poética em sua execução. Seus movimentos eram fluidos, precisos, cada golpe calculado com uma destreza impressionante para sua idade. A arena de treinamento, com suas marcas de batalhas anteriores e o cheiro de suor e terra, parecia o cenário perfeito para essa exibição de força juvenil.

Megan sorria vitoriosa ao acertar o nariz do garoto com um soco bem colocado, quebrando um dos ossos do rosto do rapaz. O som do osso se partindo ecoou na arena, um estalo seco seguido pelo grito de dor do oponente. Ele cuspiu sangue no chão, praguejando, mas não ousou fugir. Havia uma determinação teimosa em seus olhos, uma mistura de dor e respeito recém-descoberto por minha filha.

Enquanto Zoe se mantinha ocupada com Madison, que a ensinava a usar sua magia para boas obras, Megan gastava seu tempo na arena de treinamento, despejando seu temperamento incontrolável em qualquer estúpido que ousasse enfrentá-la. Megan era um espírito incontrolável e selvagem, um furacão de energia e intensidade. Cada golpe que ela desferia era carregado de paixão e uma força indomável que parecia desafiar qualquer limite.

Zoe, por outro lado, era uma alma suave e gentil. Enquanto sua irmã era uma tempestade de raios e trovões, Zoe se tornou o arco-íris que nascia após a chuva. Ela movia suas mãos delicadamente, tecendo feitiços de cura e proteção com uma facilidade que refletia sua natureza compassiva. Ela era a paz e a esperança, uma presença calmante em nosso mundo tumultuado.

Elas eram idênticas na aparência, com os mesmos cabelos negros brilhantes e olhos verdes penetrantes que herdaram da mãe, mas o oposto em personalidade e gênio. Megan tinha a ferocidade de um lobo em batalha, enquanto Zoe possuía a serenidade de uma curandeira. Minhas filhas herdaram uma magia poderosa da mãe, e a força sobrenatural do sangue Lycan. Elas eram intensas e perigosas ao serem irritadas, um testemunho do legado formidável que carregavam.

Enquanto Megan se recuperava após a luta, sua respiração pesada e seus olhos brilhando com uma satisfação feroz, senti um orgulho misturado com uma preocupação inevitável. Ela se aproximou de mim, seus passos decididos, o rosto ainda marcado pelo esforço da batalha.

-Viu, pai?-disse ela, seus olhos brilhando com excitação. -Não sou tão fácil de derrubar.

Eu sorri, colocando uma mão no ombro dela.

-Você é uma guerreira por natureza, Megan. Nunca duvide disso.

Ela sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo selvagem e radiante, antes de se afastar para se juntar a Zoe e Madison. O contraste entre as irmãs era notável, mas era esse equilíbrio que as tornava tão extraordinárias. Elas eram a personificação da dualidade da vida: força e ternura, tempestade e calmaria. E eu sabia que, juntas, elas seriam capazes de enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.

Me aproximei em passos lentos, observando a cena que se desdobrava à minha frente. Megan provocava sua irmã, tentando tirar a paz de Zoe, que gesticulou com um movimento rápido e gracioso, empurrando a gêmea no lago mais próximo. Nem mesmo Madison conseguiu segurar sua risada ao ver Megan saindo do lago encharcada, praticamente pulando sobre a irmã, molhando-a por completo. O som do riso das gêmeas preencheu todo o ambiente, me fazendo sorrir levemente.

Olhar para Zoe e Megan era como ficar diante de um espelho do passado, refletindo lembranças doloridas que eram impossíveis de esquecer. Mesmo depois de tantos anos desde a partida de Hayley e nossas falhas tentativas de resgatá-la, a recordação dos olhos da minha parceira me perseguia constantemente, nos meus sonhos e pensamentos. Suas ausências eram um peso que eu carregava diariamente, mas ver nossas filhas felizes, mesmo que por um breve momento, trazia um alívio temporário à minha dor.