When the world gets too heavy, Put it on my back

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Senti que havia dormido por anos. Acordei quase não sentindo minhas pernas, a cabeça pesando uma tonelada e os olhos desfocados. Mas eu já estava acostumado com isso, então tinha mais resistência. Mal lembrava da noite anterior. Tinha ido com meu grupo de amigos ao bar que geralmente íamos e lá eu provavelmente apagará. Ainda bem que não havia acordado na rua como tantas vezes, agora estava no meu quarto que dividia com um amigo mais velho. Eu tinha sido expulso da casa dos meus pais após ficar bêbado algumas milhares de vezes. Depois disso eu me sustentava fazendo apostas estúpidas em jogos e no poker.

E eu só tenho 17 anos.

Não me julgue, qual é! A pressão que meus pais exerciam sobre mim enlouqueceria qualquer um. Apesar disso, continuava na escola e me esforçando para tirar notas boas. Não tente entender.

O toque do despertador era como mil agulhas perfurando meus ouvidos, mas eu apenas respirei e pensei que iria passar daqui a uns minutos. Levantei lentamente e olhei para a outra extremidade do quarto, onde Erick roncava forte e jogado na cama. Fui até o banheiro e encarei meu rosto no espelho. Minhas olheiras estavam fundas e meus lábios, roxos. Parecia que eu tinha cinqüenta anos a mais. Joguei água no rosto e já me senti melhor. Coloquei minha camiseta do Blink 182 e minha jaqueta de couro. Sai de casa sem comer nada. Tinha perdido o ônibus por pouco, então tive que andar a "pequena" distância até a escola. Caminhava tranquilamente até dobrar uma esquina e avistar um garoto saindo de uma das casas da rua. Ele era tão estranho... Tinha um jeito um tanto recluso de andar e vestia roupas nada convencionais. Carregava uma bolsa transversal enorme e segurava uma pequena maçã na mão.

Ele parecia um cara legal. Talvez lhe fazer uma pequena brincadeira fosse um bom jeito de conversar.

Apressei o passo até estar a dois metros dele. Numa pequena passada eu estava ao seu lado. Sua distração era tanta que consegui roubar a maçã de suas próprias mãos, sem dificuldade. Ultrapassei-o, despreocupadamente, dando uma grande mordida na fruta.

Fiquei esperando seu protesto, mas não houve nada. Nós continuamos a andar e o único som que ouvíamos era nossos passos despreocupados. Olhei para trás, imaginando que ele poderia ser uma daquelas mutações sem boca ou algo parecido, mas não. Ele se encontrava de cabeça baixa, sem expressão. Fiquei estático, tentando enternece aquela maldito comportamento.

- Hey... Qual é o seu nome? - Chamei sua atenção. Seu rosto se ergueu e eu fiquei mais pasmo ainda. Havia algo de único em seus olhos. Eles não eram azuis e nem verdes, mas eram realmente claros. E também não eram realmente claros, mas tinha algo de tão verdadeiro neles que pareciam ser transparentes. Tinha a testa franzida pelo Sol e um pequeno corte na maçã do rosto.

- Por que quer saber? Para dizer que roubou a maçã de Ryan Ross? - Zombou, rindo secamente.

- Ah... então sei nome é Ryan? - Sorri perversamente, ainda perdido em seu olhar.

- É. Mas não te dei permissão para me chamar de Ryan.

- Ah é? E como eu posso te chamar? - Cruzei os braços e me aproximei dele. Mal me lembrava que estava atrasado pra escola.

- Não vai me chamar de nada porque não vamos conversar - Retrucou rapidamente e saiu andando, me deixando para trás atormentado. Corri para alcançá-lo.

- Espera! Nos já estamos conversando! E... Me desculpe pela maçã... Era uma brincadeira.

- Tanto faz - Apertou o passo e mais uma vez eu estava para trás. Mas assim continuei, enraivecido.

Fomos andando e nosso caminho ainda era o mesmo. Descobri com pesar que estudávamos na mesma escola e Ryan também parecia frustado. De qualquer forma, continuamos a andar e entramos na escola. Ele desapareceu pela multidão e eu segui para minha sala. Os alunos já estavam lá, mas o professor ainda não. Spencer e Jon. Meus amigos certos, conversavam no fundo. Fui até eles.

Blink back to let me know / Ryden Onde histórias criam vida. Descubra agora