Notas iniciais
Escrevi esta história me baseando na personalidade de personagens de uma outra história minha, só que de fantasia e que nem foi postada ainda (sim, eu tenho problemas sérios — prometo procurar ajuda). Vi um print de um grupo de Whatsapp no Twitter e pensei... Por que não, transformar as minhas filhotes em humanas?
É fanfic que chama?
Também usei alguns trechos da música "Mexeu Comigo - Tiê" (é uma mistureba de texting com songfic). E, só uma observação: não terá descrição da aparência de nenhuma das personagens (cor da pele, olhos, cabelo, etc.). O banner acima é como eu as vejo, mas essas características físicas não serão inseridas no texto, então, imaginem elas como quiser.
Enfim, botem o cinto e vambora :3
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"Foi muito mais do que eu queria
Foi bem mais forte, durou muito mais que um dia
Mesmo assim... Quem ia imaginar?"
(Tiê)
A viseira aberta do capacete deixava o jato frio não só atingir, como também gelar o rosto de Gabrielle, porém, independente da temperatura baixa daquela manhã de sábado, seu péssimo costume não lhe permitia cumprir esta lei de trânsito; o vento batendo forte contra a pele representava a liberdade, e... Ah, ela amava aquela adrenalina! Por isso a mão sob a luva torcia suavemente o punho para aumentar a velocidade; a ilusão de que pilotava o mundo; o Universo. Mão esta a qual tinha a companhia por baixo da manga da jaqueta de couro, um enigmático desenho gravado no antebraço.
Tudo culpa daquele transe no qual a garota de vinte e três anos ainda se encontrava. E não era para menos, uma vez que, após longos meses, finalmente conseguira crédito e adquiriu a sua primeira...
— Mas, que... — Imediatamente tirou a moto da pista, parando-a rente ao meio-fio. Com o coração pipocando e sentindo perder o controle para o pânico, arrancou o capacete ao descer para o asfalto a fim de analisar o... estrago. — Não tô acreditando, não tô acreditando... — resmungou consigo mesma antes de remover os olhos da parte frontal de sua moto e encarar a motorista do carro à frente, a qual acabara de estacionar e também correu para verificar o estado do automóvel em completo desespero. — Qual é o seu problema, maluca?! Não me viu pelo retrovisor?! Aliás, já que não usa, vou ali arrancar com o capacete, ok?!
"Motoqueiros e esse fetiche em quebrar retrovisores, eu hein", do banco do passageiro, havia descido um rapaz, e este, era provavelmente o único tranquilo ali.
— Fique calma, a gente tem seguro. O Bruno tem seguro, né? — Renato cochichou o final enquanto fitava uma Diana desesperada com o amassado no para-choque do carro.
— Meu irmão vai me matar... — Um tanto dramática demais, talvez reflexo dos seus recente, dezoito anos, Diana esfregou o rosto sem prestar atenção no que o primo disse, e, devido ao adesivo "Eu tenho fé no meu Orixá" no vidro traseiro, sua preferência religiosa se tornou evidente aos olhos de terceiros.
Dela e do irmão, no caso.
À frente dela, Gabrielle se encontrava cada vez mais furiosa com o ocorrido. Ainda mais pelo tipo de falha boba que ocasionou tudo aquilo. Falha esta que poderia ter causado algo bem mais sério caso a rua não estivesse pouco movimentada.
— Tinha que ser uma macumbeira! — exclamou antes de encarar o rapaz ao lado. — Colega, seguro nenhum irá cobrir negligência por burrice! — A seguir, aproximou-se enfim de Diana. — Eu ainda estou pagando as prestações e olha só o que você fez com a minha roda, menina! Por que a Barbie não deu a seta?!
— Eu dei a droga da seta! — defendeu-se, também perdendo a paciência em meio ao coque mal feito que tentou fazer. "Tenho certeza que usei a seta", tem mesmo? Claro que aquela primeira frase, claramente preconceituosa vinda da moça descontrolada, contribuiu com a irritação. No entanto, sua voz naturalmente baixa não conseguiu passar o efeito de confiança que ela pretendia com aquele grito. — Se não estivesse no corredor igual uma suicida, isso não teria acontecido!
Gabrielle riu em vez de aceitar a provocação. Já estava acostumada, de qualquer maneira.
— Engraçado, se sigo pelo corredor vocês reclamam, se ocupo o mesmo espaço de um carro na pista, reclamam também! Desse jeito terei que pôr asas na moto e sair voando!
— Dou todo o apoio, pernilonga. — Diana completou com um beijo no ar debochado.
"Pernilonga? Gíria nova?"
Gabrielle, a qual apertava o capacete e estava prestes a arremessá-lo no asfalto para pelo menos assustar a moça que a fuzilava de um modo nem um pouco intimidada ou arrependida, foi obrigada a recuar assim que o rapaz entrou no meio das duas.
— Fica tranquila — começou Renato, tentando acalmar a irritadinha — independente do seguro...
— Moço, como vou ficar tranquila se...
— Querida, dá pra parar com o chilique por causa de mixaria?! — Diana não se segurou e a interrompeu, tomando a frente do primo já pensando em ir buscar a carteira dentro do carro e fazer a outra comer o dinheiro. — Quanto é pra desamassar essa rodinha? Vinte conto? Dez?
"Vou chamar o Conselho Tutelar pra essa pirralha!", com isso, o sangue de Gabrielle ferveu a ponto de seu rosto ganhar um tom forte de vermelho. Ah, aquela situação não iria acabar bem se ninguém interferisse. Ainda mais por Diana não ter absolutamente noção do que fazia. Provocar uma estranha enfurecida e que poderia muito bem estar armada, não era nem um pouco inteligente.
Porém, para a sua sorte Renato estava ali.
— Que tal fazermos o seguinte... Vamos trocar contatos? É melhor a gente resolver isso com a cabeça fria. — Logo, puxou o celular do bolso. — Pode ser?
Diante de toda aquela calma e educação do rapaz, Gabrielle não teve como se recusar, por fim, passando seu número enquanto Diana lhes dava as costas e retornava ao carro soltando palavrões a si mesma mentalmente. Depois daquilo, o irmão nunca mais lhe emprestaria o carro e era só nisso que ela pensava.
— Veja... — Ele exibiu a tela do aparelho. — criei este grupo e coloquei vocês duas. Assim que ela conversar com o dono do carro, a gente combina o resto. Ok?
Sem se conter, Gabrielle riu de nervoso.
— Além de tudo o carro nem é da Barbiezinha? Aquela doida tem carta pelo menos? Olha, se eu fosse você, colega, tomava a chave dela antes que mate alguém. — Pendurou o capacete no punho da moto, sem desfazer a carranca. — De qualquer forma, já tirei foto da placa. Se me derem calote, avisa lá que em um segundo registro o B.O!
Sem mais nenhuma palavra dita, Gabrielle partiu a pé carregando a moto e acabou por passar ao lado de Diana, já dentro do carro, sem sequer encará-la. Se tivesse olhado para trás, teria visto o dedo médio o qual surgiu pela janela, lhe sendo apontado pelas costas.
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Notas finais
A história está completa, mas irei postar conforme eu for revisando (tem seis partes e um extra)
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A Seta [COMPLETO]
RomanceAVISO: esta história foi adaptada para duas versões: gay e lésbica. Há a sinalização no título de todos os capítulos, basta ler a versão que lhe agradar mais. Respeitar as leis de trânsito é a obrigação de qualquer cidadão sensato, caso este não que...