Embora o pátio se encontrasse um tanto escuro devido o horário e os pontos cegos que os postes de luz não cobriam, a cena de dois rapazes aos beijos em um canto afastado fora vista e comentada pelos que ali transitavam, diferente do que ocorreu com os adolescentes fazendo o mesmo em torno de uma das pistas de skate. Se foram comentários de elogios, críticas ou até mesmo, cobertos de inveja, Kaio e Felipe não tiveram conhecimento, uma vez que se mantinham ocupados demais naquele laço mútuo e enfeitiçante.
Mas, não por muito tempo.
Logo, Felipe se deu conta disso, interrompendo de imediato a brincadeira daqueles lábios. Se evitava tal coisa nos tempos de garoto, não era depois de os dezoito que faria. Mas Kaio não prestou atenção nessa interrupção, partindo então, ao pescoço morno do rapaz, no qual ele umedecia os poros e arranhava a pele através da sua barba, enquanto alucinava com o perfume adocicado.
— Peraí... Kaio, a gente... Jesus amado! — suspirou graças às mãos bobas passeando pelo seu corpo. Foi aí que ele percebeu ter que realmente parar o motociclista. Estavam animados demais. Portanto, Felipe resistiu a tentação de agarrar aqueles cabelos e enterrar seu rosto no pescoço implorando por um beijo, conseguindo enfim afastar Kaio pelos ombros. — Tá todo mundo olhando — deduziu, até porque, ele nem parou para olhar.
"Todo mundo é muita gente, Hello Kitty"
Quanto a Kaio, este apenas correu os olhos pelo pátio à medida que passava de modo involuntário os dedos sob a luva, entorno dos lábios, por fim topando realmente com alguns olhares em suas direções. E, depois de localizar um cantinho ideal e um pouco escuro, apanhou os capacetes com uma mão — a pressa não lhe deixou sequer guardá-los no baú da moto — e com a outra, puxou Felipe pelo pulso, mas... acabou deslizando os dedos; entrelaçando-os.
Caminharam de mãos dadas!
Os capacetes foram deixados no chão, entre suas pernas, para que ambas as mãos se tornassem livres e trouxessem aquele rosto de volta ao seu, reiniciando o beijo que nem deveria ter sido interrompido.
— Me diga que... — Kaio iniciou a pergunta entre o emaranhado de lábios, porém, teve que dar uma pausa por breves segundos. — não sou o único hipnotizado por este beijo.
— Não é. — O sussurro de Felipe foi acompanhado pela pequena mordida no lábio inferior de Kaio e dedos se infiltrando nos cabelos do mais alto.
Lábios quentes; molhados, abraçavam uns aos outros, unindo-se; conhecendo o gosto novo; os sons tão altos dentro daquele silêncio úmido. Reflexo da língua a qual seguia os movimentos compartilhados do rapaz à sua frente enquanto se moldava a ele, acariciava; entregava-se. Narizes dançavam entre si, aquecendo por consequência ambas pontinhas frias ao tocar o rosto alheio; puxando o ar pela brecha que encontravam no trajeto sutil; inalando os cheiros únicos; individuais. E apesar da desaprovação, o queixo pinicando com a barba de Kaio, assim como o contorno da boca, foi totalmente ignorado por Felipe, o qual permitia que suas mãos trilhassem a cintura; ora costelas, do homem grudado até demais consigo. Suspiros, mordiscadas. Tudo em função das carícias recebidas não só na nuca de Felipe, como também no pé dos seus cabelos; atrás das orelhas... lateral do pescoço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Seta [COMPLETO]
RomanceAVISO: esta história foi adaptada para duas versões: gay e lésbica. Há a sinalização no título de todos os capítulos, basta ler a versão que lhe agradar mais. Respeitar as leis de trânsito é a obrigação de qualquer cidadão sensato, caso este não que...