32-Virose

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Josh

Na minha opinião, uma das obras naturais mais lindas que já vi é o oceano.  Antártico, Ártico, Pacífico, Atlântico e Índico. Meu maior sonho é algum dia poder conhecer todos eles, de canto a canto, mesmo que demore, a coisa que mais temos no mundo é tempo, apenas dizemos que não o temos por desperdiça-lo demais.

Fico com medo quando Lolla fica com muitas dores do nada, porque não sei o que fazer e quero muito ajudar, fico até meio perdido, não no bom sentido .

Quero que ela veleje comigo, nos cinco oceanos, naquelas imensidões. Comigo. Só eu e ela. Sem ninguém para nos dizer o que ou como fazer.

Passei a madrugada toda em claro. Ela não melhorou, na verdade, teve várias oscilações, principalmente de temperatura. Isso me deixa bastante preocupado, não suporto que esteja fraca, não comendo, não sorrindo.

A minha teoria é de que somos iguais às marés. Uma hora, bem. Outra, mal. Assim como a lua depende do sol para aparecer, a terra é dependente da lua para as marés ocorrerem. Tudo é um ciclo, sempre e sempre vai ser.

Acordei primeiro e fui preparar um café reforçado. Subi e ela estava tremendo, de novo.

-Acho melhor irmos ao médico.

-Odeio hospitais, diferente de você.

-O ponto é que essas suas dores repentinas são tudo, menos normais.

-Okay, vamos.

Depois de tudo pronto, chegamos ao Hospital Collins.

-Senha 4421, box 6.

-Onde estão seus documentos, amor?

-Na bolsa. – Ela sai correndo pro banheiro.

Faço a ficha dela e a espero nas cadeiras.

-Tudo bem? Seu lábio está meio sem cor.

-Eu meio que coloquei tudo pra fora. Me sinto um pouco melhor.

-Certeza? Quer uma água? Um chá?

-Não precisa, só quero sentar.

Um médico aparece

-Senhora Lolla Shield?

-Eu. - Minha namorada diz e entramos na sala.

-Então, o que teremos que resolver hoje? – Doutor Arnold diz.

De novo, Lolla sai correndo pro banheiro.

-Bom, se quiser, posso falar tudo, até que ela volte.  – Ele concorda e prossigo.  – Ela tem sentido muitas dores de cabeça e no estômago faz um tempo, ontem, estávamos na minha casa, como de costume, tudo corria normal até eu perceber a testa dela quase pegando fogo de tão quente. Ela tremia de frio e só percebi depois de pegar a segunda coberta. A fiz tomar banho e vestir algo mais fresco. Isso era umas onze da noite. Mas ela acordava de uma em uma hora, vomitou umas quatro vezes e a febre não passou até agora. Dei dois tylenols, mas acho que não ajudou em nada. É isso, estou muito preocupado.

-Anotado. Você é o que dela, meu jovem?

-O namorado.

-Fez um belo trabalho, espero que seja sempre assim. Muito atencioso.

Minha loira volta e o doutor faz mais algumas perguntas a ela.

-Quero que faça alguns exames de sangue, tomografia do crânio, urina e ultrassom na área da barriga. Quando terminar tudo, voltem aqui.

-Segura minha mão, Jojo? Tenho medo de agulha.

-Claro, meu amor. –Seguro e sinto que está com medo.

A enfermeira insere e começa a colher o sangue.

-Lolla, olhe pros meus olhos, só pra eles. 

Após o sangue colhido com sucesso, vamos pra tomografia, pro ultrassom e por fim ela faz o xixi no potinho.  Feito tudo, voltamos pra sala do médico.

-De acordo com minhas suspeitas, deve ser apenas uma virose. Acredito que em uma semana passe, como se nunca tivesse existido. Vou passar alguns remédios para serem tomados em determinadas horas. Até porque, muito remédio também faz mal. Prontinho, estão liberados, boa sorte!

-Pode deixar que cuido dela.

-Tenho toda a certeza, se cuidem!

Em casa, pego um cobertor, fecho as persianas, apago a luz do quarto e vou preparar uma sopa pra Lolla. Depois de tomar os remédios prescritos da farmácia, como o esperado, capotou feito um anjo na minha cama.

Acho que em duas horas consigo cozinhar e ir ficar com ela.

Carne, legumes, macarrão de concha, temperos especiais e sal acho que são o suficiente. Checo se tenho todos os ingredientes no armário e preparo tudo em tempo recorde. Coloco um pouco no prato fundo e pego a bandeja, subo as escadas e a vejo no banheiro, lavando o rosto. Assim que percebe minha presença, vem ao meu encontro.

-Oi! Por quantas décadas dormi? Me sinto exausta.

-Oi! Não muitas, princesa, só duas horinhas. É normal que se sinta assim, ainda mais por causa dos remédios. Fiz sopa pra você, espero que goste!

-Oba! Precisava mesmo de algo quentinho. Obrigada. – Ganho um beijo.

-Vou cozinhar mais vezes, estava sentindo falta do seu beijo!

-Bobo! Te beijo todos os dias.

-Não vinte e quatro horas por segundo.

-Não mesmo, até por que, isso não existe.

-Estraga mesmo toda vez que sou fofo, vou lembrar disso.

-Eiii! Vem aqui! É brincadeira, meu trevinho.

-Trevinho?

-Com você, eu tenho sorte, igual ao trevo de quatro folhas.

-Tem como existir namorada mais fofa? Nossa, eu te amo tanto, minha bebê.

Aos poucos, a sopa vai sumindo do prato, ou seja, conquistei o estômago dela.

-Seria estranho se eu dissesse que continuo sonolenta e não estou com absolutamente nenhum reflexo aparente?

-Nem um pouco, está de acordo com os resultados padrões dos remédios. Já disse que você fica linda com minha roupa?

-Já, uma centena de vezes acho.

-De acordo com minhas contas, ainda não tinha dito hoje.

-Correto, nos outros dias foi dito. Sempre atencioso.

-Só com você minha princesa.

-Que sorte a minha, então.

-Não, que sorte a nossa.

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