Duas rosas, quatro lágrimas e um grito.
A rochosa estrada tocavam, com suas pontas polidas, os pés dos amigos descalços ao chão.
Entre risos ecoados nas folhas, os amigos se divertem sobre os raios do luar.
Sobre a colina azul, seus braços tocavam o céu.
Paços flutuam sobre o gramado suave.
Os olhares se entrelaçam junto as mãos. Ao trocarem palavras que em frases curtas expressavam os sentimentos desperdiçados pelo tempo jogado ao ar.
Os segundos se transformaram em horas, e as horas em dias. Palavras preenchidas de imagens veio a ambos em seus olhos:
- Eu estava lá, no canto da sala e dos seus olhos, esperando o momento em que você desistisse de olhar para a outra pessoa e olhasse apenas para mim, me encarando fixamente, mesmo que os outros o percebam.
- Nos meus olhos não te tinha o tempo todo, pois todo momento em que os desviava em sua direção, pulos de alegria queriam atravessar a distância e apertar seu coração. Em meus pensamentos havia apenas uma pessoa e uma letra: L.
Ao mesmo tempo, os dois escreviam o nome de cada um nos braços do outro. 11 letras completaram o enigma.
- Me diz, o que esperou de mim, quando os seus olhos se paralisaram em minha boca.
- Apenas quis que você escutasse o que eu nunca havia dito, quis que sentisse o que eu nunca senti. Eu o amo.
E. levantou-se ao som das palavras doces do seu amor, latejando na sua boca o gosto suave em tê-lo sem muito esforço.
O vermelho da sua boca, igualava-se à mistura do verde da grama e o azul do céu. Vermelho que se expressa em tom de felicidade escorrida na boca de L.
Pouco a pouco vai se evaporando as memórias de E. na minha mente. Estou o perdendo lentamente.
Ligo o rádio à pilha e consigo segura-lo mais um pouco. Eu sinto seu corpo ao tocar as músicas tristes de jazz. Eu o abraço pelas ondas sonoras. Você pode me ouvir?
Uma voz em meio o som de blues toca em meu coração: um simplesmente: - Sim
- Eu sei que não vai chorar, mas se algum dia eu desaparecer nas águas cristalinas, apenas se esforce em falar: Eu te amo. Você ainda está aí?
O silêncio da sua voz me interrompe. Eu o amo mas ele me deixa tão triste. Eu queria gritar a ele, mas ele tampa os ouvidos quando eu digo essa frase.
Eu quero cada vez mais sentir sua presença, mesmo que fere, não me importo, mas hoje já faz dois anos que o perdi. Ele se matou.
O que me resta de seu rosto está desenhado em minhas memórias. Mas seu esboço está se desfazendo no papel.
Amassando pílulas violetas, levantando-me da grama, preparo uma porção para relaxar-me a queda na qual eu me entregarei.
Fui ao alto da colina, mentalizo E. e abraço-o fortemente pela última vez. Grito o seu nome a perder de contas.
Com os músculos leves como a aurora, caminho até a beira do precipício. Vejo ao longe um mar de pedras, juntando se a outras.
Pulo, quase arrastadamente, olho para o céu escurecido e vejo a lua refletindo em uma nuvem o formato do rosto do meu amor.
Solto um sorriso à guardar seus detalhes em meus últimos segundos.
Minha cabeça desviou-se de todas as pedras, mas meu sangue se mistura ao cinza do mar rochoso.
Não sei onde estás a se esconder E. mas me espere que que te encontrarei, não sei seu motivo de partida, mas eu prometo que entenderei.