30- Interesseira!

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Dylan

Minha família e eu chegamos na cidade faz pouco tempo e fui transferido para a mesma faculdade dos meus amigos. Tivemos que ir morar na Escócia por seis meses por uma oferta de emprego para meu pai e tenho parentes lá, então, no todo, não foi ruim. Pude rever minha avó Carmelita e provar de suas receitas típicas da região, estava com saudades. Decidimos voltar, minha mãe queria estabilidade e Diana, minha irmãzinha, não conseguiu se adaptar ao sotaque escocês. Nunca perdi contato com ninguém, mas admito que tenho um pouco de medo da nova universidade, mesmo o campus sendo incrível. Sim, fiz uma pesquisa geral sobre tudo que o envolve.

Dinheiro.

Casas grandes.

Sofisticação.

Viagens.

Intercâmbios.

Presentes caros.

Cartões ilimitados.

Sempre tive as coisas da maneira fácil e questiono muito isso. Em breve, pretendo ir morar sozinho para conquistar minha própria independência. Mesmo que eu não pague meus estudos, quero aliviar um pouco e mostrar que posso e sou responsável. A papelada do meu apartamento já está praticamente pronta e ele está pronto para morar. Faz seis meses que chegamos e estou amando tudo. Saio bastante com meus amigos e faço aula com uma garota muito linda. O nome dela é Ally Rover. Quando fui para Disney, continuei falando com ela, que disse, em uma das mensagens, que também estava com saudades. Estávamos muito próximos e começamos a ficar. Felicidade transbordava em mim. Tudo bem que ela não gostava nas vezes que eu saía e as minhas melhores amigas iam junto, mas eu sempre a respondia na hora e atendia as ligações. O ciúme era bonitinho. Da última vez que estava na balada, nem cheguei a beber direito, só uns dois copos de cerveja bem pequenos. Pensei que, ao me ligar, receberia um "boa noite" com voz de sono, mas não.

Ligação on

-Ally?

-Oii, onde está? Vai demorar?

-Eu... Não sei, chegamos faz uma hora.

-Vai me trocar pelas suas amiguinhas azedas?

-O quê? Já te disse que estamos ficando, elas meio que já estão ficando com meus melhores amigos. Que barulho é esse?

-Estou em uma balada, problema? –Ally diz irritada.

-Não, mas pensei que fosse dormir mais cedo, disse que estava cansada.

-O quê? A música tá muito alta! Beijos – a ligação encerra e eu fico igual um bobo a chamando.

Pensava tanto nela que nem percebi Milena correndo para fora da balada com os saltos na mão e chorando, tentando chamar um táxi.

-Hey, calma – seguro seu braço de leve fazendo com que receba seu olhar embaçado pelas lágrimas. – O que aconteceu? Quer conversar? – parecendo tomar fôlego, ela responde.

-Eu... Quero. É meu ficante, ele disse que estava em casa, mas está na rua. Temos brigado demais recentemente. É... Não quero atrapalhar e você deve querer ir embora porque só pelo seu estado, algo nada bom está acontecendo – sorri levemente.

-Bom... Se quiser, podemos passar em algum café enquanto consolamos um ao outro, que tal? Vim de carro e não tenho uma gota de álcool no meu sangue praticamente. Para de maluquice, adoro nossas conversas e amigos servem pra toda e qualquer situação – falo e a morena parece se acalmar um pouco.

Peço o carro e chegamos rápido ao nosso destino.

-Me conta Mel. Fala tudo que se passa nessa cabecinha, você é especial demais para sofrer por homem.

-Ah, é complicado. Temos discutido constantemente, no começo, ele era um, agora, mudou completamente e eu estou tentando sempre resolver e parar assim que iniciamos uma briga por algo bobo. Mas... De uns tempos pra cá, ele tem saído praticamente todos os dias, em lugares e com pessoas diferentes. Você acha que estou sendo corna? – Ouço-a atentamente e penso no que responder.

-Olha, Acho que não estou no direito de julgar. Porém, se as atitudes mudaram completamente e não há um interesse total em algum lado, começa a ser preocupante. Já tentaram ter uma conversa séria sobre? Pelo que entendi, não é um relacionamento aberto – pondero minha posição e minha amiga me olha.

-Sim, tentamos – ela suspira. – Nunca dá certo e só há mais problemas. Saímos gritando quase. Ficamos sério apenas.

-Uau, certo. É, sair gritando, normalmente só piora – a encaro e seu rosto está banhado por lágrimas.

Boa Dylan. Parabéns. A garota não quer chorar, quer sorrir, seu idiota.

-Não, não, não – aproximo-me e a envolvo em um abraço. – Chega de choro, um homem que te machuca, não merece nenhuma recaída sua. Cadê o sorriso?!

Ela sorri. Bingo! Sou o máximo mesmo, obrigado.

-Pare com isso, seu bobo.

-Estou falando seríssimo. Te conheço a tempo suficiente para saber o que a incomoda e o que a deixa radiante. Por exemplo, sei que ama frapuccino de baunilha, porém, também sei que odeia assistir séries.

-Nossa, tem razão! Me diz, como se sente em relação a sua namorada?

-Não somos namorados, eu optei por não fazer isso, pois a partir do momento que fomos viajar e ela ficou, do nada começou a me mostrar um lado possessivo dela, isso me incomoda.

-Você a ama? – Engulo em seco. – Não precis...

-Não – Milena me olha surpresa. – Achei melhor conhece-la antes de ter sentimentos profundos.

-Entendo – pousa sua mão sobre a minha. – Deixa eu perguntar?

-Claro.

-Ally Gosta de quadrinhos, filmes de super-heróis, de ação, comédia, trocar de vez em quando uma boa balada com as amigas pra passar o dia contigo na sua casa só assistindo netflix, vai ao supermercado com você pra se empanturrarem com besteiras enquanto conversam? Vão ao japonês? Te faz carinho frequentemente? É amiga dos seus amigos?

Fico mudo. Sinceramente, parando para pensar, nunca senti falta disso tudo em nossa relação.

-Ela... Gosta de outras coisas. Não tinha percebido nada disso, mas de alguma forma, dela, não fazia questão de cobrar. Ela gosta que eu pague o jantar, a encha de presentes, de andar no meu carro...

-Interesseira! É isso! Para e pensa Dy! Confronte-a, pergunte tudo o que conversamos. Você se sente bem fazendo tudo isso?

-Na real, eu odeio. Acho que toda essa idealização que fiz dela é totalmente o oposto do que ela se mostra cada vez mais para mim. Analisando os fatos, com você, aqui e agora, percebo que todo o plano que eu tinha, não tem futuro algum. Eu vou terminar com ela.

-Terminar o que, se mal começaram?

E, mais uma vez, Milena Cansine, minha melhor amiga, desde que me conheço por gente, está certa e eu sou muito sortudo em tê-la.

-Obrigado por abrir meus olhos, coração. Te amo, minha garotinha - beijo a bochecha dela e depois percebo que a câmera estava ligada, virou uma foto.

-De nada, eu também te amo, meu brutamontes.

Into YouOnde histórias criam vida. Descubra agora