Lolla
Sou acordada com muitos beijos pelo rosto e em seguida nos lábios.
-Bom dia, baixinha! – Diz com uma voz rouca e gostosa.
-Bom dia, amor! –Respondo ao abrir os olhos.
-O que quer que eu faça de café da manhã?
-Tenho saudades das suas panquecas com chocolate!
-Seu desejo é uma ordem, senhorita Shield.
Ele desce pra cozinha e eu vou fazer minhas higienes.
Credo! Meu cabelo parece um ninho de passarinho, estou com remelas e bafinho. Blergh!
-Quer ajuda? – Sento na cadeira.
-Sei que se ajudar vai comer todo o pote de nutella.
-Sem graça.
-Comilona.
-Com suas comidas, daqui a pouco viro uma bola e sou despachada.
-Mesmo se você fosse uma bolinha, continuaria te amando.
-Awnnn, que fofo!
-Alguma notícia dos seus pais? Sabe onde estão?
-Sei sim, me mandaram mensagens ontem, estão na França. Coisas de trabalho parte mil.
-Entenda que toda escolha tem uma consequência, talvez eles sejam felizes trabalhando cada mês em um país diferente.
-Queria que fossem mais presentes, sabe. Que participassem mais. Me dessem bronca por eu ter feito algo errado, mesmo que eu não concorde. Qualquer coisa.
-Daqui alguns dias estarão em casa, relaxa. Vai passar rápido. – Coloca o prato com panquecas na minha frente e joga a nutella por cima, que logo derrete.
-Você tem que ir pra um Masterchef! Nossa, engordo com prazer comendo qualquer coisa que fizer.
-Exagerada, não sou eu que faço a cobertura, só as panquecas.
-Mesmo assim! Dão um toque final de outro mundo.
Lavamos a louça e abri as cortinas da sala, o vidro embaçou por causa do frio e fiz alguns desenhos nele.
-Lolla, quero conversar.
-Fiz algo errado?
-Não. É que estou planejando uma viagem faz algum tempo e queria que viesse comigo.
-Pra onde?
-Miami, praia, sol.
-Além da nossa casa, claro.
-Enfim, acho que seria legal. Andei recebendo mensagens do meu pai, quer que eu vá até ele para falarmos sobre Miguel.
-Ele vai junto? – Balança a cabeça em sinal de negação.
-Meu pai apenas chamou a mim. Falei com minha mãe e ela me aconselhou a não ir sozinho.
-Tudo bem, apenas preciso avisar meus pais e ver se posso deixar Cam sozinho.
-Temos bastante tempo até lá.
-Quando vamos?
-28 de dezembro, passaremos a virada de ano com a família dele.
-Certo! Por mim, topo. Estarei com você, sem pânico. Dona Carla apoia?
-Sua companhia? Ela mesma que propôs a ideia.
-Então eu vou. Tomara que ele goste de mim.
-Duvido que não goste, uma garota linda, fofa e super educada? Ele não vai gostar se for louco.
-Obrigada, eu acho.
-O que foi, amor? – Ele segura minhas mãos e me olha preocupado.
-Só, sei lá, acha mesmo que quer me apresentar a ele? Você disse que queria deixa-lo em paz e agora mudou completamente de opinião.
-Você.
-O que?
-Foi você a responsável por eu mudar assim, de repente. Todos merecemos uma segunda chance. Tudo que ele fez e disse foi errado, mas comecei a perceber arrependimento. Quer dizer, depois de todos esses anos, depois de ter se separado de mamãe e de nós por querer uma vida de luxo e se livrar das responsabilidades de pai, se negando a querer cuidar do meu irmão, finalmente pôde perceber que aqueles foram os maiores erros que um pai poderia cometer. Acho que, passados oito anos, no mínimo está começando a reconhecer, e o melhor: tomando uma atitude.
-Concordo com tudo que disse, se seu pai quer voltar a ter contato com os filhos, principalmente com Miguel, eu acho que merece uma segunda chance, mas tem que ser pra valer, demonstrando o arrependimento.
-Lolli, obrigado. Eu nem sei como te recompensar por fazer tanto por mim, por ser tão amorosa, cuidadosa, respeitosa e me entender tão bem. Depois do que fizemos ontem, eu tenho ainda mais certeza de que você é a mulher que vai ser a mãe dos meus filhos, que eu vou beijar quando acordar, a que mesmo que eu seja bobo, às vezes criança, é a que sempre segura minha mão e diz que tudo vai ficar bem e é apenas uma fase, ou o horário, que me atende de madrugada, cuida de mim quando fico doente, falta na faculdade, faz carinho e um infinito de outras coisas. A única certeza que tenho é te amar, e se você decidir me abandonar, não sei o que seria de mim. A única que escuta meus dramas, aconselha, enxuga minhas lágrimas. Você é minha bússola e eu não vejo a hora de fazer amor de novo contigo.
Meus olhos estão cheios d'água e meu sorriso chega a doer minhas bochechas. Como é possível eu amar tanto alguém? Como é possível alguém ser assim? Apenas um empurrão gerou tudo isso? Eu acho que não tem nada a ver, acho que era pra ser e estamos fazendo acontecer. Não sei o que responder, então, o abraço o mais forte que consigo, enquanto sinto um cafuné muito reconfortante em meus fios.
Eu quero responder, mas como? Josh simplesmente conseguiu me deixar completamente sem palavras. Faço tudo isso que disse por ter muito amor, carinho, paixão e necessidade de cuidar dele.
-Não precisa responder. – Limpa minhas lágrimas com as pontas dos dedos e deixa suas mãos em meu rosto. – Eu posso sentir tudo isso, tudo isso que falei, eu sinto, na balada do meu coração, você tem pulseirinha vip. Te amo menina, numa maneira que nunca amei, e sei também que nunca vou amar nenhuma outra pessoa. Por simplesmente existir uma conexão muito, muito, mas muito forte entre eu e tu.
Uma tempestade forte começou lá fora, as luzes deram alguns curtos e a energia acabou. Acendemos algumas velas e começamos a dançar. Tinha uma, em especial, que tive um sonho recentemente. Era uma vela de tamanho pequeno, em formato de coração, branca com dourado em seu interior. Com a frase: "Aqui, o amor reina, chama da paixão".
A vela que estava na casa era exatamente a mesma do sonho, com exatamente a mesma frase.
Isso é possível?
Contei a ele, que ficou com a mesma reação de surpresa.
-Eu acho que só pode ser uma coisa. – Diz e sorri me olhando nos olhos.
-O que?
-Bem- vinda ao destino. –Sussurra e meu corpo todo se arrepia.
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Into You
Teen FictionLolla Shield é uma garota que adora estudar. Porém, sempre que surge a oportunidade de ir a alguma boa balada, topa na hora. Gêmea de Cameron que, por seus pais viajarem muito, por conta do trabalho, tornou-se um pai, irmão e amigo. Brigam o tempo...