If I Could Fly...

46 7 8
                                    

Um toque que eu reconheceria de longe. Uma mão grande e dedos levemente calejados flutuavam pelo meu cabelo. Era gostoso. Uma gota de lágrima pingou em meu braço.

Eu só ouvia o ruído do choro dele e em meu delírio, soltei a mão da pequena Jade e voltei a olhar pra parte escura do corredor.

Lá, eu vi o Luke com um sorriso genuíno que destacava ainda mais seu rosto. Ele estava de braços abertos pra mim. Eu tinha certeza que meu coração batia mais forte nas 2 dimensões onde eu estava e eu ouvi bem baixinho.

– Não vai embora, não. – suspirou fortemente. – Desculpa ser egoísta, mas eu não consigo me imaginar num mundo sem... – fungou e as lágrimas voltaram a pingar em mim. – Sem você. Me perdoa.

Eu ainda estava indecisa. Vou ou fico? E ele retirou de vez as minhas dúvidas. Segurou firmemente minha mão esquerda e declarou;

– Eu fui infantil. Idiota, com certeza, mas na hora que você saiu daquela lanchonete, eu percebi que eu te amo. Eu te amo, Jade. Mais do que qualquer outra pessoa. – encostou a testa em nossas mãos juntas e chorou por um bom tempo.

Na outra dimensão, eu voltei correndo, mas quanto mais eu corria, mais longe dele eu ficava. Eu havia perdido o controle sobre a situação.

Parei, cansada de correr tão rápido o que pareciam quilômetros. Respirei fundo algumas vezes sem tirar meus olhos dele e percebi que o preto não era a ausência de cores.

O preto era, apenas e significativamente, a junção de todas as cores.

– Vai! – a voz aguda da pequena eu me impulsionou a voltar a correr.

Ao ver que ele ainda estava de braços abertos, abri os meus também e senti como se estivesse voando. E realmente estava. Eu voava em direção ao meu lar.

Na vida, senti seu peito encostar no meu. Senti sua respiração febril bem próxima de meu rosto. Senti seu coração dentro do meu. Eu já estava fora de minha mente porque se dependesse dela, eu já teria desistido. Desperdicei muito tempo.

– Espero que você não corra de mim.

Por Luke

Percebi que o coração dela disparou de repente e quando eu fui me levantar pra chamar a enfermeira ouvi o PIIIIIIIII... da máquina de frequência cardíaca. 5 segundos que pareciam a eternidade. 5 segundos frios, invernais.

Eu ía gritar desesperadamente quando as batidas voltaram e eu senti um aperto em minha mão. Ela apertou minha mão.

Pode parecer pouca coisa, mas eu sabia que aquilo tinha requerido muito dela, então me senti correspondido. Ela ainda me amava.

Por precaução, chamei a enfermeira que expulsou elegantemente do quanto.

2, 3, 4, 5 dias dormindo no hospital. Revesando com Mitch e Crystal. Quando eles precisavam descansar, eles íam pra minha casa enquanto eu ficava no hospital e vice-versa. Até minha mãe foi visitar a Jade.

No 6° dia, eu comia um lanchinho da cantina do hospital quando uma enfermeira veio correndo até mim e eu me preocupei.

– Ela acordou. – sorriu me fazendo engasgar com a mini-pizza.

– Tá brincando? – me levantei e dei o lanche na mão dela, saindo correndo pelos corredores do hospital.

Quarto 148. Abri a porta e a vi comendo uma gelatina.

– Morena! – corri pra perto dela que sorriu.

– Cuidado! Ela está frágil. – o doutor vendo minha exaltação, me repreendeu.

– Desculpa. – ela riu de mim.

Ela estava pálida, ainda com alguns roxões sobre a pele e a perna engessada inclinada com um monte de travesseiros,as estava viva e acordada.

Dei um beijo em sua testa e me sentei ao lado dela. O doutor saiu nos dando privacidade.

– Eu estava com saudades dos seus olhos. – eu disse a fazendo sorrir.

– Digo o mesmo. – sua voz saiu bem baixinha e rouca, mas foi bom ouví-la.

– Se você soubesse o quanto eu chorei aqui.

– Eu sei, sim. – ela soltou uma gargalhada. – Eu não conseguia responder, mas eu ouvi tudo. Cada ruído. Cada lágrima encostando em minha pele... Cada palavra. – congelei. – Eu não te perdoei. – fiquei triste, mas eu sabia que era direito dela, mas ela, controversalmente sorriu. – Eu não te perdoei porque nunca estive magoada com você, eu só... – a interrompi antes que perdesse a coragem.

– Eu te amo. – ela ficou um tempo com a boca entreaberta, me deixando mais nervoso.

– Eu também te amo, idiota. – me aproximei dela e a beijei. Foi profundo, apaixonado. Melhor do que qualquer outra coisa na vida.

⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️⏭️

Em poucos dias, ela recebeu alta e foi se recuperar em minha casa. Ela odiava não conseguir andar por causa da perna e precisar ficar na cadeira de rodas até dentro de casa, mas ela estava feliz.

Seu pais tinham voltado pra Inglaterra e eu agora fazia tudo sozinho. Eu não tinha contratado ninguém, então eu ajudava em tudo mesmo, isso inclui dar banho na paciente. Hehehe.

– Acho que tá na hora de falar pra todo mundo. – ela falou, mas eu estava confuso sobre o assunto. Falar sobre nós ou sobre ela já estar bem?

– Sim, concordo.

– Pega meu celular por favor. Vamos fazer uma live? Eu sou blogueirinha, gosto dessas coisas. Não me julgue. – mentirosa, nunca tinha feito live. Entreguei o celular a ela. 

– Eu tenho que aparecer?

– Claro. Liguei. Estamos ao vivo. – acenou pra tela e me enquadrou junto à ela. Em poucos segundos, meio mundo já estava assistindo. – Oi, gente. Diz oi, idiota. – sorri pelo tom em que ela disse idiota.

– Oi, gente. – tentei imitar sua voz e ela riu da minha tentativa frustrada.

– Enfim, eu só quero dizer que estou bem e que estou me recuperando na casa desse garoto aqui. – olhou pra mim e sorriu me dando espaço pra falar.

– Ela me assustou bastante, mas agora já está ficando melhor. – vi que nos comentários todos falavam sobre a cadeira de rodas que aparecia ao lado do ombro de Jade. – Ah, gente. Relaxem. Isso aqui é porque... – olhei pra ela e ela olhava pra mim sorridente, meio vermelha, como uma criança planejando uma travessura. – Porque ela está com a perna quebrada. – falei mais devagar vendo que ela me fitava com seus grandes olhos  verdes e me senti atraído, mas eu não sabia se podia.

Mas ela é a Jade, minha morena, e repentinamente puxou meu rosto e selou nossos lábios demoradamente.

– JAKE É REAL! – gritou e ficou tão vermelha quanto eu que estava impressionado.

Eu olhei novamente pra câmera e sorri.

Ela desligou o celular e foi assim, exatamente assim, que Jade Janai quebrou a internet.

🌙 Fim.

Obs: Foi uma longa noite em que ela gritou bastante, entre gargalhadas, a frase: "Cuidado com a minha perna! Ai, idiota."
Desculpa, não conseguimos ser um casal convencional.

Cena pós créditos fica à mercê de sua imaginação. Agora sim...

🌛Fim🌜


Thanx ❤️

A Junção De Todas As Cores || L.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora