Embora o pátio se encontrasse um tanto escuro devido o horário e os pontos cegos que os postes de luz não cobriam, a cena de duas mulheres aos beijos em um canto afastado fora vista e comentada pelos que ali transitavam, diferente do que ocorreu com os adolescentes fazendo o mesmo em torno de uma das pistas de skate. Se foram comentários de elogios, críticas ou até mesmo, cobertos de inveja, Diana e Gabrielle não tiveram conhecimento, uma vez que se mantinham ocupadas demais naquele laço mútuo e enfeitiçante.
Mas, não por muito tempo.
Logo, Diana se deu conta disso, interrompendo de imediato a brincadeira daqueles lábios. Se evitava tal coisa nos tempos de garota, não era depois de os dezoito que faria. Mas Gabrielle não prestou atenção nessa interrupção, partindo então, ao pescoço morno da moça, no qual ela umedecia os poros e tocava a pele com seu piercing, enquanto alucinava com o perfume adocicado.
— Peraí... Gabrielle, a gente... Iemanjá me ajuda! — suspirou graças às mãos bobas passeando pelo seu corpo. Foi aí que ela percebeu ter que realmente parar a motociclista. Estavam animadas demais. Portanto, Diana resistiu a tentação de agarrar aqueles cabelos e enterrar seu rosto no pescoço implorando por um beijo, conseguindo enfim afastar Gabrielle pelos ombros. — Tá todo mundo olhando — deduziu, até porque, ela nem parou para olhar.
"Todo mundo é muita gente, Hello Kitty"
Quanto a Gabrielle, esta apenas correu os olhos pelo pátio à medida que passava de modo involuntário os dedos sob a luva, entorno dos lábios, por fim topando realmente com alguns olhares em suas direções. E, depois de localizar um cantinho ideal e um pouco escuro, apanhou os capacetes com uma mão — a pressa não lhe deixou sequer guardá-los no baú da moto — e com a outra, puxou Diana pelo pulso, mas... acabou deslizando os dedos; entrelaçando-os.
Caminharam de mãos dadas!
Os capacetes foram deixados no chão, entre suas botas, para que ambas as mãos se tornassem livres e trouxessem aquele rosto de volta ao seu, reiniciando o beijo que nem deveria ter sido interrompido.
— Me diga que... — Gabrielle iniciou a pergunta entre o emaranhado de lábios, porém, teve que dar uma pausa por breves segundos. — não sou a única hipnotizada por este beijo.
— Não é. — O sussurro de Diana foi acompanhado pela pequena mordida no lábio inferior de Gabrielle e dedos se infiltrando nos cabelos da mais alta.
Lábios quentes; molhados, abraçavam uns aos outros, unindo-se; conhecendo o gosto novo; os sons tão altos dentro daquele silêncio úmido. Reflexo da língua a qual seguia os movimentos compartilhados do moça à sua frente enquanto se moldava a ela, acariciava; entregava-se. Narizes dançavam entre si, aquecendo por consequência ambas pontinhas frias ao tocar o rosto alheio; puxando o ar pela brecha que encontravam no trajeto sutil; inalando os cheiros únicos; individuais. E apesar da desaprovação, a presença do piercing de Gabrielle foi totalmente ignorado por Diana, a qual permitia que suas mãos trilhassem a cintura; ora costelas, da mulher grudada até demais consigo. Suspiros, mordiscadas. Tudo em função das carícias recebidas não só na nuca de Diana, como também nos seus cabelos; atrás das orelhas... lateral do pescoço.
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A Seta [COMPLETO]
RomanceAVISO: esta história foi adaptada para duas versões: gay e lésbica. Há a sinalização no título de todos os capítulos, basta ler a versão que lhe agradar mais. Respeitar as leis de trânsito é a obrigação de qualquer cidadão sensato, caso este não que...